Imaginemos um
pêndulo. Um pêndulo pesado, forte e robusto. O pêndulo foi construído por mãos
humanas e o primeiro empurrão foi dado pela mão de um homem…
O pêndulo
começa a balançar. A oscilação cada vez é maior. Devido ao seu peso e porte o
movimento cresce por si próprio. Aumenta, aumenta e continua a aumentar. A
oscilação ganha vida própria e, chegada uma certa altura ninguém o consegue
parar. Só mesmo outra máquina. Porque aqui, mãos humanas começam a servir
apenas para construir algo que combata o que foi criado pelas mesmas mãos…
Outra máquina ou engenho qualquer.
A capacidade
para pensar veio como extra na categoria de animais racionais onde o Homem se
enquadra. O poder que temos para criar e construir instrumentos que nos ajudem
a superar as limitações físicas que possuímos é espantoso! O Homem apercebeu-se
disso e começou arduamente a desenvolver mecanismos que lhe permitissem subir a
grande escada, degrau a degrau até ao “Posso ser e fazer tudo o que quiser!”
A técnica tem
milhares de anos e partilha a data de nascimento com a espécie humana. Nasceu
com ela… desde os seixos de pedra para curtir as peles até aos mais avançados
sistemas e mecanismos de engenharia e mecânica têm sido dados passos espantosos
e o homem tem razões para se sentir orgulhoso. Já depois da técnica, dessa
capacidade implícita que a raça humana tem de adaptar recursos naturais e, a partir
deles, construir outros mais complexos com funções determinadas, surgiu a
tecnologia. Entrámos na realidade binária e o que até aqui evoluía pela
mecânica e pela descoberta de novos materiais, começou a crescer através de uma
realidade algorítmica, uma técnica tão complexa que criou um mundo dentro do
nosso próprio mundo. As vantagens são imensas, ninguém o pode negar. Mas até
que ponto não passou já o homem a barreira do bom senso e dos limites da
auto-protecção? Até que ponto não serão a tecnologia e a técnica armas já tão
poderosas e desenvolvidas que se tornem independentes? Não poderá o homem
perder o controlo sobre a sua própria criação?
Existem os
defensores do sim e os apologistas do não, como em tudo. De facto, todos
usufruímos do que a tecnologia e a técnica nos trazem mas é imprescindível
saber e ter noção dos nossos limites. O controlo que as máquinas podem vir a
ter sobre nós. A dependência generalizada da sociedade de criações artificiais
que ocupam cada vez mais o lugar de actividades que outrora eram naturais ao
homem. O problema neste momento é que o homem está a ficar dependente de algo
que ele próprio inventou. Se até a algum tempo as máquinas eram usadas para
chegar onde era impossível e conseguir fazer o que era impensável agora servem para
fazer o que sempre foi básico para o homem e substitui-lo em tarefas
quotidianas e de rotina essências.
Seguindo o
mesmo ponto vista, temos como exemplos o sistema de saúde e de educação. A
informatização do registo civil, das contas bancárias, dos sistemas mais
importantes da vida em sociedade. Neste momento se a tecnologia deixasse de
existir a existência humana era colocada em risco. Cairíamos no caos total. Não
se saberia quem morre e quem nasce, que dinheiro existe em cada conta e a quem
pertence, quem havia passado na escola ou não, quem trabalhava ali ou acolá… os
sistemas de gás, de água, de electricidade. Necessidades que outrora eram um
privilégios uma regalias com as quais agora não podemos deixar de viver.
Mais do que
uma simples evolução cognitiva, a técnica e a tecnologia ocupam neste momento,
nas sociedades desenvolvidas, lugares obrigatórios. Sem eles a segurança e o
desenvolvimento da sociedade, como a conhecemos agora, simplesmente deixará de
existir. A dependência que temos das máquinas e da tecnologia é enorme e a
tendência é para piorar. O problema é que parece que ninguém se parece importar.
Os benefícios adiam decisões e escolhas complicadas e o conhecimento que a
humanidade possui é cada vez maior. Alimentado por tecnologia de ponta, o ser
humano usa o que não sabia mas já sabe para criar mais e melhor que o vai
ajudar a saber mais e melhor também… Numa bola de neve rolando colina a baixo
sem qualquer controlo. E perguntam então se por acaso isto é mau. Perguntam,
com alguma razão, que mal poderá ter a evolução do conhecimento humano e dos
recursos e construções por ele descobertos e criados. Então eu respondo.
Começará (ou começou) a ter algum mal e grande risco associados a partir do
momento em que o supérfluo se tornou necessidade. Até que ponto os benefícios compensam
o risco de comprometer o futuro da humanidade e coloca-lo nas mãos de máquinas?
Até que ponto será uma atitude e um comportamento de bom senso fazer depender a
subsistência do ser humano ou dos modelos sociais em que vivemos de uma obra que
nós próprios criamos?
Enquanto me
interrogo, dou por mim a ouvir musica no meu mp4, com a janela do Google aberta
e o telefone ao pé de mim. De facto, todo o texto foi escrito utilizando um
computador. A tecnologia está de tal
forma enraizada nos hábitos dos comuns mortais que será já quase impossível
parar e contrariar a tendência.
O pêndulo
ainda balança e não há quem o faça parar, muito pelo contrário…
Mónica Ribau_ R2
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