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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Tinta por tinta

O profissional que investe o seu dinheiro e abre um estúdio de tatuagens para exercer a sua paixão pela arte corporal, ainda hoje, não vê reconhecida a sua profissão com a naturalidade, o rigor e a clareza que merece.
João “Che”, ex-delegado de informação médica, actual tatuador e body piercer com estúdio aberto em Coimbra há mais de uma década, fala-nos disso. No Portal das Finanças não existe um CAE para tatuador, no acto de activação do seguro contra acidentes de trabalho assina como esteticista, em tribunal é aconselhado a apresentar-se de fato e gravata com as tatuagens completamente encobertas. Nas suas palavras, o país ainda enferma de muito atraso e a discriminação não é tão utópica quanto fazem acreditar os vinte e um séculos de história já percorridos.
Apesar disso, e porque a evolução, embora vagarosa, vai ganhando o seu lugar, o tatuador conta-nos que, no seu estúdio de classe média-alta, não existe um padrão de clientes ou de estratificação social: tatua desde estudantes e professores a juízes e médicos. - (Ver reportagem)
Estivemos à conversa com Júdite, amiga e cliente de João, que, sendo médica, desvaloriza o facto de a tatuagem ser, ainda hoje, vista como uma escolha marginal ou bizarra. Aqui (Ver podcast), recorda como surgiu o seu gosto por esta forma de arte corporal e testemunha um episódio em que uma paciente se recusou a ser observada por si – “uma médica suja”. Assevera que, em Portugal, a regra geral continua a ser a da discriminação e que tem muita pena de quem é preconceituoso e retrógrado.
Os estúdios de tatuagem e de body piercing não são como a maioria da população ainda quer fantasiar. A imagem fora-da-lei e bairrista que se generalizou nos anos 90, com as primeiras casas de tatuagens a surgir em Lisboa no Bairro Alto, algumas em condições de higiene e segurança muito reprováveis, já não é uma realidade. A Fruta da Época, um estabelecimento moderno, a cumprir todos os requisitos legais e de bom gosto, foi, por nós, o exemplo escolhido para trazer à tona o conceito ideal de estúdio de tatuagem (Ver fotografias).
A nossa pesquisa não poderia estar completa sem a confirmação estatística dos depoimentos in loco que viemos a recolher durante estes meses de trabalho. Apresentamos, então, em género de infografia(Ver infografia), dados como as faixas etárias mais tatuadas no nosso país, os tipos de tinta mais utilizados e as tatuagens mais pedidas, bem como algumas sugestões de onde se tatuar em Coimbra.

Trabalho realizado por:
Cristiana Barreto;
Daniela Rocha;
Leonor Candeias;
Rubina Mendes

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