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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Mas que "Ganda Cena"

Miguel Gomes
Miguel Gomes, algarvio de 17 anos, é estudante do 12º ano do curso Ciêntifico-Humanístico de Línguas e Humanidades da Escola Secundária de Vila Real de Santo António. Com apenas 14 anos este “jovem sotaventista” assume a presidência na Associação Juvenil  “Ganda Cena” que tem como objectivo despertar nos jovens o gosto pelo associativismo juvenil, voluntariado e participação cívica.  Miguel Gomes preocupa-se com o bem-estar dos jovens e enquanto presidente procura “marcar a diferença” e mostrar que os jovens poderão contribuir para o desenvolvimento do concelho de Vila Real de Santo António.


Andreia Roberto: Antes de mais quem teve a ideia de formar a associação “Ganda Cena” e de onde surgiu essa mesma ideia?

Miguel Gomes: Vila Real de Santo António teve uma "explosão" no âmbito do voluntariado, principalmente, no domínio das actividades desportivas e quem tem participado é a população mais jovem do concelho com idades compreendidas entre os 12 e os 25 anos. Eu, em particular, juntamente com um grupo de amigos meus achámos importante, nós jovens, sermos o motor de desenvolvimento do concelho, a nível do voluntariado e daí a ideia do associativismo que está ligado com a participação cívica e portanto daí também a "Ganda Cena".
AR: Inicialmente a associação constituíu-se por quantos membros? Actualmente tem vindo a crescer o número de associados?
MG: Nós fomos obrigados a constituir a associação com o mínimo de 20 pessoas e foram essas mesmas 20 pessoas que foram à conservatória de Faro para constituir a associação. Hoje tem tido um desenvolvimento lento mas sustentável.
AR: Actualmente quantos associados existem na associação e quais os seus direitos e deveres enquanto sócios?
MG: 60. Os deveres é pagar o que é pedido a tempo e horas, como as quotas que são 5 euros da inscrição e 1 euro mensal. Óbvio que têm mais direitos como participar e ter benefícios de descontos em actividades e claro que são prioritários nas participações. São chamados primeiramente para as actividades de maior lazer como a participação da Feira da Juventude em Lisboa e do Encontro Nacional da Juventude em Braga. Podem e devem participar. Logo têm o dever e direito de participar.
AR: Quais os principais objectivos da associação "Ganda Cena" e o que pretende fomentar?
MG: A associação é principalmente uma associação multicultural e visto que existe muito pouca iniciativa jovem no concelho, esta associação é composta por vários núcleos, como arte, dança, teatro, música, onde os jovens participam mais activamente no desenvolvimento do concelho. E é esse o espírito que pretendemos fomentar, o espírito da participação cívica, de querer dar mais ao concelho, à região e ao país.
AR: Quais os projectos que organizaram e conseguiram levar avante? 
MG: Com mais de dois anos de actividade, esta associação pode orgulhar-se de ter trabalhado em diversas áreas, nomeadamante na do teatro, da música, da dança, das experiências nacionais e das experiências europeias.Destaco algumas actividades ao longo destes anos: As galas de aniversário - um marco de um início de tradição; as peças de teatro - parte da génese deste movimento; o intercâmbio “The Art of Being a European Citizen”- que juntou nesta cidade mais de 36 jovens de 6 países da Europa e a Semana dos Avós – um marco da "intergeracionalidade" patente neste projecto.
AR: De que modo é que os jovens têm aderido a este tipo de iniciativas?
MG: Os jovens são um pouco passivos. Para além das actividades desportivas ainda não há uma grande explosão ao nível da participação cívica, porque  actualmente os pais não os educam para isso, o que é um grande erro, não só em VRSA, como também no resto do país. Mas, de forma geral, têm aderido minimamente aos desafios que esta associação coloca.
AR: A associação, sendo uma associação sem fins lucrativos, pretende construir  junto dos jovens um espaço para que estes aproveitem todas as iniciativas que esta promove? 
MG: É esse o principal objectivo desta associação. É beneficiar VRSA de uma instituição que possa oferecer oportunidades de novas vivências e experiências que sendo uma associação juvenil é sempre uma oportunidade de educação não formal como temos vindo a defender e já defendemos em Braga no Encontro Nacional da Juventude.
AR: Qual o vosso lema e de que maneira o difundem junto das pessoas?
MG: Marcar a diferença. Para já participar é marcar a diferença. Em VRSA somos a única associação juvenil e na zona do Baixo Guadiana e nós queremos marcar a diferença. Não podemos dizer que os jovens não participam e há associações juvenis por todo o país. Em VRSA faltava uma associação que dissesse : "Não basta!  Vamos marcar a diferença, vamos participar, vamos apoiar o desenvolvimento do nosso concelho!"
AR: Quais as expectativas futuras na associação?
MG: Para já mantê-la  firme como tem estado, com a maior esperança, porque enquanto há vida há esperança e, em primeiro lugar, que os jovens continuem a aderir, em segundo que os organismos estatais apoiem as iniciativas e, por último, que em VRSA continuem a ser apoiadas as iniciativas jovens e a camada jovem do município
AR: O Miguel é estudante do ensino secundário , consegue conciliar facilmente o seu estatuto na associação com as aulas? Acha que esta participação na associação o poderá encaminhar mais facilmente para o mercado de trabalho?
MG: Tenho 3 anos de associativismo juvenil e garanto que hoje o Estado não consegue beneficiar claramente aqueles poucos que dão do seu tempo, esforço e dedicação àquilo que devia ser sua competência, como apoiar ideias de jovens, projectos de jovens, mobilidade de jovens. E sim, acho que me irá ajudar no futuro. Eu acho que sim e tiro as conclusões do Encontro Nacional da Juventude de Braga de 2009. Fiz parte da comissão do associativismo juvenil e construímos aquilo que foi basicamente um projecto de recomendação para o Conselho Nacional da Juventude propor nas instituições devidas e tocámos principalmente na temática da educação não formal. O associativismo é uma escola, não formal mas é. Através desta “escola” posso dizer hoje que tenho noções de direito, de economia, de gestão de pessoas colectivas, de contabilidade, etc.
AR: Tem participado noutras iniciativas de voluntariado?
MG: Já participei nos Jogos Olímpicos da Lusofonia na comissão de protocolo e também participo na politica partidária. Mas sublinho e destaco que o voluntariado é a maior forma, a forma mais massiva e a forma mais interventiva de participarmos activamente por um país melhor. Ao contrário do que muitas pessoas e muitos políticos apregoam, o voluntariado também é politica. Para já politica é fazer algo para o desenvolvimento de alguma coisa e o voluntariado faz isso, nem que seja para o desenvolvimento de um evento.
AR: Miguel, para concluir, que palavras de incentivo pretende deixar aos jovens para aderirem ao associativismo juvenil?
MG: Hoje estive eu à frente desta associação, dei muito e muito recebi desta associação e deste movimento. Por isso, por toda a experiência e vivências que adquiri espero que outros jovens o façam, que outros jovens adquiram tantas ou mais experiências que as que eu adquirir aqui e gozei.




Grupo 1 
Andreia Roberto

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