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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Reality Show: realidade ou ficção?

       Quem não conhece e quem nunca viu um reality show que se manifeste!! Pois é, atrevo-me a dizer que ninguém se manifestou e porquê? Porque os reality shows já entraram na casa e na vida de cada um de nós.
       Toda a gente já viu ou ouviu falar do “Big Brother”, “Ídolos”, “Operação Triunfo”, “Casa dos Segredos”… Apesar de serem todos reality shows, são programas distintos, uma vez que uns são educativos e outros nem para lá caminham. Pois bem, centremo-nos nos programas televisivos, baseados na vida real, que se limitam apenas a transformar a vida privada das pessoas em puro entretenimento. Falo naturalmente de programas como o “Big Brother” e a “Casa dos Segredos”.
       Há muito que falar sobre este tipo de programas… Questiono-me, primeiramente, se são reais ou fictícios. Chego a uma conclusão: por um lado são reais, porque os concorrentes são verdadeiros, mas por outro lado são fictícios, porque esses mesmos concorrentes vão viver, durante um período de tempo, uma vida que não é a deles. Vão estar numa casa, fechados, num contexto completamente encenado e vão ser controlados por uma “voz” que ninguém sabe a quem pertence.
       Quais são os objectivos? Audiências e dinheiro, claro. O que é certo é que, pelo menos para a entidade emissora (TVI no caso do “Big Brother” e da “Casa dos Segredos”), o objectivo é cumprido. No dia em que a “Casa dos Segredos” entrou no ar, a TVI foi líder de audiências. O dinheiro é o que todos os concorrentes ambicionam. Mas existem sempre aqueles que querem participar com a esperança de que o programa lhes traga projecção profissional. Também não nos podemos esquecer daqueles que participam com o intuito de ficarem famosos ou socialmente conhecidos.
       É certo que reality shows como o “Big Brother” e a “Casa dos Segredos” são pouco educativos e os motivos são óbvios. Estes programas, normalmente, são marcados pelo sexo, violência, polémica e “atropelos” ao português. A primeira edição do “Big Brother” é um exemplo perfeito de um programa não apropriado para aparecer na televisão. O concorrente Marco deu muito que falar e não foi pelas melhores razões. Todo o país assistiu, em directo, à primeira relação sexual entre Marta e Marco. Pior ainda, todo o país viu o pontapé que Marco deu a Sónia. Realmente, é muito educativo mostrar cenas de sexo e de violência. Outra coisa impressionante é que todos os concorrentes falam brilhantemente a língua portuguesa. É um orgulho para nós, portugueses, ouvi-los falar tão bem a nossa língua materna.
       Outro aspecto que não posso deixar de salientar é a construção da própria casa. Não será contraditório falar de crise e da necessidade de apertar o cinto quando as próprias empresas desperdiçam dinheiro em casas luxuosas e os concorrentes deixam de trabalhar para poderem participar no programa? Isto é o oposto da realidade portuguesa. Analisemos a tão famosa “Casa dos Segredos”: é uma casa que apenas vai estar construída durante uns meses, tem 900 metros quadrados, sendo que 300 pertencem ao jardim e tem uma piscina com água aquecida. Pobreza? Pelos vistos, isso não existe no nosso país ou, pelo menos, não existe na TVI (que até faz contratos milionários)!!!
       Mas falando do próprio formato do programa é inevitável referir os tão polémicos banhos colectivos com uma parede transparente para a sala. Realmente, os concorrentes não comem, não dormem e nem vão à casa de banho sem que o país inteiro os veja.
       Se não vir algum desses momentos imperdíveis, basta aceder à internet ou então ao canal 10 da MEO. Pois é… a “Casa dos Segredos” tem um canal na MEO reservado só para ela. Todos podem acompanhar, 24 horas por dia, a casa mais vigiada do país e, se não gostar da perspectiva daquela câmara, pode sempre escolher outra ou até ver as quatro câmaras em simultâneo. O que as novas tecnologias não fazem…
       As informações de cada concorrente, as missões, as notícias mais recentes, as galas também estão disponíveis neste canal. Tudo se pode ver e tudo se pode saber apenas com um clique ou com acesso a um telecomando.
       Além da televisão, a “Casa dos Segredos” também faz furor noutros meios de comunicação social. Os concorrentes, as suas histórias, os seus segredos são primeiras páginas de muitas revistas. Estes, enquanto o seu protagonismo não se esgotar, estão também no centro da conversa pública. Pessoas, que antes da entrada no programa eram totalmente desconhecidas, começam a ser assunto de conversas nos cafés, nos trabalhos, nas escolas e até no seio da família.
       Este é o poder de todos os reality shows que, apesar da enorme exposição mediática e pública, recebe muita adesão, tanto por parte de possíveis candidatos, como por parte dos telespectadores. Realmente, o povo português adere sempre com bastante agrado a tudo o que seja “novidade” e a tudo o que seja polémico.
       Mas afinal para que servem os realtiy shows “não educativos”? Se não trazem nenhum benefício ao país nem aos telespectadores ou leitores (apenas causam dependência), porquê insistir nestes programas? E depois a sociedade ainda critica os meios de comunicação social e dizem que a programação ou os artigos não são nada úteis. Pois… isso até pode ser bem verdade, mas esses tais meios de comunicação social só transmitem ou escrevem aquilo que as massas gostam. Portanto, de quem é a culpa?


 
Ana Cristina Teixeira, grupo 4

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