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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Perdeu-se a “lata”

A festa das latas e imposição das insígnias ou “latada” nem sempre foi como hoje a conhecemos. Quer a nível de festividade, quer a nível de espaço temporal, foi sofrendo alterações até à atualidade.

Nos fins do seculo XIX, esta festa tinha como objetivo celebrar o término do ano escolar e, portanto, o mês de maio acolhia a solenidade. 

Inicialmente, na década de 50/60, cada faculdade detinha o direito de albergar um cortejo distinto das restantes faculdades em dias singulares. Os estudantes fantasiavam-se com os mais diversos acessórios e  criticavam a vida universitária, o corpo docente e, claro, a conjuntura politica. Ao contrario do imaginado, nesta altura, o uso de latas não era vulgar. Só a partir de 1974, em ambiente marcado pela restauração da praxe e necessidade de unificação do programa festivo sob a égide da DGAAC, as latas haviam sido incorporadas.  Em 1979, a nova nomenclatura, (festa das latas e imposição das insígnias), numa festa a priori sem latas, assim como a transição da comemoração para o inicio do ano letivo, despoletou severas criticas no corpo estudantil. Aliava-se o inicio das aulas à receção dos novos estudantes da Universidade de Coimbra. Com uma posição mais interventiva e justificada por alunos de ensino superior, este marco assentava na apresentação de cartazes com teor politico e pedagógico mas bem aceites ao abrigo de mais uma brincadeira de estudantes.

Atualmente, o cortejo da latada é realizado num só dia, acolhendo todas as faculdades e institutos politécnicos desfilando desde a praça da república até à portagem (rio mondego)- local onde os caloiros são batizados pelos seus padrinhos/madrinhas.
Antecedendo as “noites do parque” que incentivam o divertimento e, claro, a alegria da ingressão no maior estabelecimento de ensino superior do pais. A serenata dá inicio a uma semana de atividades e convívio entre caloiros e doutores.

A critica politica bem como a conjuntura económica do pais não são o principal painel no cortejo dos caloiros contemporâneos. Dá-se primazia aos enfeites relativos às cores e saídas profissionais dos respetivos cursos.

Ao contrario da queima das fitas, o cortejo da “latada” escolheu a terça feira para levar à rua a tremenda festa a que hoje assistimos.
 por: Ana Laura Duarte, Joana Luciano e Patrícia da Costa


O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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