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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Seguir um sonho não é um conto de fadas

Seguir aquilo que se gosta poderia ser semelhante a um conto de fadas, onde não há dias cinzentos ou preocupações. Mas, muitas vezes não é isso que acontece. Esta portuguesa que pede para não ser apresentada, saiu de Portugal aos 18 anos para seguir a sua paixão por fotografia. Hoje mostra-nos como está a correr o seu “conto de fadas” e como iniciou uma vida nova num país novo e desconhecido.

Sempre de máquina na mão a captar o que a rodeia

Como é que decidiste ir para Londres estudar fotografia?

Fotografia foi a área pela qual me interessei mais depressa, mas depois de ter estado um ano a estudar outras coisas descobri que design gráfico me interessa bastante também. Eu decidi vir para Londres muito de repente mal soube que havia essa oportunidade. Eu soube disso numa quarta e sexta já estava a tratar da minha candidatura à universidade. Estive um ano na universidade em Portugal o que serviu para ter a certeza de que estava na área certa e que era aquilo que queria fazer na minha vida toda, mas não estava a aprender o suficiente porque a qualidade de ensino não é a melhor. Queria aprender o máximo possível dentro da área e achei que em Londres isso ia acontecer.

O que tiveste de mudar e fazer para conseguir criar uma vida sozinha noutro pais? 

Em primeiro lugar tive de ganhar coragem e mentalizar-me de que ia mesmo deixar o meu país e a minha mamã (risos). Tive de me tornar mais autónoma em todos os aspectos e, não sei, ainda nem hoje acredito muito bem que isto aconteceu. O processo de adaptação foi incrivelmente fácil apesar da mudança ter sido enorme. Foi bastante complicado adaptar-me ao facto de ter de estudar e trabalhar ao mesmo tempo...não foi bem complicado, mas algo que não estava de todo habituada em Portugal. Não é algo necessariamente mau, eu sinto que tenho crescido bastante rápido desde que cheguei e cada vez me foco mais no que realmente quero fazer. É um esforço que faço agora mas penso que vale bastante a pena, não me arrependo nada.

Como é que consegues conciliar os estudos com o trabalho?

É muito complicado. Passo muito pouco tempo em casa, é quase universidade trabalho - trabalho universidade. Há dias em que fico completamente "morta", mas vale a pena. Só quando se gosta mesmo a sério de algo é que todo o esforço compensa e é também isso que me impede de desistir. 

Todo o esforço que estás a fazer compensa o ensino que estás a ter na Universidade?

Sem dúvida. Eu quando estava em Portugal pensei várias vezes em deixar de ir as aulas porque sinceramente fazia muito mais em casa e era uma perda de tempo. Foi aí que me comecei a questionar se valia a pena perder 3 anos só para ter um diploma - porque conhecimentos não ia adquirir quase nada. As aulas em Portugal eram bastante autónomas, não havia muita interacção entre o professor e o aluno, aqui é completamente diferente. Eles fazem questão de te ajudar e que aprendas tudo. Aqui o curso também é muito mais especifico e livre, dão-te imensa liberdade nos trabalhos de aula. Em Portugal é tudo muito abrangente e acaba-se por não se saber quase nada sobre cada área que o curso engloba. Aqui também se focam em ensinar-nos a trabalhar tanto com o digital como à mão e com os métodos tradicionais. Ou seja, eles preparam-te para criar algo mesmo bom em quaisquer circunstancias e condições.

O que planeias fazer quando terminares a licenciatura?
Eu ainda não pensei muito nisso mas gostava de fazer mestrado numa área mais especifica como fotografia, em Londres também, sem dúvida alguma.

Gostaste mesmo de Londres! Conseguiste adaptar-te bem à cultura e ao facto de teres de deixar de falar português no dia a dia?

Em Londres há muitos portugueses por isso nunca vou deixar de falar a minha língua materna a 100%. Mas eu não acho que tenha sido complicado ter deixado de falar maioritariamente português no meu dia a dia. Até foi fácil desde o inicio. Relativamente à cultura...só ainda não ponho leite no chá (risos).

Inês Coutinho
(Grupo 5)

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