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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Erasmus é muito mais do que ir estudar para fora



Francisco Parreira Lopes, 20 anos, natural de Miranda do Corvo, entrou no curso de Comunicação Social em 2013 na Escola Superior de Educação de Coimbra. Aluno do 3º ano, está de momento em Erasmus na Itália. Sempre gostou de viajar e explorar novas cidades. Vamos então conhecer um pouco desta sua experiência.

 

Quando tomas-te a decisão de que querias fazer Erasmus? 
Sempre quis fazer Erasmus, desde os tempos do secundário que me lembro que era uma experiência que queria viver e que queria realizar. Vi alguém falar sobre isso, informei-me e rendi-me. Com a entrada na universidade e tendo essa oportunidade cada vez mais próxima, nem pensei duas vezes e candidatei-me. E agora aqui estou em Itália.

Quais eram as tuas expectativas? Estão a ser cumpridas?
As expectativas eram e continuam a ser as maiores. E sem dúvida que estão a ser cumpridas. O sonho de nos realizarmos a nós próprios, de nos concretizarmos, de crescermos em vários níveis, sem dúvida que isso acontece. Eu nunca tinha saído de minha casa, vivo perto da ESEC, não fora necessário sair, sempre estive habituado a ter os “miminhos” todos da família, pouco cozinhava, em casa desenrascava-me no essencial e ajudava um pouco nas tarefas, mas nada de especial. Agora sinto-me capaz de fazer muito mais coisas sem dúvida. Sinto-me orgulhoso de mim mesmo. A nível de aprendizagem na universidade está a ser mais complicado do que o que julgava, devido ao curso de italiano ainda não ter começado e as aulas serem todas em italiano, mas vou poder fazer os exames em inglês, o que facilita, e estou a aprender bastante e tenho disciplinas bastante interessantes.

De momento estás a fazer Erasmus em Itália, foi sempre esse o destino que tinhas em mente?
Na realidade não. Tive fases. Durante muito tempo sempre quis Barcelona. Depois pensei melhor e gostava de ir para a Polónia, mas rapidamente passou essa fase. Depois vi um protocolo com uma cidade holandesa fantástica, mas sem dúvida que Itália esteve sempre em mente e ao fim ao cabo, porque era um país que adorava conhecer e olha, apaixonei-me por tudo o que podia viver e conhecer aqui, não pensei duas vezes se Campobasso (cidade onde estou a fazer o Erasmus) era uma cidade pequena e no meio da província, e acho que foi a melhor decisão sem dúvida. Tem o seu encanto, e é uma cidade acessível dentro do panorama italiano, que tem um custo de vida bastante caro. 

Qual foi a maior dificuldade que sentiste quando chegas-te a Itália?
 As pessoas não falarem inglês. Foi isso que senti como maior dificuldade sem dúvida. Porque aqui a grande maioria só fala italiano. No dia que cheguei ao aeroporto, em Roma, perguntei algumas coisas, pois nunca havia lá estado, em inglês, e ninguém me respondia em inglês ou não percebiam sequer. Eu, como ainda não sabia nada de italiano, foi um pouco complicado, pois só compreendia mesmo o básico. Também por exemplo aqui em Campobasso nos supermercados quando me dirigia para perguntar algo ou não me entendiam ou falavam muito rápido e eu não entendia. Mas até teve momentos engraçados.

As aulas são todas lecionadas em Italiano? Como lidas com isso?
Pois isso é que já é um pouco mais complicado. Os professores não reparam que falam muito rápido para quem chegou há um mês e meio e ainda está à espera do curso de italiano, é difícil. Tenho que esperar pelos materiais em inglês, e esperar aqui em Itália é o verbo predileto, e vou tentar fazer o que possa para poder fazer os exames finais todos em inglês. Mas na realidade nas aulas há uma grande maioria do tempo que passo a falar por mensagens com amigos ou a inteirar-me das novidades em Portugal, porque há imensas partes que não conseguimos entender, visto que ainda não entendemos a língua na totalidade e, porque alguns professores não utilizam suporte digital ou de quadro, apenas debitam a matéria a falar. As aulas que tenho são todas muito teóricas.

O que estás a achar do povo italiano? Fizeste amizades? Convives com gente de outras nacionalidades?
O povo italiano é realmente como se costuma dizer “cinco estrelas.” Já vinha com boa impressão deles para aqui e sem dúvida que se confirma. São muito simpáticos, mesmo não falando inglês tentam ao máximo ajudar-nos, são muito próximos e muito amáveis.
Já fiz algumas amizades com italianos, poucas ainda, porque a maioria do tempo passo com os outros estudantes Erasmus, que são na sua maioria de Espanha. Eu vivo com um belga e com um alemão, falamos sempre em inglês. E há também mais um casal português, do qual somos bastante amigos e muito próximos pois são nossos conterrâneos e para nós também é importante, sentimo-nos mais em casa a bem dizer. Para além disso temos aqui um grande amigo italiano, é como o nosso “Papá Erasmus” como lhe chamamos carinhosamente, e também a sua mulher, que é cubana, é muito simpática e nossa amiga.

Penso que a troca de cultura é sempre importante. Já aprendeste algo com os italianos?
Vou aprendendo aos poucos. Os horários deles são muito diferentes dos horários portugueses. Aqui a vida começa bastante cedo, de madrugada, e deitam-se muito mais cedo que nós também. Há tarde fazem sempre uma pausa das 14h às 16h, por exemplo, e fica tudo fechado. Nos primeiros dias íamos sair à rua e não sabíamos disso e sempre que necessitávamos de algo que estivesse fechado tínhamos de esperar. Depois aprende-se a cozinhar e a comer muita “pasta”, massas de todos os feitios, e come-se muito boa piza aqui. Já provámos também uma bebida típica italiana muito boa: “limoncello”.

Achas que esta aventura te vai dar mais experiência, não só como estudante, mas como ser humano, no mundo do trabalho?
Sem dúvida. A nível do “desenrasque”, do “salve-se quem puder”, em algumas situações. Para mim que saí pela primeira vez de casa é o desamparo total digamos. Sem a ajuda dos pais ou avós, e mesmo a nível de documentação do Erasmus tive que me desenrascar imenso sozinho, e guiar-me muito sozinho, porque a ESEC e o GRI não nos deram o apoio que deviam na minha opinião. O que contribui para me fortalecer e superar a mim próprio.

O semestre já vai a meio, cada vez mais perto do fim da tua mobilidade, o que sentes em relação a isso?
Termino a minha mobilidade no final de fevereiro. Espero não deixar nenhuma unidade curricular por fazer, quero conseguir terminar tudo, em inglês espero, e depois esforçar-me ao máximo para tentar ir estagiar o mais rápido possível, no fim da mobilidade.
Por um lado, é o desejo de querer que passe o mais rápido possível, porque as saudades apertam e eu não sou bom a lidar com isso. Mas por outro lado, dá-me aso a querer experimentar futuramente novas mobilidades, novas experiências no estrangeiro futuramente. Dá-me experiência nesse campo. E também quero que, por outro lado, passe devagar para poder conhecer ao máximo Itália, que é um país encantador e que tem imensas cidades que quero conhecer e por onde viajar.

Recomendas esta experiência de Erasmus?
Sem dúvida que sim. Custa muito estar longe dos nossos, não é de todo fácil, mas é um enriquecimento a nível cultural, como pessoa, de aprendizagem, cresce-se muito, vive-se imenso e muito intensamente, são experiências únicas, por muitas coisas menos boas que aconteçam, por muitas “rasteiras” que apanhemos, mas isso torna-nos mais fortes.
E o privilégio de poder estudar noutro país, aprender outra língua, outros costumes, conhecer e viajar, são fatores importantíssimos e com os quais só ficamos a ganhar.

Daniela Rocha 
Grupo 10


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