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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lady Gaga no Pavilhão Atlântico: A constatação de um grande talento na Pop

Muitos podem odiar, criticar e dizer que “não passa de mais uma cantora pop que com o tempo irá desaparecer rapidamente” mas Lady Gaga contém uma carreira impressionante em pouco mais de dois anos, uma vez que em 2007 nem existia discograficamente. O Pavilhão Atlântico foi o palco português que recebeu a The Monster Ball Tour, um espectáculo excêntrico e teatralizado em todos os aspectos. Desde as roupas da cantora, os dançarinos, cenários de fundos, pequenos filmes de pausa entre as músicas, nem um pormenor podia escapar dos olhares atentos de cerca 18 500 espectadores. O primeiro concerto de Gaga em Portugal trouxe um público nada homogéneo, com casais hetero ou homossexuais à espera na fila, pessoas com indumentárias extravagantes numa tentativa (um pouco falhada) de imitação da cantora e até crianças na companhia dos pais. Não foi de espantar olhar para trás e ver um senhor de meia-idade à espera do início do concerto.
Dance in the Dark leva o público ao rubro, com gritos histéricos e máquinas fotográficas levantadas para começar a registar, apesar de os espectadores visualizarem apenas a sombra de Lady Gaga. Enquanto se dá a conhecer o cenário do “primeiro acto”, a canção Glitter and Grease ecoa por todo o Pavilhão e com um Chevrolet verde a deitar um pouco de fumo e de seguida com o hit Just Dance tocado furiosamente no piano instalado no capot. Beautiful, Dirty, Rich leva a cantora para a frente do palco com uma estrutura em forma de “T”. O primeiro acto termina com a música The Fameem que a cantora veste uma indumentária vermelha diabólica e contém um keytar nas mãos (instrumento similar a um sintetizador com um formato semelhante a uma guitarra). Em pouco tempo, o público estava em chamas, extasiado com a energia deGaga.
Uma pequena pausa com um filme para dar início ao segundo cenário. O objectivo de todo enredo por detrás do espectáculo, proporcionado graças às mudanças de cenário, às vestimentas dos dançarinos e da própria cantora, entre outros pormenores, é chegar à Monster Ball. Mas o carro avaria-se, em primeiro lugar e o metro leva-a para um lugar estranho em Central Park, acabando por lutar com o monstro da fama. No final acaba por chegar ao destino inicialmente planeado. LoveGame inicia o segundo acto, em que a história decorre no metro e com Gaga vestida de freira num fato de látex transparente com pequenas cruzes a tapar os mamilos, acabando por retirar mais alguns gritos dos tão estimados little monsters portugueses (se bem que algumas vezes acabou por dizer pequeños) . Boys, Boys, Boys foi dedicada a todos os gays portugueses e no fim de cantar Money Honey, a música seguinte, a cantora apelou para que todos esquecessem as inseguranças uma vez que “Jesus ama toda a gente”. Um dos momentos com mais êxtase foi quando a cantora despiu uma espécie de fatiota negra, ficando apenas com soutien e cueca da mesma cor e iniciou a interpretação de Telephonesem a presença de Beyoncé. Antes de começar a despir a fatiota ainda teve tempo de pedir o desenho de um fã, beijá-lo e voltar a entregá-lo, um gesto de demonstração do amor pelos seus admiradores.
Speechless trouxe um momento intimista à sala do Pavilhão, com Gaga embrulhada numa bandeira portuguesa, sentada em frente a um piano e apelando para que todos gritassem “Portugal!”, todas as vozes elevaram-se fortemente num grito de orgulho. A interpretação desta música era interrompida pelas tentativas de comunicação com o público enquanto o fogo deflagrava sobre o piano. De seguida, cantou maravilhosamente You and I, canção que estará presente no tão falado futuro álbum Born This Way. A potente voz da cantora é evidenciada nestas duas músicas assim como a sua capacidade de apaixonar o público com o seu discurso, transformando o ambiente numa espécie de reunião familiar. A conclusão do segundo acto dá-se com So Happy I Could Die, uma espécie de princesa com um vestido brilhante eleva-se no palco depois de uma transformação cintilante, através das estrelas.
Toda a transformação dá lugar a um cenário recheado de escuridão, uma floresta negra em que a cantora começa as interpretações de Monster, no qual fica com sangue no pescoço, e de Teeth. Em Alejandro, um dos pontos fortes do espectáculo, faz novamente um apelo aos direitos dos homossexuais com uma força extraordinária. Se há algo que não falta em Lady Gaga é força, que no final das contas a está a levar até aos seus objectivos. Uma pequena pausa, um novo pequeno filme pelo meio e há lugar para um dos primeiros singlesPoker Face.
Um novo ponto forte desta Monster Ball Tour acontece com Paparazzi, com Lady Gaga num vestido verde a partilhar o palco com o Monstro da Fama. O início deste último acto contou uma grande teatralização e vários gritos por parte da cantora ao enfrentar o tal monstro. Bad Romance arrancou vozes do público mesmo no final, numa cantoria “I want your love and I want your revenge/ You and me could write a bad romance” a sair das bocas de todos os little monsters portugueses. Uma vénia de agradecimento e o espectáculo estava terminado com direito aos créditos no final. Cerca de dezoito mil pessoas saíram do Pavilhão Atlântico encantadas e com desejo por mais, sem qualquer tipo de desilusão no rosto.
Lady Gaga inspirou-se alguns artistas pop mais conceituados, é verdade. Mas é certamente uma das artistas na indústria musical do século XXI que mais probabilidades tem de se tornar numa lenda musical e se o seu objectivo é alcançar esse topo, então está num bom caminho. É uma artista com garra, talento (para dar e vender) e com ideias fixas. E quer se goste ou não, ela veio para ficar definitivamente no mundo musical.
David Monteiro Pimenta
Grupo 1

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