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sábado, 15 de outubro de 2011

A Magia da Caixa Preta



Se outrora se chamava televisão agora chama-se universo. Se outrora havia um lugar marcado para a deixarmos entrar na nossa vida, agora precisamos de nos esforçar para ficarmos longe do seu alcance. Se há 80 anos se falava em privilégio, agora fala-se em necessidade básica. Mas, que para continuar a sê-lo,  tem de se reorganizar e adaptar constantemente...
Devido às suas características a televisão saiu vencedora, salvo algumas excepções. O facto de aliar a imagem ao som e tornar esta realidade uma transmissão directa, sem interrupções temporais entre emissor e receptor, permitiu-lhe revolucionar o mundo da comunicação social. Facto que a nomeou automaticamente um dos meios de comunicação preferidos.
A famosa caixinha mágica deixou de ser obrigatoriamente gigante. Ganhou cores e qualidade de imagem e som, perdeu peso e custos. Começou na sala dos mais ricos, invadiu as casas da classe média e alastrou-se por todos os grupos sociais. Passou a ser um objecto indispensável no quotidiano das famílias e do bom funcionamento das próprias rotinas.
Rapidamente foi devorada e explorada por grandes senhores que, com promessas de impérios gigantes, iniciaram trabalhos que se prometiam missionários. À custa de uma invenção científica que se fundiu quase automaticamente com as necessidades sociológicas e económicas do mundo desenvolvido, a televisão passou rapidamente a ser vista como uma janela entre dois universos paralelos. O de quem via e assistia e o de quem produzia.
Mas, de futuro passou a presente e, entre imprensa e rádio a quem roubou muito protagonismo, a televisão vê-se agora obrigada a competir com a senhora dona rainha Internet. Aliás, já não faz muito sentido pensar em televisão como um meio tradicional de comunicação do famoso triângulo texto/som/imagem a que estávamos habituados. Com as redacções online e os característicos sites” e redes sociais que não pode faltar a uma qualquer rádio que se preze, o que antes estava muito bem guardado e distribuído para cada um dos sectores da comunicação social encontra-se, agora, misturado na realidade binária e como uma exigência comum aos três.  
Vendem-se formatos, géneros, conteúdos, personalidades e poder a todo o instante. Trocam-se pontos de vista, apresentam-se resultados e apregoam-se produtos. Tudo bem colorido, agradável à vista, fácil de usar.
No metro, no sofá, no trabalho… sem dificuldades de transporte e muito poucas barreiras físicas. Uma maravilha! À distancia de um botão, é somente preciso escolher entre as mil e uma formas possíveis de entrar neste mundo. Há quem tenha iniciativa própria e há quem apanhe boleia dos outros e espreite o que já despertou interesse em alguém.
O mundo da televisão defronta-se com novos potenciais concorrentes a disputar o pódio. Um desafio que o obriga a adaptar-se aos constrangimentos das sociedades actuais mais do que nunca.
Uma caixa preta mágica que, agora, nada tem de preta nem de caixa mas onde a magia permanece. Não porque aparecem pessoas e coisas lá dentro, mas sim porque, mais do que competitividade e sustentabilidade existe responsabilidade civil e, a partir dela, se formam pessoas cá fora.

R2- Mónica Ribau

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