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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Onde está a cantera portuguesa?

Jardel, jogador de futebol brasileiro, é o novo reforço do Sport Lisboa e Benfica. Não, não e o avançado que voava sobre os centrais adversários de equipas como o Sporting Clube de Portugal, e principalmente do Futebol Clube do Porto. Este e jovem, defesa central e proveniente do Olhanense.

O Benfica é o clube português que tem mais jogadores provenientes de fora da Europa nas suas fileiras.

O Estudo Demográfico sobre Futebolistas na Europa que foi hoje publicado pelo jornal O Publico analisou 13.108 jogadores que actuam em 534 equipas em 36 campeonatos na Europa. Segundo este estudo, o nosso país, diga-se campeonato, não é um bom exemplo no que se refere a formar jogadores, ou pelo menos, a aproveitar o produto das suas camadas jovens.

Contracenado com a Islândia onde nos seus clubes 50% dos jogadores utilizados formados nos próprios clubes, Portugal apenas apresenta uma percentagem de 6.4% de jogadores que vestiram a camisola da equipa sénior do clube onde militam desde tenra idade.

Há muita mística clubista que se perde nestes processos. Os clubes começam por perder identidade, a paixão pela camisola vai desaparecendo e tudo se vai reflectir numa coisa: nos resultados. A maior parte dos clubes prefere gastar dinheiro em apostas seguras e experientes, mas estas nem sempre se dispõem a dar tudo por tudo mais uns metros parra correr atrás duma bola quando a equipa está a perder e tem de vencer a partida. Outras apostas são menos seguras, mas mais rentáveis, os chamados diamantes.  Estes sim, são capazes de correr atrás do prejuízo, mas muitas das vezes nem sabem para onde o fazem. Maioritariamente provenientes da América latina são vistos pelos dirigentes como “minas de ouro”, onde normalmente são contratados a preços “banais” e vendidos por valores astronómicos para equilibrarem as contas dos clubes. E lá se vão, ano após ano, destruindo ídolos, símbolos de um clube e uma equipa novamente desfeita, que normalmente serve para desculpa do técnico para uma possível quebra de rendimento do plantel que não está tão bem como na época transacta.

Mas nem em tudo estamos em último na geral. No que toca aos campeonatos com maior percentagem de estrangeiros ficamos a voltar em último, mas do pódio. Portugal possui 56.4% dos jogadores provenientes de outros campeonatos, sendo ultrapassado pela Inglaterra com 58,4% e pela liga cipriota com 72,3% de estrangeiros nas suas fileiras. No que toca à aquisição de brasileiros damos uma grande abada. 34,6% de jogadores provenientes do Brasil no nosso país estão muito para lá dos 8,4% disponíveis no Chipre.

Apesar de Jardel ser brasileiro não entra nas próximas contas, pois foi adquirido a uma equipa portuguesa. Ainda assim, o Benfica é a equipa europeia que mais jogadores tem contratado a clubes fora do velho continente, sendo eles 44% por jogadores. Neste TOP 10, liderado pelo Benfica contamos com seis equipas portuguesas, sendo eles, para além do campeão em título, o Marítimo (35,7%), Portimonense (33.3%), Vitória de Guimarães (32%), Nacional (30,8%) e FC Porto (26,9%). Conforme os clubes mencionados, podemos constatar a presença de clubes “grandes”, “médios” e os ditos “pequenos”.

Um emblema nacional que ainda se pode “orgulhar” do seu trabalho interino é o Sporting CP, pois o seu plantel inclui 20% de jogadores formados nas suas escolas. Um número positivo, que até agora, a nível colectivo, não tem demonstrado grandes resultados…

Ao mesmo jornal o seleccionar nacional de Sub-21, Rui Jorge, afirma que “Temos dificuldade em encontrar jogadores portugueses”. Com certeza que os há, mas poucos serão calejados para vestirem a camisola das quinas. E os números não mentem: dos 481 jovens seleccionáveis, apenas seis têm jogado na Liga.

É natural, está claro, vermos cada vez mais jogadores (e friso-o novamente jo-ga-do-res, pois é o que eles são, jogadores de futebol, e não cidadãos portugueses) luso-brasileiros com as cores da nossa nação a cantarem o Hino Nacional alinhados por esses relvados fora a darem a cara por Portugal. Talvez Jardel, o defesa central, venha também ele a desempenhar esse papel.

Marcelo Chagas


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