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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Crónicas/Artigos de Opinião

Realidade do Tempo

A pobreza é um fenómeno social presente em todo o mundo. Entende-se pobreza como carência material, muitas vezes consequente da falta de recursos económicos, carência social e a chamada “pobreza de espírito, no meu entender a mais grave de todas. Embora não pareça, eu de vez em quando até penso nesta problemática, sobretudo quando convivo de perto com este tipo de realidade. Acho que é normal, as pessoas só tomam consciência das coisas quando as situações lhes aparecem à frente.
            “Pobreza de espírito” acho que toda a gente tem um bocadinho, mas há uns que abusam. Esses são aqueles que podiam viver muito bem, em termos económicos e sociais, mas não vivem porque não são orientados. A pobreza económica é um pouco mais complexa, pois pode englobar o tipo de carência atrás referido, mas também pode dever-se à pouca sorte em termos de emprego ou mesmo ao contexto social onde o indivíduo está inserido.
            Mas o centro da minha questão não é bem esta. Como toda a gente sabe, existem pessoas que vivem na rua em todas as cidades, e como já se tornou um hábito, muitas vezes a maioria de nós passa por elas e nem liga a essa situação. Obviamente não podemos ajudar todos os que encontramos, então arranjámos este escudo de defesa que é “passar e andar”. Nós como cidadãos que fazemos parte de uma sociedade cujo objectivo deveria ser pensar no bem de todos e não só em nós, de forma isolada, devíamos ter o dever moral de ajudar e integrar este tipo de pessoas na nossa sociedade. Mas esta coisa de pensarmos só em nós e não no grupo também tem consequências noutras áreas da sociedade, porém agora não interessa entrar por esses caminhos.
            Junto à paragem onde normalmente apanho o autocarro está um quiosque. Enquanto espero pelo tal transporte vou passando os olhos pelas capas dos jornais e revistas que se encontram expostas. Há umas semanas, estava eu nesse ritual e chamou-me à atenção um título que dizia, mais ou menos (já não me lembro bem), que a maioria dos sem-abrigo sofre de doenças mentais. Não sei especificar a razão, mas essa ideia anda na minha cabeça até agora.
O facto é que tenho contactado com alguém que, pelo que eu me apercebo, tem este perfil. Quando vi a manchete no quiosque pensei logo, aquele faz parte daquele grupo. O senhor é um dos sem-abrigo da cidade e antes de eu começar a contactar com ele, era só mais um. Agora é aquele que me pergunta às 3 da tarde se já são 7. Faz sempre a mesma pergunta. Ao início eu passava-me um bocado, porque achava que ele estava a gozar comigo. Mas com o passar do tempo, verifiquei que aquele comportamento não era muito normal. Às vezes chega ao pé de mim e aponta para o pulso para eu lhe dizer as horas, nem sequer fala. É estranho, mas de todos ele foi o que me chamou sempre mais à atenção.
            Fui procurar mais informação sobre o assunto e apercebi-me de que, claramente, eles não procuram ajuda porque não se aperceber da doença que têm e não há ninguém que os ajude. Estas pessoas têm mais tendência a ter este tipo de patologias pois estão sujeitas a condições de risco como a falta de nutrientes, devido à falta de comida, também à chuva, ao frio, à solidão, algumas vezes a dependência do álcool e de drogas.
            Estas pessoas devem ser ajudadas porque são seres humanos. A sociedade deve apoiar, deve integrar, deve acreditar nas pessoas que a constituem. Consciencializarmo-nos de que há pessoas carenciadas é o primeiro passo, depois basta agir. Ajudá-las faz-nos crescer, torna-nos mais humanos e contribuímos para uma sociedade melhor.
                Elaborado por: Joana Santos, Grupo 2



Natal… pouco Cristão!
Falta pouco mais de um mês para o dia mais importante para todos os cristãos – o Natal.
As ruas já aparecem enfeitadas. Os centros comerciais parecem mais bonitos e iluminados que nunca. Por momentos esquecemos a crise, a dor nas costas, o raio do emprego, as filas de trânsito e o frio que nos congela até aos ossos.
Está quase a chegar o dia! Aquele dia em que há muitos séculos atrás nasceu o tal que foi considerado o nosso Salvador - Jesus Cristo!
Mas então não era o Natal que estava a chegar? Sim é o Natal. Mas foi no dia 25 de Dezembro que Jesus Cristo nasceu. Recordam-se? Pois se calhar não… já foi há tanto tempo!
É com este tom de confusão que o Natal chega até nós, mais um ano.
Se em tempos o dia 25 de Dezembro era um marco deveras importante e com enorme significado cristão para as pessoas, hoje em dia a história é outra!
São poucos os que associam este dia, logo “à primeira” como aquele em que nasceu Jesus, porque ultimamente, e desde há alguns anos o Natal significa… troca de presentes!
Parece cliché mas é verdade. Actualmente já ninguém associa esta data ao mais importante acontecimento da vida de um cristão e tudo por culpa de quem? Ou de quê?
Será que a culpa é da nossa falta de fé, será que é do consumismo que parece conquistar cada vez mais as pessoas, será um misto das duas coisas ou será por outra razão qualquer?
O que é certo é que actualmente a definição de Natal mudou! Antes Natal era “a solenidade cristã que celebra o nascimento de Jesus Cristo”, no entanto agora passou a ser grande festa, onde se gasta o que não se tem e só se anseia pela meia - noite para se receber um presente caro e bem bonito!
Actualmente já não é solidariedade, paz, reunião, amor e todas aquelas coisinhas bonitas que aparecem nos slogans dos cartõezinhos alusivos à época! Ou se calhar até ainda é… se considerarmos que os cartões que por vezes vêm agarrados aos sacos, sacos e mais sacos de compras que todos fazemos nesta época, tiverem uma pequena e bela dedicatória natalícia!
Agora já ninguém se lembra do moço deitado nas palhinhas, numa manjedoura, embrulhado em panos. Agora já ninguém quer saber se ele deu a vida por nós. Já ninguém se interessa se ele sofreu ou não.
Vivemos num mundo sem esperança e sem solidariedade, onde cada vez mais, olhamos unicamente para nós e para o nosso próprio umbigo.
E o Natal, só vem confirmar aquilo que acontece durante o ano todo. Que não passamos de uma sociedade consumista, que já não nos interessamos pelos que estão doentes, pelos que não têm casa, nem um prato de sopa para a ceia natalícia.
O que importa realmente é que nós próprios estejamos bem, que tenhamos muitas coisas boas nesta ceia… e mais importante que tudo, que nos dêem muitos e bons presentes! De preferência caros e que façam inveja àquele ou àquela que tanto detestamos.
Pois é. Realmente pensando bem o Natal é isto mesmo.
Mas o que mais me intriga é que, se somos um país predominantemente cristão, onde raio é que os católicos se enfiam neste dia do calendário?
Hã?! Sinceramente, por mais voltas que dê à cabeça, não faço ideia de onde poderão estar!
Uma coisa é certa! A esta hora Jesus deve estar a desejar ter o poder da Coca-Cola! Sim! Só ela tem o poder de se tornar inesquecível e conseguir mudar aquilo que mais ninguém consegue.
            Ainda se lembram de qual era a verdadeira cor da roupa do Pai Natal, antes dela???


Elaborado por:
Daniela Nogueira
Grupo 2

               

Consumo Toca e Foge


Os centros comerciais são hoje palco de autênticas batalhas consumistas, chegando a existir processos de compra nas lojas mais acessíveis semelhantes a cenários de guerra.

A pessoa que passeia nos corredores, de mente alheia ao que se passa em redor, depressa é puxada para um verdadeiro cenário de guerra. A sensação de terror começa ainda antes de entrar na loja, com montras camufladas de cores berrantes, conjuntos de vestuário que ascendem a perfeição e por vezes letras garrafais que nada dizem. O cérebro humano entra num estado de hipnose tamanho, que a sua única vontade, é entrar.

Assim que entra, a história altera-se para algo definitivamente mais grave. O possível comprador é bombardeado por expositores carregados com roupa, divididos por cores e provavelmente desarrumados, devido á imensa vontade de trabalhar da grande maioria dos colaboradores. Para o momento tornar-se rapidamente claustrofóbico, a visão do cliente é inundada com preços tomados por atractivos, e que escrevem barato nas suas órbitas. Belos preços acrescentados com .99 cêntimos, que não são verdadeiramente baratos mas sim aliciantes ilusões ao olhos do hipnotizado.

A situação realmente entra em calamidade total quando os funcionários situados em diferentes locais da loja vêm em direcção da pessoa que vagueia hipnotizada, no intuito de conseguir vender quer seja um casaco sem botões ou uma camisola quase esburacada.

A cada dois passos que dá, o comprador é alvo da pressão dos funcionários quando cada um deles lhe faz a fabulosa pergunta “Precisa de ajuda?”. No entanto, quando lhes é respondido não, estes insistem em entrar em modo de perseguição e em tornarem-se na sombra do comprador, chegando ao ponto de se manterem estáticos a darem “festinhas” à roupa e a estarem constantemente com os olhos postos no que a pessoa está a observar. Tudo isto é de tal maneira surreal que ao invés de ajudar a vender, está a colocar o cliente numa posição extremamente constrangedora que só o afasta em vez de o manter na loja.

Sendo assim, emerge ainda uma outra questão igualmente pertinente no que toca ao decurso de uma compra. Dá que pensar se nos centrarmos no facto de que à entrada da zona dos provadores das lojas existe possivelmente uma placa que assinala o número de peças de vestuário que pode ser experimentado de cada vez. Vejamos o propósito do limite de peças: manter a organização e talvez impedir roubos. Ainda assim são raras as ocasiões em que se encontram funcionários a fazer a contagem das peças que entram e saem. Para contrabalançar a enorme quantidade de tempo que os colaboradores dedicam a fazer este trabalho, são empreendidas somas impensáveis em alarmes para roupa, chegando a existir peças com cerca de cinco alarmes.

Resumindo, não existe ninguém para fazer a contagem das peças, mas existe um número limite. Nenhum funcionário, mesmo que seja essa a sua única função, dedica o seu precioso tempo a verificar se foram ou não roubadas, mas são lhes colocados imensos alarmes para jogar pelo seguro.

Todos estes fenómenos não parecem ser de uma sociedade consumista, direccionada para o lucro e para a venda, e com certeza os profissionais da publicidade e do marketing devem dar voltas na cama por verem o seu trabalho desprezado no ambiente das lojas. As lacunas no processo de venda e compra são rapidamente denunciadas nas lojas de marcas economicamente mais atractivas. Basta fazer a experiência, entrar na loja, tentar não ser assoberbado pela confusão e desinformação e rapidamente as falhas começarão a mostrar-se.

Eu chamo-lhe consumo toca e foge. Se ficar muito tempo mergulhado na paranóia comercial, das duas, uma, ou comprou tudo menos o que necessitava, ou ficou com tal impressão da loja que só pensou em fugir.


Soraia  Santos
Grupo 2




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