Páginas

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"Não podemos viver obcecados com a crise"

Numa altura em que o país atravessa uma situação extremamente complicada e o número de desempregados continua a aumentar, fomos ao encontro de alguém que ainda acredita que o ensino superior pode abrir portas para um emprego melhor, em termos de tarefas/exigências e remuneração.
Sónia Raquel Soares de Almeida tem 33 anos, é natural de Águeda e decidiu ingressar no Instituto Politécnico de Leiria em regime de ensino à distância, uma vez que tem família e emprego e torna-se necessário conciliar todas estas funções. A “nova caloira” falou-nos acerca das suas motivações, dificuldades e desta modalidade de ensino.

 
 
Posts de Pescada- Quais foram os motivos que a levaram a retomar os estudos nesta época de crise?
Sónia Raquel - A crise faz parte do presente, mas a vida continua e não podemos viver obcecados com a crise. Se formos todos a pensar que não vale seguir os estudos e os nossos objetivos por causa da crise, então seria muito pior e a sociedade parava. No meu caso decidi retomar os estudos, porque é uma realização pessoal que sempre quis cumprir e sempre me faltou a coragem por insegurança da minha parte. Este ano decidi acreditar em mim e ir em frente, sem pensar na crise, mas focada no meu objetivo. É óbvio que o momento que estamos a viver também me assusta, mas quero viver um dia de cada vez e quando acabar o curso logo se vê! Até lá muita coisa há-de mudar e esperamos que seja para melhor.
 
PP - Como é que teve conhecimento do regime de ensino a distância?
SR - Tive conhecimento do regime à distância através de uma colega, que fez o curso da mesma forma.
 
PP - Que procedimentos foram necessários para a candidatura?
SR - Foram vários os procedimentos necessários para a candidatura, desde a inscrição em como estava interessada em concorrer, fazer o exame de ingresso, exame oral e entrevista. Depois de passadas estas etapas, candidatei-me (nova inscrição) e cá estou eu! Durante este processo houve a parte financeira, em que no País em que estamos não podia faltar. Não fica barato estudar.

PP - Quais são as suas espectativas em relação ao curso?
SR - As minhas espectativas em relação ao curso são as melhores, ou seja, quero chegar ao fim. Sei que não vai ser fácil e neste momento já estou a notar isso. É muito trabalhoso e complicado, mas espero alcançar a espectativa inicial.
 
PP - Como funciona o regime de ensino a distância?
SR - Este regime de ensino à distância funciona através de uma plataforma, em que temos acesso a tudo. Podemos aceder às disciplinas, aos recursos que nos podemos apoiar para estudar e efetuar os trabalhos propostos pelos professores, fóruns de conversa com os colegas e professores, onde podemos expor as nossas dúvidas. Os professores estão sempre atentos e prontos a esclarecer dúvidas. É também através da plataforma que enviamos os trabalhos, tendo eles prazo de entrega. Neste método existem também aulas presenciais e exames, sendo a avaliação final contínua mais os resultados do exame. Resumindo, este método é praticamente igual ao processo normal, porque a maioria das faculdades têm uma plataforma onde os alunos podem aceder, sendo os mais praticantes os alunos com o estatuto trabalhador/estudante. Uma coisa muito importante que me esqueci de dizer, mas parto do princípio que todos sabem, é que cada aluno tem um nome de utilizador e uma senha para entrar na plataforma.
 
PP - Considera que, atualmente, uma licenciatura é uma mais-valia para o mercado de trabalho? Porquê?
SR - Depende. Existem casos em que uma candidatura não é uma mais-valia para o mercado de trabalho, porque as empresas não pretendem pagar o equivalente a essa habilitação. Acabam por ter um funcionário com menos qualificações, mas que faz o mesmo trabalho por menos dinheiro. Por outro lado, existem situações em que a candidatura é obrigatoriamente uma mais-valia para o mercado de trabalho, dado que é necessário o trabalhador ter as qualificações necessárias e exigidas pelo posto de trabalho. Em alguns casos, sem licenciatura ou mestrado não há forma de entrar no mercado de trabalho.
 
PP - Que dificuldades espera encontrar neste regime de ensino?
SR - Muitas. As dificuldades vão ser muitas, desde gerir o trabalho/família/casa/faculdade. Também sei que vão existir muitas dificuldades a nível da matéria e já estou a sentir isso. Existem certas disciplinas (como a matemática) em que fazer trabalhos e estudar não é o suficiente para ter um bom resultado no exame. Nestes casos, haverá a necessidade de recorrer a uma segunda pessoa que nos ajude a entender, compreender e como se faz determinados exercícios. Não vai ser fácil.
 
por: Fabiana Ferreira e Sofia Rocha
*Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico 

Sem comentários:

Enviar um comentário