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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Reportagens

Violência Virtual

 Já lá vai o tempo em que os videojogos eram vistos simplesmente como um inofensivo passatempo para crianças. Há 20 anos atrás  a maioria dos estudos concluíam que os jogos de video traziam benificios para a formação dos jovens, na medida em que melhoravam as suas capacidades cognitivas, e desenvolviam a parte do cérebro responsável pelo processamento de informação. Mas os  videojogos já não são o que eram e actualmente o panorama é bem diferente.  

Com os avanços tecnologicos, os jogos foram-se tornando cada vez mais realistas e, quase inevitavelmente, mais violentos. Embora estes produtos sejam classificados, muitas vezes, para maiores de 16 ou 18 anos, é sabido que não existe grande controlo pela parte dos vendedores, e através da internet, qualquer criança “saca” um jogo com apenas alguns “cliques”, sem necessidade de dinheiro ou da aprovação dos pais. Os videojogos são vistos agora como uma das principais causas de comportamentos anti-sociais, falta de rendimento escolar, obesidade e agressividade nos jovens. Algumas companhias de jogos são acusadas de induzir a violência através dos seus produtos, chegando mesmo a ser processadas no seguimento de crimes violentos que são, alegadamente, recriações das experiências provenientes dos jogos de video.

A “Rockstar games” é a criadora de videojogos como “Grand Theft Auto” que é um dos jogos mais polémicos da actualidade. Os objectivos do jogo passam por traficar droga, roubar carros, atropelar velhinhas nas passadeiras, praticar sexo com prostitutas e matar pessoas das maneiras mais criativas e bizarras. Outro exemplo de um jogo desta mesma companhia é o “Manhunt” em que o jogador encarna o papel de um psicopata que percorre as ruas assassinando sorrateiramente as pessoas, recorrendo a armas como facas, tacos de baseball, pedaços de vidro e até mesmo cordas e sacos de plastico para estrangular ou sufocar os inimigos.

Estudos actuais revelam que a exposição prolongada a este tipo de violência pode realmente fomentar pensamentos e atitudes agressivas e comportamentos violentos, sobretudo nas crianças e adolescentes. Segundo estes estudos, exibir este tipo de violência sem consequências pode passar  a mensagem de que a violência é uma forma válida e eficaz de resolver os problemas e conflitos na vida real.

A industria dos videojogos está cada vez mais próxima do mundo do cinema, e a violência a que assistimos hoje nos jogos, na verdade, não acrescenta muito ao que já vemos nos cinemas e nas televisões ha várias decadas. Sejam crianças ou mesmo adultos, sempre houve pessoas mais susceptiveis e influenciáveis, tanto pelo cinema como pelos videojogos.

A grande maioria dos jogadores, em média com idades iguais ou superiores aos 18 anos não concordam com estes argumentos. Encaram os jogos única e exclusivamente como um meio de entretenimento, uma maneira de matar tempo e de fugir à realidade podendo fazer coisas que nao podem fazer na vida real. Para estes, a ideia de imitar a violência praticada nos videojogos é absurda, mas admitem no entanto que muitos jogos são demasiado violentos para serem jogados por crianças.

O público alvo dos videojogos são cada vez mais os adultos, como tal há que filtrar os conteúdos e condicionar o acesso aos mesmos respeitando sempre a classificação etária dos produtos. Cada vez mais é necessario um controle, uma supervisão regular de forma a  evitar que a criança passe os seus dias em frente a um ecrã a absorver compulsivamente conteúdos violentos e impróprios para a idade.

As tradicionais brincadeiras de criança estão a ser substituidas aos poucos com o mundo da informática e dos videojogos. O papel dos pais é preponderante, através de regras e imposição de limites no  tempo que os filhos gastam com os jogos, adquirindo preferencialmente videojogos de carácter educativo e estimulando práticas mais saudáveis, como o exercício físico e a convivência com outras crianças. 

Na sua fase de formação e desenvolvimento de personalidade, uma criança não pode, ou não deveria, aprender as suas lições de vida e valores morais através da cultura da violência. Uma educação sólida é fundamental para obter noções básicas do bem e do mal e saber fazer uma distinção clara entre o mundo real e o virtual.

Há de facto pessoas com uma predisposição para ter comportamentos agressivos que podem ser desencadeados pelos jogos, mas se não for pelos jogos é pelos filmes, pela musica ou pela internet. É fácil apontar o dedo, mas nada nos garante no entanto que essas pessoas não se tornem violentas por si próprias e que os videojogos não sejam apenas o mais recente bode expiatório para a falta de acompanhamento dos pais para problemas que sempre existiram na sociedade.


Pedro Baptista Gomes







Dar sangue/salvar vidas

 “Doação de sangue é o processo pelo qual um doador voluntário tem o seu sangue colectado para armazenamento num banco de sangue ou para um uso subsequente numa transfusão de sangue. Trata-se de um processo de fundamental importância para o funcionamento de um hospital ou centro de saúde.”
Hoje em dias milhares de pessoas esperam por um tipo de sangue correspondente ao seu. Muitas delas, dependem disso para sobreviver. E o que custa dar um pouco do que temos e podemos dividir?

Complicações que podem eventualmente aparecer:

Todos nós temos as nossas dúvidas sobre doar sangue mas também achamos heróico o acto de salvar vidas. Doar sangue é um procedimento simples, rápido, sigiloso e seguro. Para o doador em geral não há riscos, porém algumas complicações podem eventualmente aparecer:
Queda de pressão e tonturas; Hematoma no local da picada; Náusea e vómito; Dor local e dificuldade na movimentação do braço e desmaios.

Condições para doar sangue:

Em Portugal, qualquer pessoa pode doar sangue, desde que sejam observadas algumas condições, a fim de garantir a segurança e a qualidade do procedimento:
- Ter entre 18 e 65 anos
- Ter o peso acima de 50 kg
- Se homem, não pode ter doado há menos de 60 dias
- Se mulher, não pode ter doado há menos de 90 dias
- Ter passado pelo menos três meses de parto ou aborto
- Não estar grávida
- Não estar a amamentar
- Estar alimentado e com intervalo mínimo de duas horas do almoço
- Ter dormido pelo menos seis horas das 24h que antecedem a doação
- Não ter feito tatuagem, piercing ou acupunctura há menos de um ano
- Não ter recebido transfusão de sangue ou hemoderivados a menos de um ano
- Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 24 horas que antecedem a doação
- Não ser usuário de drogas injectáveis
- Não ser portador de doenças infecto-contagiosas como sífilis, doença de chagas e HIV (I ou II)


O sangue doado não irá fazer falta?
Não. Num adulto normal existem entre 5 e 6 litros de sangue. Uma pessoa saudável pode doar sangue regularmente sem que esse facto prejudique a sua saúde. No decorrer da dádiva ser-lhe-ão colhidos cerca de 450ml de sangue, o que corresponde a menos de 10% do volume total de sangue no organismo.

Todos os tipos de sangue são necessários:

Todos os tipos de sangue são necessários, mesmo os mais comuns. Basta-nos pensar que até um de nós pode precisar.

Qualquer pessoa pode dar sangue várias vezes por ano:

Qualquer pessoa pode repetir a dádiva sem qualquer inconveniente para a sua saúde e bem-estar. Qualquer pessoa pode dar sangue várias vezes por ano (os homens de 3 em 3 meses e as mulheres de 4 em 4 meses). Esta informação tem uma base científica segura e recolhe uma vasta experiência de muitos anos, embarcando milhões de dádivas de todas as partes do mundo.

Doar sangue demora cerca de 30 minutos:

Todo o percurso da dádiva iniciando-se na inscrição, passando pela triagem clínica, colheita e terminando na refeição, demora cerca de 30 minutos. Se por um instante pensar no bem que faz com a sua dádiva de sangue, rapidamente concluirá que a falta de tempo não é uma boa razão.

Todos os cidadãos têm acesso a sangue do seu tipo, caso precisem:

Independentemente das condições económicas e sociais em que cada um de nós se encontre e da instituição de saúde onde possivelmente nos poderemos encontrar hospitalizados, todos nós temos acesso à utilização terapêutica do sangue dos seus componentes e derivados. No entanto, cabe aos cidadãos, o dever social de contribuírem para as necessidades colectivas em sangue. Para que todo funcione bem e sem riscos, o sangue deve estar à espera do doente e não o contrario.

Todo sangue é aceitável?
Uma amostra do seu sangue será analisada. Se for detectada alguma alteração ser-lhe-á dado conhecimento e informação sobre as medidas a tomar.


Na maioria dos casos, as pessoas só doam sangue “porque alguém pede”, “porque alguém precisa”. Porquê, se a falta de sangue nos bancos de sangue pode signifcar a perda de uma vida numa emergência medica?
É um acto de cidadania. Os males não acontecem só aos outros.


Ana Rute Monteiro




Claque Mancha Negra preparou ao pormenor jogo com o Portimonense

A festa do minuto 18 e 45 que começou em Coimbra

A preparação do jogo com o Portimonense, fora, começou uns dias antes. A Mancha Negra provou que, embora não sendo uma claque organizada e profissional, leva tudo muito a sério.

André Gonçalves

Ao minuto 18, a claque da Académica explode de alegria, com um golo de Miguel Fidalgo, elevando para cinco golos marcados na presente época. Num jogo em que a Académica na primeira parte dominou por completo, levando o jogo para o intervalo 0-2, a Mancha Negra entoou cânticos preparados para o jogo.
Uma semana antes do jogo, já a claque Mancha Negra preparava o jogo com a equipa do Portimonense. Um encontro com ingredientes interessantes, para além da Académica estar a praticar um futebol atractivo, está colocada no cimo da classificação geral, sendo considerada por muitos uma das “sensações” da época.
Com a partida de Coimbra, prevista para as 15H00 de Sábado, dia 6 de Novembro, a Mancha Negra começou a ganhar o seu espaço, com o ruído que fazia junto dos autocarros que levariam a claque oficial da Académica. Todos, sem excepção, estavam – como sempre – devidamente equipados com as cores do clube. O preto esteve, por isso, a dominar toda a viagem.
Segundo, alguns elementos da claque da Briosa, o jogo com o Portimonense era “para ganhar, pois quem manda, indenpendentemente do estádio é a Académica”. A provar isso mesmo estiveram os vários autocarros que se foram enchendo ao longo da semana. Ninguém quis perder o grande espectáculo que a Académica está a proporcionar esta época.
A viagem até ao Sul do pais, desta feita a Portimão, foi também uma forma dos adeptos agradecerem ao treinador Jorge Costa o trabalho desenvolvido com a equipa mais representativa do distrito de Coimbra e uma das que mais simpatia conquista por esse país fora.
Ao longo desta curta viagem, os adeptos entoaram cânticos, tantas e tantas vezes repetidos. Também os jogadores mais acarinhados, como Sougou, Miguel Fidalgo, e Diogo Valente, mereceram que fossem entoadas cantigas especiais. Os também eternos e sempre fiéis membros da claque fizeram questão de levar as camisolas oficiais da equipa de Coimbra.
À nossa reportagem fizeram questão de dizer que a Mancha Negra “é uma verdadeira família”. O espírito de amizade e união entre todos os membros “está sempre presente”. E, como diz o próprio lema, “se a Académica jogasse no céu todos morrerariam para a ver jogar”. É por tudo isto que, o presidente da Mancha Negra, João Paulo Fernandes, refere-se que esta “é a melhor claque do mundo”. Alguns elementos continuam na claque desde a sua fundação, têm sido muito importantes na passagem da mensagem e da mística para os mais novos. Não tendo um papel muito activo é sempre importante, sobretudo em momentos de tensão que alguns jogos proporcionam, a voz da “velha guarda” é sempre ouvida.
A fidelidade está de tal forma presente que o lema “Se jogasses no céu … morreríamos para te ver”, está presente em todos os jogos há 12 anos.
Em grande ambiente de festa, a Mancha Negra chegou ao Sul, ao estádio Municipal de Portimão. Se até aqui as gargantas não estavam ainda bem afinadas, ficaram nesse preciso momento.
Começou a partida, e desde cedo ficou patente que quem mandava ali era “a malta de Coimbra”. Foi tudo feito para “apoiar a equipa do início ao fim da partida”. O que, aliás, ficou provado nas bancadas. Também, diga-se em abono da verdade,     que a claque do Portimonense estava com pouca representatividade no estádio, um dos motivos poderá ser pelo facto de disputarem o jogo em “casa emprestada”.
Num jogo em que a Académica dominou a primeira parte, levando o resultado para o intervalo em 0-2, na segunda parte o Portimonense teve uma boa “replica” conseguindo igualar a partida em 2-2.
Um resultado aceitável, atendendo ao desempenho do Portimonense na segunda parte.
No fim do jogo, e claramente desiludidos, por deixarem fugir uma vitória importante alguns jogadores vieram até junto das redes e entregaram os seus equipamentos. Foi o delírio total. A Mancha Negra não mais deixou de se ouvir. No autocarro a viagem pareceu fazer-se em segundos, tal a animação entoada.

Em Coimbra, e já na sede no Pavilhão Jorge Anjinho, foi tempo de voltar a refrescar as gargantas, gastaram a voz com tantas cantigas, de arrumar as faixas e de ir para casa, pois a chagada a Coimbra fez-se tarde.
Uma certeza ficou. “A Académica independentemente do resultado terá sempre o apoio dos seus adeptos” e será esta a época em que a Académica será a surpresa da Liga Zon Sagres?


André Abreu

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