Este ano não houve festa das latas para Teresa Pina, esteticista e 
terapeuta de 49 anos, nem para Júlio César, com 22 anos e natural de 
Coimbra. “Acho que nunca fui à latada” foi a constatação do jovem 
aquando esta entrevista. Afirma já ter vivido o ambiente da Queima mas 
da latada não. “Há outras prioridades” diz conformado, “este ano gostava
 de ter ido mas o dinheiro não estica”. Acredita que o cortejo seja 
“giro e importante para integrar novos alunos e para haver diversão” 
algo que considera “importante nestes tempos de crise”. 
Teresa 
viveu esta semana como o habitual, foi uma “semana como todas as outras 
com exceção dos “estudantes com quem me cruzei e do barulho que se fez 
sentir à noite vindo do Parque da Canção”. Admite não ter curiosidade 
para ver o cortejo nem ir às noites. “Lembro-me que com os meus 8 ou 9 
anos era uma grande festa e mobilizava toda a cidade” Afirma que antes 
do 25 de Abril “não havia tantos excessos como os de agora, o cortejo 
era mais bonito, divertido e original” mas que hoje não lhe suscita 
interesse. Lembra que após o 25 de Abril houve um corte com as tradições
 até então vividas, “foram cerca de 7 ou 8 anos em que não houve 
festejos académicos e deixou de se usar o traje.” Quando entrou para o 
ensino superior, anos mais tarde, ainda assim não se encantou com a 
latada. “Eu era do politécnico e na altura havia muita discriminação em 
relação à universidade, daí o nosso cortejo não ser nada de especial”.  
A
 crise é um fator que impede ambos de desfrutar deste ambiente festivo. 
Teresa recorda que “não havia noites do parque na sua mocidade. Os 
próprios estudantes organizavam-se e atuavam nas ruas para quem 
estivesse a ouvir.” Hoje convidam artistas para virem atuar e cobra-se 
entrada, impedindo muita gente, como será o caso do Júlio e de tantos 
outros jovens de assistir aos espetáculos. 
por: Eva Pina 
O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico 
 
 
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