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terça-feira, 23 de outubro de 2012

" Tudo o que faço tem em conta o mundo do futebol… então porque não hei-de fazer parte dele? "

Telmo Paixão, natural da cidade de Pombal, é actualmente um dos muitos treinadores das Escolas de Formação do Futebol Clube do Porto (Dragon Force). Vestido de azul e branco, o treinador conta um pouco do seu percurso até ao momento, da responsabilidade em treinar “pequenas estrelas” e revela as suas ambições para o futuro.

Posts de Pescada: Alguma vez pensaste em ser treinador de futebol?
Telmo Paixão: Ora bem… pensar em ser treinador de futebol… sim! Principalmente agora, onde já adquiri algumas competências pela diversidade de experiências que fui vivenciando. No entanto o meu interesse sobre o treino começa por volta dos 16 anos, ainda como jogador de formação no Sporting Clube de Pombal. Pedia o plano dos treinos a um jogador sénior da equipa, ele descrevia-mos ou fornecia-me já em forma de documento. Com esses documentos que ele me facultava, também eu ia fazendo alguns rascunhos dos meus próprios treinos. Ainda os guardo, bem como os treinos dessa equipa sénior, feitos na altura por um treinador conceituado e consagrado, João Carlos Pereira, (actualmente treinador da equipa suíça Servette F.C.). Como é óbvio, naquela altura, ainda não pensava em ser treinador, mas inconscientemente começava a delinear o meu percurso que mais tarde se veio a revelar, quando já jogava no primeiro ano do escalão de Juniores, com 18 anos, e o meu treinador me perguntou se tinha interesse em trabalhar paralelamente com o seu adjunto numa equipa do escalão de Sub11. Nesta altura eu estava no 12º ano, um ano considerado decisivo no percurso académico, e nos tempos livres tinha os treinos da minha equipa, mas ainda assim aceitei a proposta. A partir daí o meu interesse sobre todas as questões ligadas ao treino, jogo e futebol disparou, momento em que comecei a pensar seriamente numa carreira como treinador de futebol. Ainda assim, não quer dizer que tenha o meu percurso traçado, gosto acima de tudo de entender a complexidade do treino e do jogo. 

PP: Como surgiu a oportunidade de treinares actualmente as camadas mais jovens do Dragon Force (Escolas do F.C Porto)?
TP: Esta oportunidade surgiu quando estava a culminar o meu ano de estágio referente à licenciatura em desporto na área do Futebol. Nessa altura, estagiei numa equipa de Sub 11 do S.C. Salgueiros, onde obtivemos bons resultados, ficámos em 2º no campeonato distrital da Associação de Futebol do Porto e conseguimos qualificarmo-nos para o Apuramento de Campeão com as cinco melhores equipas do escalão da A.F.P. Foi sensivelmente nesta fase que surgiu o convite remessado pela Escola Dragon Force a título de estágio, novamente. Obviamente que foi o conhecimento académico e a influência positiva do professor regente da cadeira de futebol que impulsionou verdadeiramente esta oportunidade.

PP: Descreve como é treinar estas crianças, sendo que a maioria está a dar os primeiros passos no futebol? Que capacidades são necessárias para trabalhar nestas faixas etárias?
TP: Antes de falar do prazer e da paixão que tenho em trabalhar com idades inferiores, tenho de falar da responsabilidade que temos de ter enquanto treinadores formadores. É duplamente complexo ensinar futebol pois é necessário ter um grau de competências individuais a vários níveis (sociais, expressivos, modeladores, linguísticos, etc… etc…) bem como ser um grande conhecedor do futebol, e do que é intrínseco a esta modalidade, (metodologias, formas de estar, culturas, organização). As capacidades necessárias para treinar estes escalões são muitas e complexas, mas ao mesmo tempo podem ser conduzidas em processos simples e muito eficazes.

PP: Nos treinos há uma vertente pedagógica educativa?

Telmo Paixão a dar instruções aos seus pequenos jogadores.
TP: Claro, sempre! Os pais inscrevem-nos na Escola Dragon Force porque os miúdos querem aprender a jogar futebol. E a nossa missão é ensinar, transmitir valores como o companheirismo, hábitos alimentares e desportivos. Todos os nossos alunos são acompanhados na escola, sabemos o que estudam e como se vão aplicando.

PP: Apesar de serem crianças muito pequenas, existe sempre alguma que mostra desde cedo aptidões e talento para o futebol. Sendo tu um dos responsáveis pelo treino delas, consideras este aspecto um factor motivante para o teu trabalho ou existe uma pressão externa para fazer destes miúdos jogadores cada vez melhores?
TP: O treino é sempre motivador por si só, tenha jogadores muito bons ou menos bons. Existe sempre algo que eles podem aprender e por isso existe uma responsabilidade muito grande. Também a pressão é enorme, pois a instituição que represento é associada sobretudo ao profissionalismo, competência e paixão pelo futebol. Esta é a pressão que existe, não a de “fabricar” jogadores cada vez melhores. No
entanto a responsabilidade dos jogadores e das equipas em jogarem cada vez melhor, ou seja, de aprenderem e adquirirem comportamentos desejados, é um objectivo fundamental delineado desde início.

PP: É possível neste patamar evidenciar crianças com potencial para virem a ser grandes estrelas no mundo do futebol?
TP: Sem dúvida. Existem muitos jogadores jovens com um potencial enorme. Agora é muito difícil prever um percurso que é tão grande e tão cheio de sobressaltos como é o caso da formação de um jogador de futebol que envolve cerca de 13 anos com inúmeras variáveis que podem castrar ou desenvolver o talento.

PP: Pretendes fazer carreira no mundo do futebol?
TP: Esse sim já é um sonho. Tudo o que faço tem em conta o mundo do futebol… então porque não hei-de fazer parte dele? Não quero dizer com isto que ambiciono ser treinador do Real Madrid, do Barcelona ou mesmo do F.C. Porto. Pretendo sim perceber cada vez mais cada problemática do futebol, cada conceito, cada jogo, cada momento… Sendo um apaixonado por este desporto só posso pensar em fazer carreira neste campo (entre risos). 


por: Sofia Ferreira

O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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