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domingo, 23 de janeiro de 2011

Basquetebol de gente grande

Ainda não se sabe ao certo, mas ao que parece, o basquetebol poderá estar regressar aos seus já longínquos tempos “dourados”. Mais pessoas movidas ao pavilhão, clubes com orçamentos notáveis, equipas constituídas por bons jogadores. É este o estado do nosso basquetebol português. Embora o caminho e a evolução tenham ainda um longo caminho a percorrer, não deixa de estar num bom caminho.

Em tempo de crise e de “apertar o cinto”, não seria bem a evolução da modalidade ou a procura de glória europeia o passo seguinte a prever. Nesta nova temporada todos os adeptos de basquetebol nacional, foram deparados com algumas mudanças pouco usuais em algumas equipas como a transferência da melhor jogadora da história do basquetebol português e ainda jogadora da melhor liga de basquetebol feminino do mundo (WNBA) para o Mccell-Algés. A jogadora portuguesa que aos 37 anos de idade ainda tinha variadas propostas de clubes espalhados pela Europa, decidiu voltar à terra natal. O de espantar é que, o Algés nem tem sido um dos clubes com mais notoriedade na liga portuguesa, deixando a “spotlight” para o Olivais de Coimbra, campeões em título, e que nas últimas temporadas tem representado o nosso país nas competições europeias.

Virando o foco para o género masculino, coisas incríveis também aconteceram este ano onde equipas não profissionais pagam jogadores e contratam americanos! A equipa do Sanjoanense contratou um dos mais notáveis jogadores americanos que já passou no basquetebol português. O extremo norte-americano Shawn Jackson, de 37 anos, foi contratado por uma equipa não profissional! Outro caso de um jogador estrangeiro a actuar numa liga não profissional é o do jogador que joga na posição de poste, James Grabowski, que na época transacta jogou na equipa do Penafiel e foi uma das “pedras” fundamentais para que o clube alcançasse a subida à divisão profissional. Sim, é verdade, equipas não profissionais que militam na CNB2 (Campeonato Nacional de Basquetebol 2) e CNB1 não só pagam a jogadores portugueses como também pagam a estrangeiros. Este não é, claro, um acontecimento sem precedentes, mas como a tão chamada crise afecta pequenos e graúdos, é de facto estranho ver instituições desportivas de uma modalidade que nem é das mais “aplaudidas” em Portugal, fazerem este tipo de investimento.

Na Liga Profissional de Basquetebol o domínio continua a ser dos “dois grandes” (Benfica e Porto), equipas com orçamentos elevados para nosso basquetebol. Este ano apesar de um desempenho menos notável, comparativamente à época passada, o Benfica decidiu apostar nas competições europeias, mais propriamente na EuroCup. Este é um investimento que apesar de arriscado, é também corajoso. Depois dos autênticos fracassos nas tentativas europeias por parte da Ovarense/Dolce Vita, o Pavilhão da Luz é novamente o palco de “embates” europeus. Este esforço por parte do clube da luz aparece numa altura em que a gloria benfiquista na Europa partiu à muito.
A questão é, numa altura em que o presidente do Benfica Luis Filipe Vieira, e certamente todos os outros presidentes dos diversos clubes no país, diz que esta é uma altura de fazer um esforço para apertar o cinto e reduzir a massa salarial dos atletas do clube, como é possível fazer este tipo de investimentos numa modalidade do clube que não lhe dará retorno do investimento feito.



Rui Valadão

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