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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Entrevista a Liliana Almeida

A Língua Gestual é vital para a transmissão e evolução da Cultura dos Surdos. As Pessoas Surdas possuem uma identidade comum e criaram uma Cultura dos Surdos. Liliana Almeida, é aluna do 3ºano do curso de Língua Gestual Portuguesa na ESEC e numa pequena entrevista, fala-nos das dificuldades que um surdo sente na sua formação e educação.

- Já estudaste em escolas em especiais para surdos?
Não

 - Que vantagens e desvantagens podem existir numa escola especializada e numa escola normal?
Como eu andei numa escola normal desde pequena, aprendi muitas coisas boas porque os professores ajudavam-me quando eu tinha dúvidas. Tinha apoio especial, onde eu era a única aluna junto com a professora, era também a única aluna surda na minha turma. Nunca tive contacto com os surdos, por isso não sabia gestualizar a LGP. Só comecei a contactar com os surdos há 3 anos aqui na ESEC. Aprendi a Língua Gestual Portuguesa e também coisas ligadas à cultura surda.

- Quais foram as maiores dificuldades que encontraste durante o curso de LGP?
Quando entrei pela primeira vez, estava tão confusa e assustada por causa do grupo de surdos a gestualizar a LGP. Estava habituada a conviver com os ouvintes há muito tempo. Então, comecei a dar um passo de cada vez e desenvolvi muito a LGP.

- Houve alguma disciplina que achasses mais difícil?
Sim, não é só uma. Há algumas disciplinas (Currículo e Formação; Didáctica do Ensino de LGP II, entre outras) que eu achei mais dificil. Mas consegui passar às disciplinas por causa das minhas colegas que me ajudaram.

- O que pensas fazer outro curso depois?
Já pensei tirar outro curso de Educação de Infância ou Educação Especial.

- Depois de formada, como achas que vão ser as colocações no mercado de trabalho?
Não faço a mínima ideia do que me vai acontecer depois de formada. Mas pressinto que é possivel haver dificuldade em arranjar o trabalho, porque quando eu me formar, não vou ter logo experiência e é mais complicado para mim na primeira vez.

- Onde gostarias de trabalhar?
Eu gostava de trabalhar no Porto ou em Aveiro.

- Achas que as coisas são mais fáceis hoje, uma ao nível das instituições e leis que facilitam o acesso dos surdos ao mercado de trabalho?
Antigamente, os surdos eram “atirados” para os piores trabalhos, para aqueles que ninguém queria, como as limpezas. Hoje em dia é diferente, nomeadamente nas escolas, os surdos dão aulas de LGP.

- E quais são os teus planos profissionais para o futuro?
Eu gostava de tirar outro curso de Educação de Infância ou tirar o mestrado de Educação Especial. Ainda não decidi o que vou fazer no meu futuro.

- Que conselhos dás aos surdos que querem estudar e entrar no mercado de trabalho?
Eu gostava dizer aos surdos que devem tirar outro curso para além de LGP, para ter melhor emprego e evitar o desemprego. Eu sei que o problema é que devemos ter intérprete nas as aulas e chamar a atenção aos professores para explicarem à frente dos surdos.

Quase mil surdos estão inscritos nos centros de emprego em Portugal. A Federação Portuguesa das Associações de Surdos (FPAS) afirma que na procura de trabalho quase sempre esbarram com a falta de intérprete, o que os elimina logo na fase da entrevista. O Inquérito Nacional de Incapacidades, Deficiências e Desvantagens publicado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação em 1996 refere a existência em Portugal de 115.066 pessoas com deficiência auditiva e 19.172 com surdez, o Censos de 2001 registava 84.172 pessoas com deficiência auditiva, enquanto as associações da área estimam em 100 mil pessoas a comunidade surda em Portugal.



Por: Ana Sofia Rodrigues

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