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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Do “Karate Kid” para o Taekwondo



Pedro Machado, vice-presidente, treinador e fundador da secção de Taekwondo da Associação Académica de Coimbra (AAC) descreve o orgulho que sente em desempenhar estes três papeis em simultâneo. 


Posts de Pescada: Para quem não conhece o Taekwondo, em que consiste este desporto?
Pedro Machado na taça de Portugal por equipas, em 2005
Pedro Machado: O Taekwondo é um desporto olímpico. Considero-o um jogo em que o objetivo é tocar e não ser tocado. Na AAC damos uma grande primazia à vertente da competição olímpica. Nesta vertente utilizam-se várias técnicas de pernas ao tronco. Neste caso, uma técnica de pernas direta vale um ponto e uma técnica rotativa vale 2 pontos. A cabeça é pontuável só com técnicas de pernas: se for um ataque direto vale três pontos e se for rotativo vale 4 pontos. Enquanto arte marcial, há a vertente da competição de técnica, em que se avalia a forma como se executam as técnicas; a vertente da defesa pessoal em que se adaptam as técnicas a situações de defesa pessoal para situações que possam eventualmente acontecer na rua; e a vertente de demonstração que tem vindo a ganhar alguma visibilidade em Portugal mas principalmente no estrangeiro onde já se realizam competições. Basicamente é isto, mais só mesmo experimentando.

P.P.: Como é feita a graduação do Taekwondo? Como se evolui nas cores dos cintos e quais os seus significados?
P.M.: Ideal e filosoficamente, quando apareceu o Taekwondo, existia uma única cor: o branco. À medida que era feito o treino, o cinto branco ia escurecendo porque uma das premissas da graduação do taekwondo é nunca lavar o cinto. Com o passar do tempo, o cinto branco evoluía até chegar a negro de tão sujo que ficava. Atualmente, as graduações iniciam-se com um cinto branco que simboliza a pureza; depois vai evoluindo para amarelo, verde, azul, vermelho e negro. Entre cada graduação há uma subgraduação: temos o branco, branco lista amarela, amarelo, amarelo lista verde, verde lista azul e por aí adiante até chegar ao negro. Pretende-se com a graduação diferenciar o nível que o praticante tem, saber há quanto tempo treina.

P.P.: Em que nível estás agora?
P.M.: Encontro-me na graduação de 4ºDAN, equivalente a Mestre, o que significa que dentro do cinto negro já me graduei quatro vezes. Prevejo, dentro de dois anos, fazer o 5ºDAN. Em termos de formação, sou treinador de 2º nível reconhecido pelo Instituto Português de Desporto e Juventude e para o ano irei tirar o 3º nível que, no futuro, me pode permitir concorrer a selecionador nacional.

P.P.: Como surgiu a tua vontade de praticar este desporto?
P.M.: Pode parecer estranho mas lembro-me de uma das minhas primeiras referências ser um filme do “Karate Kid” e de pensar “gostava de fazer estas coisas!”. Afinal, acabei por ir parar ao Taekwondo com que me identifico muito mais. Desde criança que me interesso pelas artes marciais. Iniciei a minha prática no Judo da AAC mas fui viver para Esmoriz onde não havia este desporto. Foi aí que tomei contacto com o Taekwondo.

P.P.: E nunca mais quiseste voltar para o Judo (risos)…
P.M.: Exatamente (risos). Não foi nada contra o Judo, identifiquei-me com o Taekwondo que para mim é uma forma de vida.

P.P.: Em que é que difere o Judo do Taekwondo?
PM: O Judo é uma luta de solo e o Taekwondo é realizado em pé, onde se privilegia as técnicas de pernas. Todas as técnicas são desenvolvidas de forma a serem rápidas, explosivas e dinâmicas para conseguir atingir o outro.

P.P.: Uma vez que és o fundador desta secção da Académica, conta-nos um pouco da sua história.
P.M.: Quando regressei a Coimbra para estudar, em 2000, tinha três títulos de campeão nacional na categoria de pesados. Vi-me numa situação: ou arranjava uma infra-estrutura onde pudesse continuar a treinar ou esquecia o Taekwondo, como a grande maioria. Como sempre gostei de lutar por aquilo que queria, fundei a secção de Taekwondo da AAC, que foi a primeira escola do distrito de Coimbra a ter este desporto. Correu tão bem que ainda consegui mais quatro anos consecutivos continuar a ser campeão nacional de pesados, até ter abandonado a competição. Lembro-me, e saliento, um ano em que a AAC participou com três atletas no Campeonato Nacional Universitário (CNU) contra equipas de vinte e trinta atletas em que ficou em primeiro lugar por equipas. Esse grande troféu ainda se encontra na Sala de Desporto Universitário.

P.P.: Qualquer pessoa pode integrar esta secção ou destina-se apenas a estudantes?
P.M.: Esta secção pretende dar a oportunidade a todos os estudantes e não estudantes de terem contacto com a modalidade. Damos uma grande preferência às classes infantis: temos uma turma dos três aos seis anos, outra dos seis aos onze anos e depois entramos nas idades de competição, que sou eu que treino.

P.P.: Sabemos que a atleta Raquel Constantino venceu este ano o primeiro lugar no Campeonato Nacional Universitário. Queres destacar mais algum resultado?
P.P.: A meu ver, esta secção tem vindo a obter muito bons resultados. Ao mesmo tempo que uma equipa estava no CNU, outra encontrava-se em Tenerife, de onde trouxemos três medalhas em cinco atletas. Gostaria ainda de salientar que no Campeonato Europeu Universitário, em Dezembro, participámos com dois atletas que só perderam com os campeões europeus. Neste momento temos um projeto de alto rendimento onde temos atletas que treinam treze vezes por semana. Considero que estamos a evoluir.

 por: Catarina Parrinha
 
*Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico

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