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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Irmão Roger. A união faz a fé.


Irmão Roger… Apenas. Simples o nome do homem simples que nasceu em 1915 e viveu quase um século. Muitos dizem que trouxe a fé ao cristianismo… Outros que deu aos jovens o que precisavam para acreditar.
Roger dizia que Cristo não veio à terra para criar uma nova religião mas para oferecer a todo o ser humano uma comunhão em Deus. E com estas palavras ilustrou o que Taizé nunca vai deixar morrer.


          A jornada começou quando Roger tinha 25 anos. Deixou a terra natal, na Suíça, e foi viver para França, o país natal da sua mãe. Dizia, na altura, que sentia uma vontade enorme em criar uma comunidade onde todos os cristãos se unissem. Protestantes, anglicanos, católicos... Onde a bondade do coração fosse vivida de forma muito concreta e onde o amor fosse o coração de tudo.
     Em plena segunda guerra, Roger queria que esta comunidade se entranhasse no sofrimento daqueles tempos. Tal como ambicionava, fixou-se numa pequena aldeia chamada Taizé, na Borgonha, a alguns quilómetros da linha de demarcação que dividia a França ao meio.
       Começou a esconder refugiados, a maioria judeus e, ao longo do tempo, a sua causa começou a crescer. No dia de Páscoa de 1949, a comunidade de Taizé formou-se. Os primeiros irmãos da aldeia deram-se, num compromisso para sempre, a uma vida de celibato, altruísmo e simplicidade.
        
      No ano de 1953, o irmão Roger escreveu a Regra de Taizé, onde se reunia «o essencial que permitia uma vida comunitária». Ao longo de toda a sua vida, tentou espalhar os ideais da unidade entre cristãos. Para ele, acima de tudo, o mais importante era viver o Evangelho e comunicá-lo aos outros. O Evangelho só pode ser vivido juntamente com os outros. Não tem sentido nenhum tentar vivê-lo em separados.
       Desde a década de 60 que o número de jovens que vai a Taizé cresceu sensivelmente e  a missão do irmão Roger começou a espalhar-se. Irmãos e jovens, enviados por Taizé, começaram a correr o mundo. Calar-me-ei convosco, costumava dizer o irmão Roger aos cristãos que se encontravam em perigo. O fundador de Taizé publicava, todos os anos, uma «carta», traduzida em mais de cinquenta línguas, que servia de inspiração durante o ano seguinte a milhares de jovens em todo o mundo. 
    
    No auge das sua missão,  no dia 16 de Agosto de 2005, o fundador de Taizé foi assassinado durante uma oração com 2500 pessoas. Uma mulher aproximou-se e, depois de lhe segredar algo que ninguém chegou a saber, puxou uma faca do bolso e degolou-o. As imagens do assassinato marcaram de forma irreversível a comunidade mas nunca abalaram Taizé. Muito pelo contrário. As orações nunca foram tantas. A união nunca foi tão forte.
       
      A comunidade de Taizé junta hoje uma centena de irmão de mais de 25 países diferentes e religiões distintas. Pela sua própria existência, marca um sinal concreto de reconciliação entre cristãos divididos e povos separados.
      Os encontros de domingo a domingo já juntaram quase seis mil pessoas, de mais de 70 países. Já passaram por Taizé centenas de milhares de jovens que  meditam sobre a vida interior e a solidariedade humana. Que procuram descobrir um sentido para a vida e se preparam para assumir responsabilidades nos lugares onde vivem. 
        Assim como jovens, também grandes homens da Igreja já visitaram Taizé. A comunidade já acolheu o papa João Paulo II, arcebispos de Cantuária, metropolitas ortodoxos, bispos luteranos e pastores do mundo inteiro.
      
     E, embora o irmão Roger tenha partido, a sua obra e o seu sonho nunca deixarão de correr mundo... Seja nos inúmeros prémios que ganhou, nas dezenas de livros que publicou durante toda a sua vida... ou na marca que deixou e continua a deixar em todos os corações que passaram (e vão passar), pelo cantinho do mundo onde o que simplesmente interessa é amar. Porque seja em que ponto do mundo for, o nome de Taizé respira paz, amizade, comunhão... e a esperança de uma Igreja reformada.

Mónica Ribau_ R2

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