Páginas

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

“Continua a ser o nosso hotel mais emblemático”

          Miguel Júdice, filho do ex-bastonário da Ordem dos Advogados, é o actual proprietário da Quinta das Lágrimas. Pertencente à mesma família há quase 300 anos, a Quinta das Lágrimas é considerada património nacional e é um dos locais mais simbólicos da cidade de Coimbra, tanto pela história romântica de D. Pedro e D. Inês de Castro, como pelas ofertas que disponibiliza aos seus visitantes e hóspedes do Hotel Quinta das Lágrimas. Este hotel de charme, que substituiu a casa da família, possui uma vertente tradicional – a chamada casa palácio - e uma vertente contemporânea. Pertence à cadeia hoteleira Relais&Châteaux, que reúne os mais belos hotéis de charme e os melhores restaurantes do Mundo. Além disso, o Hotel Quinta das Lágrimas pertence ao Grupo Lágrimas, no qual Miguel Júdice desempenha o cargo de CEO (Chief Executive Officer).


Ana Teixeira (AT): O seu gosto pela gestão hoteleira nasceu devido à Quinta das Lágrimas?
Miguel Júdice (MJ): Sim, tudo começou aí quando se principiou o projecto no início da década de 90.


AT: Conte-me um pouco do processo de transformação da casa familiar num hotel.
MJ: Foi necessário um desprendimento que permitisse abrir aquele património familiar de centenas de anos, mas acabou por ser fácil, porque foi a forma de mantermos a casa na família.


AT: Tratando-se de um espaço patrimonial importante para Coimbra (o romance de Pedro e Inês), de que forma esta história terá condicionado os objectivos empresariais de um hotel de charme? Ou seja, como é feita a gestão do espaço privado com o espaço público?
MJ: Esse é o tema central do hotel, que serve de conceito para tudo o que fazemos. É uma forma que temos para diferenciar efectivamente o produto.


AT: Como caracterizaria o Hotel Quinta das Lágrimas? A que tipo de clientes se destina?
MJ: É um hotel de charme na cidade que tem características de resort, dado o seu espaço envolvente, a dimensão dos seus jardins e a variedade dos serviços de lazer que lá temos. Destina-se a todos os tipos de clientes (nacionais e estrangeiros) que queiram ter uma experiência de hospitalidade com o charme do passado e o conforto dos nossos dias.



AT: Uma das mais-valias do hotel é a casa palácio (a parte mais tradicional) onde, por exemplo, existe uma biblioteca com milhares de livros antigos. Ela está acessível aos hóspedes? Há alguma brochura explicativa do valor histórico dessa biblioteca? É um espaço escolhido pelos hóspedes para, por exemplo, passarem os seus serões?
MJ: Sim, a biblioteca está aberta aos hóspedes. Não temos nenhuma brochura explicativa, mas fazemo-lo em outros materiais do hotel. Os hóspedes passam lá essencialmente durante o dia, não tanto à noite.


AT: Que outras zonas do hotel mais tradicional evidenciaria como incontornáveis numa visita/estadia?
MJ: Outros locais importantes são a Sala da Música, o jardim, a capela.


AT: É uma grande responsabilidade dar continuidade a um património que pertence à sua família desde o século XVIII?
MJ: Uma grande responsabilidade, mas também um enorme prazer e um grande orgulho.



AT: O que esteve na base de decisão para a construção de um espaço mais contemporâneo no Hotel Quinta das Lágrimas? Que mais-valias esta vertente nova trouxe para o hotel?
MJ: Pretendíamos oferecer um conceito de estadia diferente da casa palácio. Assim, podemos ter hotéis diferentes para hóspedes que têm perfis e motivações de viagem diferentes. O edifício contemporâneo está muito ligado ao spa.



AT: Tem existido uma vontade de reserva nessa parte mais contemporânea do hotel? Que perfil de pessoas? Ou isso acontece quando já não há quartos disponíveis na casa palácio?
MJ: Há clientes que querem esses quartos especificamente. Pessoas mais novas, casais, pessoas que querem usar o spa.


AT: Há hóspedes que regressam todos os anos (por exemplo, para ocasiões especiais das suas vidas) que se tenham, de alguma forma, tornado parte da “mobília” deste hotel de charme?
MJ: Alguns regressam regularmente, mas não consigo dar um padrão.



AT: Os restaurantes do hotel (o “Arcadas da Capela” e o “Aqua Latin Food”) estão acessíveis a toda a população ou são para uso exclusivo dos seus hóspedes?
MJ: Sim, são para toda a população.



AT: O Hotel Quinta das Lágrimas continua a ser a marca principal do Grupo Lágrimas? Os outros projectos do Grupo Lágrimas, isto é, as outras unidades hoteleiras, têm o mesmo tipo de clientes?
MJ: Sim, continua a ser o nosso hotel mais emblemático. Existe um grande paralelo entre os hotéis em termos de tipo de clientes.


AT: Como caracterizaria o Grupo Lágrimas? Que particularidades evidenciaria em cada uma das novas unidades hoteleiras?
MJ: Somos um grupo familiar que gere unidades de hospitality em todo o país, procurando criar ambientes de serviço intimista e personalizado que proporcionem momentos memoráveis a quem os visita. Cada unidade tem as suas características singulares, fruto da sua localização ou do tema que oferecem. O Hotel Infante Sagres, no Porto, oferece o charme de um hotel histórico e o design de uma intervenção contemporânea. O Hotel da Estrela é um hotel especial, que recria o ambiente das escolas antigas e oferece uma localização ímpar no coração de Lisboa. O Vila Monte é um country resort no interior do Algarve, recheado de charme e calma.



Fontes: Entrevista feita a Miguel Júdice, proprietário da Quinta das Lágrimas


Ana Cristina Teixeira
Grupo 4

Sem comentários:

Enviar um comentário