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terça-feira, 14 de outubro de 2014

“É sempre possível fazer melhor.”


Ana Sofia Ferreira licenciada em Comunicação Social pela Escola Superior de Educação de Coimbra, optou no ensino secundário por Línguas e Humanidades já com a certeza de que escolheria Jornalismo. Apenas com 21 anos de idade já trabalhou para uma rádio local e fez parte da Associação de Estudantes onde encabeçou projectos ligados à comunicação.
Coimbra com uma diversidade tão grande em projectos ligados ao jornalismo era impensável para ela não aproveitar essas oportunidades, deste modo, tirou proveito de todos os workshops, formações e até conferências e palestras, onde o testemunho dos oradores era um cunho importante para perceber como tudo funcionava. Após a conclusão de um estágio curricular na empresa SIC notícias encetou na equipa de jornalismo onde se encontra atualmente. 

Quando surgiu a certeza de que o jornalismo iria ser a tua profissão para a vida?
Pode até nem ser a minha profissão para toda a vida, mas certo é que há uma grande paixão que começou muito cedo… Contam os meus pais que depressa notaram em mim uma grande capacidade de comunicação e muita, muita curiosidade por tudo e todos os que me rodeavam. Nas idas ao supermercado, por exemplo, paragem obrigatória para falar um bocadinho com toda a gente… “Como te chamas?”, “Quantos anos tem?”, “E filhos, tem? Quantos?”, “O que faz(em)?” E tantas foram as vezes que eles, com alguma pressa, me negavam que os acompanhasse. À medida que ia crescendo, interessava-me cada vez mais pela escrita. Aos sete anos – conta a minha mãe - quis “escrever livros para meninos e meninas”, aos 15 anos comecei a escrever para o jornal da escola, e aos 17 decidi ocupar as minhas tardes na rádio Cardal. Já na faculdade, a passagem pela Televisão da Associação Académica de Coimbra, pela Cabra, o contacto que tive com a RUC, e até mesmo enquanto membro de Comunicação da AIESEC (plataforma internacional que possibilita o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens estudantes através de programas de trabalho em equipa, liderança e intercâmbio), permitiram-me ganhar competências que só alimentaram esta vontade incessante de poder um dia trabalhar na área. E apercebi-me de que diante todas as opções que o jornalismo me disponibilizava, a televisão e a rádio despertavam em mim um “gosto” especial. Mas, bem sei, que as nossas ideias, por vezes, se alteram e a juventude é uma idade promissora para paixões. O estágio foi o momento ideal para experimentar. Poder tirar as minhas dúvidas de perto, aprender com profissionais que há muito admirava, justo numa estação de televisão, para mim, de eleição, a SIC.

Como é licenciares-te e conseguires ficar numa grande empresa de comunicação?
É acima de tudo o reconhecimento de todas as horas passadas a trabalhar por paixão, dos fins-de-semana sem ir a casa, das tardes em que abdiquei de estar com amigos – como tanto me apetecia –, das noites de trabalho e da entrega diária ao exercício da profissão. Não foi tempo perdido.

Quais as dificuldades que sentiste ao integrar esta mesma empresa logo a seguir à licenciatura e ao estágio?
Findo o período de estágio não somos bons o suficiente para fazer tudo. É só mais uma etapa de aprendizagem. Seremos certamente melhores do que quando entrámos, mas temos muito para aprender. Confesso que me senti um pouco assustada ao início, pois agora mais do que nunca é altura de mostrar aquilo que valho. Estou rodeada de bons profissionais e quero estar à altura. Estar rodeada de bons profissionais e pertencer a uma grande empresa na área da comunicação traz também uma responsabilidade acrescida. Mas ter a oportunidade de fazer aquilo que gosto é um estímulo para trabalhar todos os dias com mais empenho e predisposição para fazer sempre mais e melhor.

Quais os teus planos em relação ao futuro? Ambicionas ainda mais para a tua profissão?
Creio que o “segredo” para o sucesso é mesmo esse… ambicionar sempre mais. Embora não faça grandes planos em relação ao meu futuro na empresa, ou até mesmo no jornalismo, há muita coisa que quero e ambiciono fazer. Nomeadamente voltar a trabalhar com a editoria de economia e política ou experimentar o internacional. Quem sabe até um dia opte pela rádio, outro sonho que não ficou para trás…

Que mensagem deixas aos licenciados e aos que estão a licenciar-se em comunicação social para o futuro?
Empenhem-se. Nunca se contentem mesmo quando o trabalho parece perfeito. Até porque nunca o é. Trabalhar para o grande público permite muitas opiniões divergentes. O que para muitos é bom e claro, para outros pode não ser. É muito importante ler e saber tudo quanto possível. É impensável informar os outros quando não estamos 100% à vontade com a mensagem que queremos passar. Sejam humildes, reconheçam sempre que há alguém com mais experiência com quem podem aprender. Quando tiverem dúvidas, tirem-nas. Não hesitem por achar que certas questões são mais ou menos risíveis. Até porque das questões mais simples às vezes saem as respostas mais importantes. Entreguem-se totalmente ao que fazem, o jornalismo é uma profissão sem horário, sem planos, na verdade é o inesperado que faz desta uma profissão tão mais interessante que todas as outras. Não esperem o amparo de uma “queda”. Não esperem elogios do vosso trabalho. Raramente os ouvirão, não por estar mau, mas porque é esperado que esteja bom. Esperem críticas e aceitem-nas. É sempre possível fazer melhor.



Marisa Neves

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