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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

“Construir o futuro com o futuro”



Pedro Cruz, 27, fotojornalista há quatro anos, transformou uma exposição fotográfica da sua autoria sobre a erosão costeira nas praias a sul da Figueira da Foz, num jornal designado Alerta Costeiro 14/15, com o objetivo de angariar donativos para reflorestar a zona destruída pelo mar nessa zona. 

 

-Como começou o projecto e o que o motivou a criá-lo?
Este projecto surgiu de uma forma natural. Decidi usar parte do trabalho diário que andava a produzir para os jornais e transformá-los num Alerta referente ao avanço do mar/erosão costeira em S.Pedro. É um trabalho foto documental que goza da liberdade que exige a um fotojornalista freelancer.
Fui inicialmente convidado pelo presidente da junta de S.Pedro para fazer a exposição fotográfica. No entanto, a exposição nunca chegou a ser realizada, devido a uma exigência que o mesmo me fez e eu não cedi. Ele não queria que a foto em que estava o ministro, o presidente da câmara e o presidente da junta, fizesse parte da exposição. Isto aconteceu em Janeiro, depois surgiu a ideia de fazer a exposição em jornal.
                                   
-Qual é o seu objectivo com esta iniciativa?

O jornal foi lançado no dia 8 de Junho, dia mundial dos oceanos, com um objectivo e uma causa, distribuir gratuitamente 500 jornais e plantar 500 árvores. Queria reflorestar a zona destruída pelo mar. O objectivo foi duplicado, conseguimos angariar dinheiro para 1000 árvores.

-Alguém o ajudou nesta causa?

O jornal foi financiado por mim, mas foi produzido por uma editora, “Palmier Books”.

-Quem irá plantar os pinheiros?

Falei com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e logo ficaram agradados com a ideia. Dia 23 de Novembro, vamos plantar os 1000 pinheiros mansos. A plantação vai ser feita pelos mais novos, escolas escuteiros, associações e claro, todos aqueles que queiram participar. É uma iniciativa aberta a todos. A ideia é sensibilizar os mais novos para a questão da erosão costeira e avanço do mar.

-Quais foram os maiores desafios durante este projecto?

Tive muitos problemas, Existiu aproveitamento político, alguns políticos da cidade aproveitaram para fazer política do assunto, nomeadamente os do PSD, fizeram textos de opinião, levaram o assunto à Assembleia de Câmara, etc. Quando a principal e única razão do mesmo existir era apenas um alerta à questão da erosão costeira, este trabalho não tem cor política. 
Tive também dificuldade em encontrar um local para apresentar o jornal, as pessoas tinham medo. Não foi fácil arranjar pontos de distribuição para receber o Alerta Costeiro.

-O jornal foi apresentado na Casa dos Pescadores, existiu adesão por parte das pessoas?

Sim, tive presentes cerca de 100 pessoas na apresentação do jornal.

-Para que instituição vão os donativos angariados?

Nenhuma, o dinheiro ficou comigo, os pinheiros fui eu que comprei e já estão comprados.

- Qual a sua ambição com este projecto?

A minha ambição é apenas uma. Sensibilizar as novas gerações para a questão da erosão costeira, e neste caso específico, fazer alguma coisa por aquela zona, algo que não seja apenas desfigurar a costa portuguesa. Voltamos a começar do zero. Espero que esta missão reflorestação seja a primeira de muitas.
Pretendo construir o futuro com o futuro. O alerta está dado!



 
Paula Ferreira
Grupo 10

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