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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Entrevistas - grupo 2

 “Eu sempre tive muito jeito de mãos”

            Manuel Ventura, pintor autodidacta, abre o seu baú de memórias e relembra a altura em que começou a pintar. Antes de se estabelecer definitivamente numa vila nos arredores de Coimbra, conta as suas passagens por Moçambique e Loures.



Ainda se lembra do primeiro quadro que pintou?
Sim, lembro-me do primeiro que fiz. Comecei a pintar em 1970, mas antes já fazia bijutaria e tapeçaria. Mas o primeiro trabalho que fiz em pintura foi um motivo de Coimbra, a torre da universidade. O material usado foi a entretela. Antes deste trabalho já me tinha interessado por este tipo de arte, mas nunca tinha feito nada de jeito.
Como começou a interessar-se por arte?
O interesse nasceu em Moçambique, quando fui para a guerra. Comecei a aprender a utilizar as missangas com os africanos. O bichinho de mexer com as mãos veio de lá. Eu sempre tive muito jeito de mãos, desde pequenino. O africano é especialista nas artes. Lá fiz muita coisa bonita com missangas desde colares, pulseiras, brincos, sei lá…muita coisa.
A pintura, para si, é pura vocação?
Sim, eu comecei a pintar sozinho, ninguém me ensinou. Não tenho cursos nenhuns, tudo o que aprendi é mesmo “pura vocação”. Eu sou um autodidacta. Nunca quis frequentar nenhum curso superior, eu já sabia tudo o que queria.
Esteve na guerra em África, como foi essa fase da sua vida?
Eu fui para Moçambique para a tropa e estive lá durante 26 meses. Como a minha função era a de telegrafista, não saía para o mato, passava a maior parte do tempo no posto de rádio, dentro do quartel. Isto dava-me algum tempo para aprender a trabalhar com as missangas através da ajuda dos africanos. Lá tinha muito tempo para isso. Mais tarde mudei de quartel e aí já não havia tempo para fazer este tipo de trabalhos, foi nesta altura que surgiu o desporto, o futebol. O desporto era algo que qualquer militar fazia, dava força para continuar lá.
Foi uma época traumática para si?
Eu mentalizei-me que tinha de lá estar. Houve uma vez em que o quartel foi atacado e eu fui para o hospital. Para mim, só foi doloroso porque foi uma guerra que eu nunca aceitei. Mas como estava mais no quartel, estava mais resguardado; embora tivesse tido também alguns problemas. As mortes que existiam lá eram muito dolorosas. Um quase que morreu nos meus braços. Foi muito chocante. São estas situações que nunca se esquecem e fizeram com que eu me tivesse vindo embora….mas arrependido.
Gostava de regressar a Moçambique?
Sim, gostava. Moçambique, para mim, era um país espectacular. Tem uma cultura completamente diferente da nossa, é um povo mais compreensivo. São pobres, mas são muito avançados. Era um país onde eu gostava de viver. Eu arrependi-me de não ter ficado lá, só voltei porque estava farto de tropa. Queria fugir à farda! Até me convidaram para ficar lá, queriam que eu fosse para uma empresa de navios na África do Sul. Eu tinha só a quarta classe, na altura tínhamos condições, que alguns hoje com o 12º ano não têm. Eu queria era regressar a casa, eu não conseguia aceitar a guerra.
Em que ano regressou a Portugal?
Em 1996.
O que fez quando cá chegou?
Vim para Loures, onde trabalhei nos telefones, a actual Portugal Telecom. Quando cá cheguei queria continuar o trabalho da bijutaria e da tapeçaria, sem nunca perder o desporto. Nunca pensei em pintar! Cá tinha um pequeno ateliê, o que antigamente nós chamávamos o cubículo, por baixo do vão das escadas. O meu senhorio deixou-me utilizar aquele espaço para não estar dentro de casa. Então utilizava o cubículo para a bijutaria. Mais tarde, devido a problemas familiares, regressei a Coimbra, que é a minha terra natal.
Nessa altura, ocupava-se da arte em que períodos do dia?
Normalmente era aos serões, porque eu tinha o emprego e os treinos. Então era à noite que me dedicava ao artesanato.
O que o fez deixar a tapeçaria e a bijutaria?
Aborrecia-me muito o facto de as pessoas copiarem tudo, então percebi que com a pintura era mais difícil fazer cópias. Era algo único. Um dia eu vinha do treino, cá já fazia atletismo, e passei numa loja em Loures, onde parava sempre, que era onde eu comprava as lãs. Estavam lá umas senhoras a comprar entretela; eu nunca tinha visto e nem sabia a sua utilidade. Quando elas se foram embora eu disse: “Ó dona Inês meça-me aí um metro de entretela.” E ela disse-me assim: “O que é que o senhor Ventura vai inventar desta vez?” Ela já sabia que eu andava sempre à procura de novas coisas. Eu só lhe dizia que não sabia, que ia ver para o que é que o material dava e depois logo se via. E assim foi, eu levei aquele material e comecei a trabalhar com ele. A entretela nasceu do facto de as pessoas quererem copiar tudo e com esta minha técnica isso deixou de acontecer. A tapeçaria leva muito tempo a fazer, na bijutaria é preciso ter jeito e criatividade para não ser sempre igual.
Começou a dar aulas de pintura. É possível um pintor, em Portugal, viver só de pintura?
Não é fácil, é impossível. Não se consegue. Não se vive só com isto, morre-se à fome. As pessoas daqui de Coimbra não dão valor a este tipo de trabalho. Em Loures as coisas eram completamente diferentes. Eu na Câmara de Loures estava muito bem implantado, quando cheguei aqui, à minha terra, foi uma desilusão. A zona de Coimbra só é boa para a cultura do estudante universitário.
Qual o valor máximo atingido pelos seus quadros?
Isso é tudo muito relativo, eu vendi um quadro, do “Camões” por metade do preço. As pessoas não aceitam o valor real. Também vendi uma “Rainha Santa” por 300 euros, ela estava por 500. As pessoas não têm noção do trabalho e do material que se gasta com uma obra deste tipo. O que me pagam não cobre o valor real da obra.
Que tipos de pessoas é que lhe costumam comprar peças?
Algumas pessoas que compram estes trabalhos são de cá da terra, mas são muito poucas. São mais os de fora que vêem comprar e são normalmente as pessoas mais cultas, as que têm mais conhecimentos. O problema é que aqui ninguém percebe minimamente de pintura. Na escola não existe nenhuma disciplina de pintura, ninguém ensina nada disto aos miúdos. É por causa do desconhecimento que ninguém dá valor a isto. Muita gente passa aqui à porta, olha cá para dentro e fica admirada por ser eu a fazer isto tudo. As pessoas não têm noção. Elas não querem acreditar e isso deixa-me aborrecido.
Foi influenciado por algum pintor? Com qual se identifica?
Sim, por Michelangelo. Gosto muito da arte dele porque tem a técnica do minucioso, que eu faço. Todo aquele pormenor é onde eu me enquadro. O meu trabalho tem de ter sempre um detalhe. Prefiro que o trabalho demore mais tempo e tenha pormenores. Gosto muito de fazer a parte do rosto, os tons de pele e de jogar a personagem com todo o enquadramento. Se não tiver pormenor, para mim já não tem graça.
Qual a sua técnica de marca?
 É sem dúvida a entretela.
Quando é que descobriu a entretela?
Foi por volta da década de 80 em Loures.
Pode defini-la?
A entretela é a parte principal do meu trabalho, que é do que eu gosto mais de fazer. A maior parte dos meus trabalhos são feitos a partir desta técnica. A entretela é aquele tecido que se aplica nas roupas para fazer volume ou reforço. Tem a parte opaca e a de brilho e eu trabalho na parte opaca que é tal e qual como se fosse uma tela. Aquilo é colado com cola num vidro, desenha-se o motivo na entretela e depois de seco a cola fica transparente e aplica-se o verniz feito por mim, que é o tal segredo. Após estes últimos passos é só começar a pintar.
Muitas pessoas já pediram para revelar o segredo, porque não o revela?
Gostava de deixar esta técnica a alguém que fosse perito no assunto, para seguir este ritual de fazer o verniz. Até ver ainda não encontrei a pessoa certa para passar o testemunho. Ainda não tive nenhum aluno nem ninguém que se interessasse por isto. É preciso muito trabalho e sobretudo muito gosto.
O que gosta mais de pintar?
Gosto muito das cores de fogo. O bordeux, o laranja e o amarelo-torrado são os meus tons preferidos. A minha casa está toda decorada com estas cores.
Tem alguma força interior que o influencia na feitura dos seus quadros?
Assumo que tenho um lado espiritual. A fé ajuda neste tipo de trabalho, puxa muito por nós. Acreditar em algo transcendente também é uma forma de arte. A crença faz com que nunca percamos a esperança. Eu sou um devoto de S. Francisco, porque ele é o mais perfeito, o mais completo, o mais humano. Gostava de ter ido para um convento franciscano, eles trabalham para a humanidade.
Quando começou a expor os seus quadros?
Foi em Loures que comecei a fazer as exposições. Toda a gente elogiava o meu trabalho. Era muito bom! Agora costumo fazer nos hotéis, fiz recentemente no Hotel D. Luís, e num restaurante aqui perto. Já fiz no Parque Verde, na altura da festa da Rainha Santa, já fui dois anos seguidos a uma festa em Ceira e fiz cinco anos seguidos na Expofacic, em Cantanhede.
Fez uma colecção sobre os motivos de Coimbra, o que o levou a fazê-la?
O objectivo era mostrar a minha cidade a partir de uma técnica de pintura única.
Neste momento, qual é o seu sonho?
O meu sonho é fazer uma exposição em Coimbra onde eu me torne mais visível, os hotéis são pouco visíveis, só as pessoas que estão no hotel é que vêem. Gostava de trabalhar com mais alguém, uma pessoa que me ajudasse, que visse de uma outra perspectiva o trabalho para melhorar cada vez mais.
Actualmente, dedica-se apenas à pintura ou tem outra ocupação?
Sim, vivo apenas disto.

Joana Santos



"O jornalista precisa "reciclar-se"!"


Caída, como se de um para - quedas se tratasse, no mundo do jornalismo Salete Costa, apesar da sua tenra idade, conquistou “um lugar ao sol” na profissão que nunca pensou vir a exercer.
Jornalista há pouco mais de cinco anos, é actualmente a principal colaboradora do jornal regional “Notícias de Vouzela”, papel que concilia com a sua mais recente vitória – o cargo de directora adjunta da mesma publicação.



1.  Porque decidiu ser Jornalista?

Foi um pouco por pára – quedas. Eu estava na área de científicos e tinha uma média razoável que supostamente daria para entrar em enfermagem que era o que eu na altura queria, não pela paixão pela profissão mas sim pela saída profissional. Mas nesse ano as médias subiram muito e eu acabei por não entrar. Como estava convencida que conseguia entrar em enfermagem acabei por colocar como última opção jornalismo em Portalegre, que era a cidade que tinha escolhido para tirar enfermagem e acabei por entrar nessa opção. Na altura não fiquei nada contente mas combinei com a minha mãe que ia experimentar e ficar até ao Natal. Entretanto quando comecei a estudar jornalismo, já não queria outra coisa. E foi assim que fui parar ao jornalismo.

2.  Quais os requisitos para ser um bom jornalista?
É uma pergunta difícil mas da minha pouca experiência eu acho que para ser um bom jornalista o essencial é a humildade. É preciso ter a noção que nós nunca sabemos tudo, especialmente os jornalistas que falam sobre muita coisa mas não conhecem muita coisa. Nós (os jornalistas) conhecemos um bocadinho de muita coisa mas para informar com rigor é preciso saber ouvir outras pessoas e aceitar críticas, que é muito importante. É preciso também admitir quando erramos ou quando deixamos passar, por descuido, alguma falha.

3.   Quando saiu da faculdade e ingressou no mundo do trabalho foi uma mudança muito drástica?
Para mim não foi muito grave, porque eu acabei por tirar o curso num politécnico e de facto é diferente de tirar numa universidade, pelo menos comparando com as pessoas com quem contacto, porque quando fui para o meu estágio, via que estava mais à vontade que alguns colegas meus.
Eu já tinha uma grande preparação e quando cheguei ao mundo do trabalho já sabia mais ou menos o que fazer quando me era pedido, mas claro que não sabia nada comparado com os dias de hoje. Mostrava-me sempre disponível, ao contrário de muitos colegas e fazia de tudo, dentro das minhas possibilidades, porque eu sou da opinião de que não se pode dizer não. Temos de ser pró-activos, mostrar boa vontade e isto dá sempre, uma boa imagem junto da entidade patronal.

  1. Outrora o jornalismo era considerado o 4º poder, mas actualmente com o estreitamento dos laços comerciais entre empresas e meios de comunicação, o jornalismo pode ainda ser considerado esse 4º poder?
Não posso dizer nem que sim nem que não porque realmente a parte económica é importante, pois no fundo, o jornal é uma empresa. Tem de dar dinheiro. Mas isso não quer dizer que tenhamos de beneficiar alguma empresa, quando sai uma notícia sobre ela, só porque tem dinheiro ou poder. Não é isso. O que se pretende é que, cumprindo o rigor e a imparcialidade que são exigidos ao jornalista ele faça bem o seu trabalho. E o que pode fazer é dar destaque a uma notícia que fale sobre uma empresa sua cliente, em termos de publicidade por exemplo. Mas isso não significa que temos de menosprezar os que não estão ligados a nós. Se eles fizerem algo produtivo, também é dever do jornalista divulgar essa informação, porque a notícia se é importante sai. Seja boa ou má.
O essencial e fazer um trabalho com rigor e imparcialidade, gerindo a componente económica, mas nunca a deixando afectar o nosso trabalho.

  1. Com os recentes casos onde se põe em causa o Código Deontológico de alguns profissionais, acredita que o jornalismo está a cair em descrédito?
Eu penso que o jornalismo está como todos os sectores da sociedade. Há uma descrença e uma evidência maior, é certo, porque antes quando um jornalista fazia mal o seu trabalho, isso não tinha tanto impacto como nos dias de hoje. E isto deve-se à globalização da informação. Talvez por isto se diga que o jornalismo está a cair em descrédito, até porque há realmente cuidados que por vezes, não se têm. No entanto eu ainda acredito que há bons jornalistas, bons profissionais que continuam a credibilizar o jornalismo.

  1. Estamos numa era em que as tecnologias estão em voga. Quando “todos” têm acesso à internet, será que o jornal tradicional tem os dias contados?
Acho que não mas a internet é um meio poderoso e, na minha modesta opinião, o que deve ser feito é haver uma maior aposta na internet, uma maior proximidade para com ela. Mas penso também que o jornalismo escrito, principalmente a nível local e regional como é o meu caso, vai continuar a ser uma realidade. Isto se os jornais souberem evoluir e tirar partido das tecnologias que estão à disposição.

  1. Outra grande questão hoje em dia é a barreira ténue entre jornalista e assessoria de imprensa. Para si, um jornalista que tenha deixado de trabalhar com a informação “pura” e aceite um cargo como assessor, vai perder obrigatoriamente credibilidade, um dia que queira retornar à informação?
Depende muito da pessoa e do que ela fez “no outro lado”. Um assessor e um jornalista não são assim tão diferentes. Um jornalista supostamente tem de relatar tudo, independentemente de ser bom ou mau, enquanto um assessor só foca o bom. Ou se falar do mau, fá-lo de uma maneira mais suavizada. E esta é a diferença. Quando és um assessor tens de defender os interesses da pessoa que representas.
Se o profissional for sério não há qualquer problema, em voltar a trabalhar com a informação. Tudo depende da profissionalidade de cada pessoa.

  1. Hoje em dia assiste-se mais às fontes irem ter com o jornalista e não o contrário como seria de esperar e como acontecia outrora. Acha que o jornalista é, nos dias que correm, um profissional preguiçoso?
Tenho de concordar com a afirmação mas não lhe chamaria preguiçoso. Chamaria descuidado ou relaxado demais porque não se dá ao trabalho de verificar a informação que lhe é dada e muitas vezes até chega a publicar os press realeses na íntegra, tal como lhes foram enviados. E isto é um dos problemas da era da comunicação e da globalização. No entanto há ainda bons jornalistas.

  1. O que é para si ser jornalista?
(risos). Ser jornalista, no meu caso, que é um caso “específico” porque sou jornalista a nível regional é ser uma pessoa que serve para tudo. Como costumo dizer, eu já ajudei a compor caminhos, quando fui fazer uma matéria a um determinado sítio e recebi queixas de habitantes mas também já dinamizei e divulguei projectos de associações que fazem trabalhos excelentes e que merecem ver os seus trabalhos divulgados. E o jornalista é um pouco isto. É um mensageiro, que dá a conhecer o que os outros fazem àqueles que precisam saber o que eles fizeram. É um mensageiro de boas e más notícias e deve ajudar tanto o emissor como o receptor, mesmo não agradando a todos. No fundo o jornalista é um conciliador das informações que lhe são emitidas que tenta transformá-las e transmiti-las aos outros.

  1. E para finalizar, qual a melhor recompensa para um jornalista?
Para mim, a melhor coisa que me podem fazer é dizerem que ao ler a minha matéria foram transportados para o local onde tudo aconteceu. É eu sentir que consegui transmitir, a quem não esteve presente, tudo o que lá se passou!








                    (Fig 1. capa de uma edição do semanário regional "Notícias de Vouzela")

Elaborado por: Daniela Nogueira


Sound of Freedom

Oriundo de Oliveira de Hospital, João Madeira convenceu desde cedo os olhos e ouvidos de muitos com o seu talento musical. Conhecido como DJ PSY, tem controlado os leitores de CD e Vinyl em bares e discotecas na região de Coimbra, marcando o seu lugar no competitivo mercado artístico Português

Como nasceu a paixão pela música?

A paixão pela música começou desde muito novo, evidenciando o talento na música de pauta e nos instrumentos tocados. Para os profissionais que a abordam da maneira tradicional e não usam um computador, a música House entre outros estilos, obedece a compassos quaternários, de 4 tempos cada. Desde pequeno que aprendi música, nas suas bases, sem métodos digitais. Encaro a música com os seus tempos e compassos, sem fugir à sua verdadeira essência.

Qual é a origem do nome DJ PSY?

O nome tem uma longa história. Quando era mais novo, ouvia vários estilos de música (Death/Black Metal) e por isso chamavam-me PSYCO. Com o tempo apareceram as “tags” (assinaturas, mas apenas com 3 siglas) PSYCO foi abreviado para PSY. Fácil de decorar, embora seja associado ao Psy-Trance, com o tempo consegui marcar a imagem e ser conhecido pelo nome, e pelo sucesso no decorrer da noite.

Acha que esta profissão tem muitos admiradores?

É uma profissão com muitos admiradores dado o destaque que o DJ tem. Quem corre pela imagem pode vir a ser um grande DJ, mas nunca um bom DJ, e esse nunca saberá o que é sentir o público a vibrar com cada frequência utilizada, arrancar sorrisos, mãos no ar ou movimentos sensuais.

Que tipo de música prefere enquanto DJ?

Não existe um tipo de música preferido, enquanto profissional sou bastante versátil. Posso chegar a quase todos os estilos requeridos, até aos mais extremos. Sobre o género preferido, não há. Acredito que haja um tipo de música para cada momento e ocasião. A noite é um mercado, como tal devemos moldar-nos e agradar às exigências do público, correspondendo com o tipo de música pretendido, sem olhar a rótulos ou conotações.

Como chegou ao lugar de DJ?

Comecei desde cedo a trabalhar no bar da discoteca na cidade onde vivia. Servia às mesas e estava no balcão. Nos tempos livres ou quando o espaço estava quase a fechar ia para a cabine do DJ e “brincava” com a música. O gerente ouviu-me um dia e resolveu experimentar colocar-me no papel de DJ. A partir daí tudo aconteceu através de contactos e quando dei conta o sonho estava a acontecer.

Acha que a profissão que escolheu tem credibilidade no mercado de trabalho?

A profissão não tem muita credibilidade dada a posição de cada um e o talento que nuns pode ser natural e noutros não existir. Ter bastantes cunhas, como infelizmente se vê na maioria, é o bilhete para entrar no mercado. Hoje em dia já poucos entram com o tempo, muitos conhecimentos e trabalho. Se assim o fizerem podem até vir a criar uma marca.

Qual a sensação de ter poder no público através da música?

“A música não se discute, dança-se” (frase de um amigo) e ser DJ não é empurrar CD’s. Só ao fim de muitos anos se percebe isso. Não somos nós, DJ, quem tem de gostar, devemos ler o público e ver como se mexe, a postura, o olhar, idades, estrato social, estilo, etc. Deve-se aplicar cada música no momento certo e adequá-la separadamente a cada um, e depois talvez usar um “Hit” que consiga agradar à maioria, acaba por se conseguir agradar a “gregos e troianos” aos poucos.

Qual é a pior parte de ser DJ?

Diria talvez são os horários de trabalho, o esforço e fadiga psicológica e os entraves no fortalecimento de um relacionamento.
Como DJ, há que ser animador entre muitas outras coisas. No momento certo, com respeito e postura, certas entidades voltam a trazer essa pessoa na próxima noite, talvez na esperança de mais confiança.
O problema baseia-se na falta de confiança por parte do(a) parceiro(a), com razão, uma vez que nunca sabe quando é que se é Relações Públicas (RP), se finge, ou realmente se tem alguma intenção com outra pessoa. Infelizmente, pelo que vejo na maioria dos casos, acaba por ser a última opção mas, depende da formação e do carácter de cada um.


Soraia Santos





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