Quando comecei a frequentar a escola primária foi-me “imposto”, pelos meus pais, a entrada na catequese. Através da explicação da minha mãe, tudo me pareceu bastante claro, à primeira vista. Ia conhecer a história de Jesus, aprenderia algumas orações e, tudo isto, na presença dos meus colegas de escola.
Eu gostava muito de ir à catequese, não tinha
medo de me confessar, gostava de rezar, faltar à missa era algo que eu nunca
ponderava e falhar um trabalho de casa nem pensar. Mas, se Deus era tão
importante, porque é que o meu pai não rezava? E se a Igreja Católica “é a casa do
senhor” porque é que, a não ser a minha avó e eu, ninguém lá em casa ia à
missa? E se os padres não podem casar, porque é que se dizia que o padre da
minha terra tinha uma filha? Aos 13 anos deixei de frequentar, assiduamente, a
igreja.
São
muitos os pontos que não compreendo e até me recuso a aceitar. Há muitos
séculos atrás, só os grandes senhores podiam partir em paz. Mais precisamente,
o dinheiro doado à igreja permitia às almas, com algumas posses económicas, ir
para o céu. Desde cedo, a Igreja teve maus representantes que em nada
contribuíam para o bom nome do Senhor. Então porquê que as pessoas continuavam
a acreditar nos membros da igreja como que no próprio Deus? Porque é pecado não
acreditar. Porquê? Porque Deus pune. Mas Deus não nos ama?
É difícil enfrentar a verdade quando ligamos a
televisão e vemos que mais um padre abusou de uma criança. E mais grave do que
isso é ver que a maioria não é punida, pois a igreja não o tem permitido. Tudo
pelo bom nome da Santa Casa.
E quanto ao respeito pela diferença? No velho
testamento diz: “Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é toevah*”.
Leva-nos portanto a concluir que a homossexualidade não é aceite pela igreja.
Mas, se assim é, a afirmação que a Bíblia menciona: “Amai-vos uns aos outros", não vem contradizer a
anterior? Devemos nós permitir que a igreja condene as nossas escolhas
contradizendo as suas próprias teses?
Nos últimos
anos muito mudou: o mundo da televisão modificou-se, as redes sociais alteraram-se,
as nossas velhas ideias foram
substituídas por outras mais modernas e actuais, porque não pode também a igreja evoluir e adaptar-se às novas realidades sociais e económicas? Como pretende que o público mais jovem abraçe uma religião que
discorda do simples uso de um preservativo?
Por estas e por
outras é que me fui afastando, pouco a pouco, da Igreja Católica+ e do que a mesma
representa. No entanto, continuo a ter fé em Deus e creio ainda na ideia que
sem Ele não estaríamos por aqui.
*Toevah- Impureza
Por: Inês Silva, R 1
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