A Igreja Católica sempre fez por estar um passo à frente no
controlo da Humanidade, quer seja, desde logo, pela presunção do termo “catolicismo”
do grego καθολικος
que se traduz em “geral” ou “universal”, quer seja pelas longas centenas de
anos de Inquisição praticada, torturando e/ou queimando vivo quem quer que
fosse, a seu bel-prazer. E, tal como o
catolicismo se serve do seu poder e autoridade em proveito próprio, os
problemas em deturpar a palavra de Deus são inexistentes.
Pouco convenientes aos propósitos traçados pela Igreja
Católica, os Dez Mandamentos originalmente escritos e entregues por Deus ao
profeta Moisés sofreram graves alterações. Primeiramente, foi-nos ditado que “não
terás outros deuses diante de mim” e “não farás para ti imagem de escultura nem
figura alguma do que está no céu; do que está em baixo, na Terra, nem do que
está nas águas, debaixo da terra. Não adorarás tais coisas e nem lhes prestará
culto.” Mas a Igreja Católica, enquanto detentora de um poder exclusivo que
auto-proclamou, achou por bem ocultar estes dois primeiros mandamentos e desde
sempre atribuiu títulos de santos e beatos a tudo e todos, incluindo a Maria, denominada
“Santíssima Virgem” pelos católicos e nunca idolatrada pelos apóstolos, mas
vista sim como mulher de José, mãe de Jesus, apenas e só; sempre revestiu as
paredes das suas igrejas com imagens e figuras de santos dedicados a qualquer
ser rastejante, seja a Nossa Senhora do Espirro ou o Santo da Calvície; desde
sempre se achou Deus na Terra por meio da figura papal residente no império que
é o Vaticano, enquanto que o mais aproximado desse título foi Simão Pedro, nunca
elevado a tal pelos apóstolos que nem perante ele se curvavam ou ajoelhavam,
sempre visto como alguém sujeito a errar e longe de se revestir de luxo durante
os cultos.
Nunca no Evangelho se mencionou a oração pelos mortos,
contrariamente ao que a Igreja Católica instituiu; a redenção é conquistada em
vida, por nós, e não em morte, por terceiros. Os apóstolos não se trancavam
constantemente em conventos e mosteiros, nem em outros locais ditos sagrados, e
não se encontravam em repetitiva e constante oração, à margem da impureza da
humanidade, presos a terços ou Rosários, afinal o seu dever era espalhar a
mensagem de Deus e não marginalizá-la; para além de que nunca lhes foi proibido
o celibato, nunca a palavra de Deus condenou o casamento, mas a Igreja Católica
teve o “cuidado” de o proibir entre clérigos. Nunca o baptismo foi sinónimo foi
submissão, mas sim de livre arbítrio, e jamais foram cobrados monetariamente tal
como acontece também com os casamentos. Nunca os apóstolos venderam lugares no
paraíso enquanto as moradias com jardim e piscina que a Igreja Católica faz
crer existirem e nunca imaginaram um inferno ardente e flamejante destinado aos
pecadores em que fomos obrigados a acreditar.
Muito se diz que a religião é o ópio do povo, mas, se me
é permitido dizê-lo, essa é uma visão muito inconsciente e redutora do que nos
rodeia. O problema reside na ignorância dos que não são informados e que, ainda
assim, não fazem por isso. Está para vir o dia em que poderei contar com os dedos de uma só mão o
número de pessoas que conheço que se dizem católicas e que conheçam a Bíblia em
profundidade. O cristianismo não se limita ao
catolicismo. O catolicismo é apenas uma forma de interpretar o cristianismo,
bem adulterada, diga-se. A Igreja Católica não é a palavra de Deus, é a palavra
da conveniência e dos interesses de uma camada que se julga superior.
Sou ateu e, para mim, o
agnosticismo é sinónimo de ignorância e desrespeito pelo que nos rodeia. A
existência de uma força superior e de um paraíso eterno é inconcebível na minha
mente e não compreendo por que é que o Deus cristão (que, aparentemente, todos
julgam ser o único de entre milhares) é superior aos deuses do Olimpo. O Evangelho
está repleto de coisas com as quais concordo e discordo e até algumas que não
consigo compreender, mas respeito a crença no divino porque sei a influência
que isso poderá em tudo aquilo que fazemos e respeito a doutrina cristã porque
está em conformidade com aquilo que pratico e acredito, não porque são valores
cristãos, mas porque são valores universais. Confesso, gostava de crer em Deus,
vivia iludido e, muito provavelmente, mais feliz. Mas não sou aquilo que sou
porque o “tipo lá de cima” assim manda, sou-o porque é assim que todos devemos
ser, independentemente daquilo em que acreditamos.
Tiago Mota
Redacção 1
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