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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

«Voltar a Portugal, talvez na reforma»

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Patrícia Rua, 22 anos, é licenciada em Enfermagem, pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), desde junho de 2014. No entanto, exerce a sua profissão, na Suíça, país que a acolheu, desde abril de 2015.


Quais eram as suas expectativas após concluir a sua licenciatura? Esperava exercer a sua profissão, em Portugal?

Encontrar um emprego como enfermeira e puder desenvolver-me, tanto em termos profissionais, como pessoais. Crescer perto dos que são importantes para mim, e conseguir formar família, no país onde nasci e cresci. Enquanto frequentamos o curso todos nos dizem que o melhor é ir para o estrangeiro. Em Portugal não há oportunidades. Eu própria, dizia que seria a melhor opção, mas no fundo acredito que ninguém quer deixar o seu país, o seu cantinho, neste nosso Portugal. Durante este período, a realidade de emigrar foi-se tornando cada vez mais forte.


Uma vez que já tinha essa ideia inicial, de partir para o estrangeiro, ainda procurou encontrar trabalho, no nosso país?

Licenciei-me na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), em junho de 2014. Durante cinco meses, enviei currículos como resposta a anúncios, fiz candidaturas espontâneas, fiz formações, fui aos locais onde tinha realizado estágios, durante o meu percurso académico e inscrevi-me no Centro de Emprego. Mas nada, rigorosamente nada. No final desse tempo, consegui um part-time, como enfermeira num Laboratório de Análises Clínicas, onde trabalhava cinco horas, por semana. Depois, como vivia numa aldeia, comecei a prestar cuidados de enfermagem ao domicílio, cerca de 14 horas semanais. Portanto, apenas trabalhos precários, não o emprego que desejava.


A presidente da ESEnfC - Maria da Conceição Bento, afirmou recentemente, que: “a escola está confiante dos desafios que se colocam no mundo”. No seu caso, o que a fez abandonar o nosso país e partir pelo mundo?

Para conseguir estudar, em Portugal, fui obrigada a contrair um empréstimo bancário. Agora, no final da universidade, tinha de começar a pagá-lo. Para mim, nestas condições, a única opção seria mesmo emigrar, para procurar um emprego e puder cumprir com as minhas obrigações. A seguir, a decisão a tomar era escolher para onde ir, pois tinha como opções, a Inglaterra, para onde foram muitos colegas meus, ou a Suíça, para onde o meu pai tinha emigrado, há três anos atrás. A decisão não foi difícil, escolhi ficar perto da família.


Como é que foram os primeiros tempos, dessa sua aventura, por terras helvéticas?

Cheguei à Suíça a 8 de abril, deste ano e durante 3 meses fui procurando trabalho, junto das agências de trabalho temporário, respondendo a anúncios de jornais e da internet. Nesse período, frequentei um curso para aprofundar o Francês e comecei a procurar os procedimentos necessários para ter o diploma de enfermeira reconhecido, na Suíça. Não foi fácil, mas consegui fazer um pequeno estágio num Etablissement Medico-Social (EMS), que se equipara aí, a um lar de idosos. Depois do estágio, propuseram-me trabalhar como auxiliar de saúde. E, é claro que aceitei, pois nesse momento o que mais queria era começar a trabalhar.


Quais são as principais diferenças, entre Portugal e a Suíça, que sentiu quando chegou a um novo território?

Em poucas palavras, é a qualidade de vida. Esperava chegar à Suíça e rapidamente arranjar um emprego bem remunerado para, no mês seguinte, ir a Portugal matar as saudades de tudo e que começam logo no momento que decidimos emigrar. Depressa, percebi que não eram expectativas reais. Certo é que, já consegui voltar ao nosso país.


E para terminar, podemos saber se pensa ou pondera, algum dia, voltar para Portugal?

Talvez na reforma. Para mim, é certo que vou tentar construir família na Suíça. No futuro, espero que o meu namorado queira vir ter comigo, para continuarmos a crescer juntos, para construirmos juntos o futuro que tantas vezes sonhámos e planeámos.

Fábio Mendes (2013869) [Grupo 2]

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