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quarta-feira, 30 de maio de 2012

A rainha de Portugal



Portugal é um país de grandes tradições no que ao futebol diz respeito. O futebol foi importado para o nosso país no início do século XX. Desde aí, teve uma grande difusão por todo o território nacional, tornando-se num desporto de massas, e também o mais mediático, apelidando-se de “desporto rei”.

No decorrer da época desportiva de 1938/39, foi criada sob égide da Federação Portuguesa de Futebol a Taça de Portugal, uma competição que engloba dezenas de equipas de todo o país, num sistema de eliminatórias a uma só mão (excepto as meias-finais), o que facilita por vezes resultados surpreendentes onde equipas de maior poder são eliminadas por equipas mais fracas – surge daqui a expressão “tomba gigantes”. A Taça de Portugal, que é considerada a prova rainha do futebol português, engloba clubes de todo o território nacional, não olhando à sua valia desportiva ou financeira. Para além do protagonismo associado, os clubes aproveitam esta competição para amealhar receitas económicas importantes, o que nos dias que correm e dado o contexto actual, é de grande valia.

A sua primeira edição, foi disputada em Lisboa, no então Campo das Salésias, onde milhares de pessoas lotaram por completo aquele recinto e assistiram à vitória da Associação Académica de Coimbra por 4-3 sobre o Sport Lisboa e Benfica, que era na altura o principal clube português. Até aos dias de hoje, a Taça de Portugal adquiriu um grande prestígio, tendo no seu seio um variado número de vencedores. Entre eles, destaca-se o Benfica, com 24 conquistas, seguido pelo FC Porto (16) e Sporting (15). Na cauda do quadro de honra, estão clubes como o Estrela da Amadora, Leixões ou SC Braga, todos com uma conquista. 

Quando se fala de Taça de Portugal, obrigatoriamente se associa o Estádio Nacional do Jamor. De facto, a história da competição confunde-se com a velha aspiração do Estado Novo, palco privilegiado e imponente da esmagadora maioria das finais e que foi inaugurado a 10 de Junho de 1944. Para que a ambição do antigo ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, fosse uma realidade, foram consultados diversos arquitectos, entre os quais, Francisco Caldeira Cabral, Konrad Wiesner, Jorge Segurado ou Miguel Jacobetty Rosa, sendo este último apelidado de “pai” do Estádio Nacional, inspirando-se em grandes obras como o Estádio Olímpico de Roma e o Estádio Olímpico de Berlim. Foi edificado não só com o objectivo de promover o desporto mas também a criação de um espaço para demonstrações públicas inspiradas nos princípios políticos vigentes. A primeira final da Taça disputada no Jamor teve lugar a 30 de Junho de 1946, tendo como privilegiados o Sporting CP e o Atlético CP, com o primeiro a levar de vencida por 4-2. Desde então, apenas por cinco vezes a final não se realizou no Estádio Nacional, sendo acolhida nos estádios da Antas e de Alvalade. Nas mais de 50 grandes partidas disputadas neste estádio, que alberga actualmente cerce de 38mil espectadores sentados, reina sempre acima de tudo o desportivismo e o convívio, onde os adeptos almoçam na mata do Jamor para depois assistirem à final, onde estão presentes as maiores figuras do panorama político e desportivo português.

A final de 1969, ficou marcada pelas mensagens políticas contra o regime. Milhares de estudantes de Coimbra marcaram presença nas bancadas para assistir ao jogo da equipa que venceu a primeira edição, e durante o jogo levantaram cartazes elucidativos que marcaram a época.

Por Pedro Tomás

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