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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Teatro: um sonho tornado realidade

Maria Inês Teixeira, 21 anos, natural de Santa Maria da Feira. Está a tirar a licenciatura na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo na variante de teatro-interpretação. Desde nova que está ligada às artes e, foi a partir do 10º ano que decidiu investir na área do teatro. Nesta entrevista, fala sobre a sua relação com o teatro e as suas experiências. 

Quando começou a tua paixão pelo teatro?                        

Acho que não diria tanto a paixão pelo teatro mas paixão por representar. Acho que foi quando vi o Senhor dos Anéis pela primeira vez, quando vi o “behind the scenes”. E toda aquela magia e comunidade apaixonou-me imenso. Então eu disse para mim mesma que tinha que seguir teatro para poder estar ali. Mas também tive sempre comigo a acompanhar a dança, o teatro e a música desde pequena portanto também pode ser por aí.

Quando decidiste que querias estudar teatro?

Foi quando fiz o 10º ano em ciências. Eu estava lá e apercebi-me de que não era aquilo que queria e deu-me aquela súbita realização “espera aí eu posso seguir teatro como futuro, como vida” e ainda bem que tive essa realização nessa altura, porque se não tinha que voltar muitos mais anos atrás do que voltei.


No 10º ano foste estudar para o Conservatório de Música da Jobra no curso de teatro. Como foram esses 3 anos?
       
Foram bons. Deu para recolher muita informação que para mim servia. Deu para ter conhecimento do que era o teatro, do que era uma peça de teatro porque é muito diferente de cinema. E isso ajudou-me a perceber o que é que eu queria.

Maria Inês a representar 
Todos os anos que andaste na academia de dança ALL ABOUT DANCE de alguma forma contribuíram para o teu desenvolvimento no teatro?

Contribuíram claro, principalmente a nível físico, a nível corporal. Foram muitos anos no AAD a fazer dança desde contemporâneo, a hip-hop, a jazz e tudo isso de alguma forma fez com que eu tivesse uma perceção do meu corpo que eu depois pude usar para teatro, por isso ajudou imenso.

Neste momento estás a tirar a licenciatura em teatro na ESMAE, na variante de teatro-interpretação. Como está a ser estudar teatro a nível do ensino superior?

É muito diferente, ou seja, dão-te um quadro de ferramentas e tu sabes que tens aquelas ferramentas todas e, sabes que se quiseres podes usar uma ferramenta ou focar-te só noutras. E abrange muitas mais áreas do que aquelas que eu pensava. Estamos a dar formação musical, por exemplo, e as pessoas dizem “formação musical, para que é que isso te interessa para teatro?” A verdade é que interessa de alguma forma, porque se estás a fazer teatro e numa produção alguém te pede para tu leres uma música e, se tu não souberes ler as partituras é menos um ponto a teu favor.

Recentemente foste fazer Erasmus na Inglaterra (Newcastle). Como foi essa experiência?

Aquela ideia que as pessoas tem que lá fora é que é bom, lá fora é que é mesmo a sério estão muito enganadas. Para ensino superior achei que estava muito básico. O horário deles é muito bom porque tens tempo para ti e tens tempo para a universidade.

Enquanto estudaste na Jobra, participaste numa peça de teatro musical. Como foi a experiência de cantares, representares e dançares ao mesmo tempo?

Foi bom, eu parecia um piolho. Porque eu apesar de estar na parte de teatro nesse espetáculo também tinha de dançar e, às vezes, não podia fazer certos números de dança porque eu tinha que fazer números de teatro a seguir. E eu mentalizei-me que conseguia fazer tudo e fiz. Era uma ansiedade e um nervosismo bom, uma adrenalina boa. E é isso que eu gosto e não me importo de fazer para o resto da vida.

Desde 2013 que participas na viagem medieval em Santa Maria da Feira na área da representação. Como surgiu essa ideia?

Maria Inês na Viagem Medieval
Foi um amigo meu, o Diogo que me mandou pelo facebook um casting de voluntários para a viagem medieval. E ele disse para nós irmos e eu aceitei, mas depois ele não apareceu. Eu fui lá e fiquei a falar com os que estavam a tratar do casting. Depois começaram por dividir as mulheres e os homens para fazerem castings diferentes. Os homens iam para a parte das espadas e das lutas medievais e as mulheres iam fazer mais a vivência. E eu olhei e pensei para mim mesma: “não, calma aí. Isto começou pelo Senhor dos Anéis e estou assim nesta oportunidade, pertinho de pegar numa espada, então não vou estar a desperdiçar”. Então fui lá chateá-los e disse que era para o meu currículo e, por acaso, eles foram simpáticos e aceitaram-me e deixaram-me fazer as duas partes. Tanto a parte feminina como a masculina.

Como foi seres a única mulher no meio de tantos homens a representares/combateres em lutas medievais?

Foi divertido. No início foi complicado interagir, não por causa de serem homens. É como ires para uma escola nova e não conheces ninguém. Porque no início olhamos uns para os outros e olhamos com estereótipos, “ ai, ela está lá só para mostrar”. Foi bom termos uma mente aberta e começamos a ficar amigos. Hoje tenho um grupo de amigos que fiz na viagem medieval e fiquei muito ligada a eles. Foi bom, foi uma experiência diferente e foi uma coisa que se eu conseguir não quero largar. Foi um sonho tornado realidade.
Maria Inês e colegas na Viagem Medieval

Vês em Portugal um futuro para fazeres teatro?

Eu sou otimista e digo que sim. Não vai ser fácil. Vês mais rápido as pessoas darem crédito ao futebol do que ao teatro. Vês notícias sobre teatro quando é o Dia Mundial do Teatro ou quando é a Páscoa porque está a uma peça num sítio porque está relacionado com a época. Mas se o teatro fosse mais valorizado, pela política e pelas pessoas, talvez as coisas mudassem um bocadinho.

Que peça de teatro viste e que um dia gostarias de estar em cima do palco a representá-la?

Foi no Coliseu do Porto e foi o “slava snow show”. É um espetáculo de clowns e é realizado por um russo. E aquilo foi tão clown, tão mágico e eu estava ali sentada a olhar para eles e só me apetecia levantar e ir para cima do palco, e fazer o que eles estavam a fazer. Deu-me muita vontade de estar lá.


Trabalho realizado por:
Ana Carolina Pereira

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