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domingo, 16 de janeiro de 2011

Ai Sporting, sporting…


O Sporting Clube de Portugal sempre me despertou uma certa gracinha. Eles são coitados porque perdem, eles têm falta de sorte porque mandam bolas aos postes, eles são lixados porque são roubados…

O jogo deste sábado diante ao Paços de Ferreira engraçou-me a noite duma certa forma.

Tenho pena de não ter visto a primeira parte completa, mas o meu interesse pelo clube não é assim tão grande e só me lembrei de conectar-me num daqueles sites piratas, que desviam uns bons euros à SporTv, já o jogo levava 40 minutos e um golo para a equipa visitante. Golo do Liedson assim que me apareceu a imagem. Daquele jogador que resolve os jogos do Sporting e este era o 2º golo do campeonato desde Agosto último.

Poucos minutos volvidos, cavalgada de um jogador pacense pela esquerda, contacto do defesa leonino, penalty. Contestação: assobios, palavrões, gestos que me valiam certamente um puxão de orelhas durante a minha infância, golo do Paços. Impossível avaliar a primeira parte por 5 minutos apesar d se terem marcado 3 golos. E preferi não me orientar pelas palavras dos comentadores e analistas.

Numa breve passagem por uma rede social reparei no comentário  dum grande amigo meu. Perder para ele é mentira. Lembro-me perfeitamente dos pontapés que ele dava na parede e dos socos no sofá quando algo no Pro Evolution Soccer não lhe corria bem, ou sentia-se indignado por um juiz mecanizado lhe apontar penaltys injustos. Lembro que há pouco tempo ele danificou o ecrã do computador por uma destas razões anunciadas, através do arremesso do comando que controla os jogadores. Assustei-me com o que ele escreveu… Tinha cerca de 6 ou 7 linhas: frias, enxovalhadoras aos clubes rivais. Como sempre, os outros são sempre mais beneficiados que os nossos. Apareceu outro comentário, curto: resmungava-se os milhões gastos neste desporto para depois ser o futebol ajuizado dentro das 4 linhas por estes árbitros baratinhos. Fiquei com medo, não tivesse ele o comando na mão e o jogasse para o ecrã da televisão, como se esta tivesse culpa da queda do avançado na área e fosse ela que apitasse o castigo máximo. Ou por breves momentos lhe viesse à cabeça a imagem do árbitro em forma de TV e se quisesse vingar com o controlo remoto.

Na minha opinião, foi um penalty “bem cavado”, corrida a alta velocidade, o defesa opõe-se e o avançado provoca o contacto. Podia disfarçar mais um pouco é certo. Mas há muito boa gente que por certo se lembra de jogadas idênticas do Di Maria no ano transacto (e menos descaradas) e ainda davam um amarelo ao rapaz mandavam-no levantar.

O jogo estava a secar-se na 2a parte… o Sporting parecia que queria marcar, e o Paços queria que o jogo acabasse, andavam atrás dos leões, estes corriam mas não jogavam muito. Lá marcaram. Loucura nas bancadas “Uhohu, empatámos com o Paços!!!”. Agora sim, os castores deram razão aos comentadores que os adjectivaram como se uma equipa que disputa a Champions, e que à uns minutos andava à deriva a ver se aquilo acabava. Mas são os comentadores que temos, tal como os árbitros. Mas tal como estes, também temos comentadores bons, poucos, mas temos (mas não é fácil encontrá-los dentro da caixa mágica…).

O grande avançado que era titular indiscutível na equipa leonina e que agora fôra apelidado de “recordista dos descontos”, pois só entra após os 90 minutos, ou seja, muitas vezes para queimar tempo, ou para entrar no recorde de qualquer coisa. Desta vez apareceu em campo faltava cerca de meia hora para o jogo terminar. Carlos Saleiro ainda foi a tempo de cair na área. Contestação: assobios, palavrões, gestos que me valiam certamente um puxão de orelhas durante a minha adolescência, segue o jogo. O Carlos podia ser mais apimentado neste lance. A bola passa-lhe à altura da cabeça (e pequeno é coisa que ele não é), é claro que há um puxão do defesa contrário e ele cai na área. Mas por favor, vai fazer-se aquela bola com o pé? Que mal consegue levantar do chão? Mesmo que um bebe de 5 meses o estivesse a agarrar ele nunca chegaria aquela bola… se se tivesse feito ao lance de cabeça e tivesse sido puxado? Assim sim, também eu marcava penalty.

Sim, também eu, um "benfiquinha" de gema. É normal, e faz parte da natureza “ferranha” ver pala lá dos factos, arranjar outros “factos” que desmintam os rivais. É complicado, difícil e praticamente impossível avaliar jogos dos lagartos e dos dragões de olhos limpos. Peço desculpa ter a minha boa dose de parcialidade, mas a dos meus adversários não será menor que a minha.

Um passe longo falhado da grande promessa do Sporting, Maniche, que faz levantar o estádio. Contestação: assobios, palavrões… Minutos volvidos, golo do Paços. Até tempo deu para um avançado abrir as pernas dentro da meia-lua e deixar a bola para o outro colega ajeitar a bola e marcar. Bonito, bonito.

O jogo acabou 9 minutos depois. Contestação: assobios, palavrões, e gestos que até a minha futura mulher me repreendia. Caramba, agora vão virar-se para onde? É este o problema do Sporting, indignam-se por tudo e por nada, e com tudo e com ninguém… Queixam-se da arbitragem e depois viram-se para a própria equipa? Terá o arbitro assim tanta culpa no meio disto tudo? Talvez não foi ele que andou a mandar bolas aos postes nestes jogos (por acaso não levaram nenhuma ao ferro neste jogo porque o Postiga não jogou…) O arbitro é assobiado, mandado para a quinta geração… Agora o treinador e jogadores levam lenços para se assoarem…  

Mas no meio desta gente há um que deve ter a mania da perseguição. José Eduardo Bettencourt. Viu lenços brancos, ouviu assobios e pensou que seriam para ele. Seriam? Se não foram, ele fez com que fossem e demitiu-se.

Ainda os adeptos não se tinham lembrado de se terem virado para ele, e ele antes que isso acontecesse pirou-se, tal como Paulo Bento, seleccionador Nacional que estava sentado a seu lado nos camarotes a ver o jogo. Deveria ter-lhe dito: “Viste o que eu fiz quando aqui estive? E olha onde eu estou…” Por certo JEB não se demitiu para ser presidente da Federação Portuguesa de Futebol, mas pelo menos do problema do Sporting já se livrou… E ainda dizem que o homem não é esperto…

Quem será o melhor sucessor? Ninguém. Mas por mais uma passagem na mesma rede social de há pouco, encontrei-me com outro lagarticho. Menos nervoso, mais compacto nas palavras e mais realista do real estado do seu clube. Presumo que chegámos ao homem perfeito para pegar nos comandos de Alvalade: Paulinho, o roupeiro. Duvido que haja alguém neste planeta que seja mais apaixonado pelo clube que este homem, e de certo nem precisa de jogar comandos contra os ecrãs de computadores. Não deve haver ninguém que conheça melhor os segredos e os cantos daquela casa.

Claro que as probabilidades de ele ser o homem alto (em termos profissionais é claro) do Sporting é uma carta fora do baralho.

Óbvio que qualquer um se pode aproveitar da situação agora… Quer para o bem ou para o mal, só o tempo o dirá. Mas apenas haverá uma maneira de um dirigente repor a ordem e o respeito naquela casa: despedir Paulinho, o roupeiro. Aí sim, todos lhe ficavam com um pé atrás e ninguém lhe faria frente. Pois acredito que será mais fácil despedir o José Mourinho depois de ganhar uma Champions do que depois do Paulinho lavar uns calções.

Marcelo Chagas

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