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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Artigo de Opinião: Está a mudar a caixa que mudou o mundo

Mais do que uma invenção tecnológica, a televisão marcou a diferença pela capacidade de informar o cidadão, pela perícia de o entreter e pela audácia de lhe mostrar o mundo como nunca antes o vira.
Foi em 1957 que tiveram lugar as primeiras emissões televisivas em Portugal. Anos antes, eram os jornais e a rádio os companheiros e meios de difusão de informação de que a sociedade dispunha. A “caixa mágica”, como é apelidada, encheu-se de cor e de imagem, ganhou glamour e formou vedetas, criou novas mentalidades e escrutinou a política e a justiça. Numa sociedade cada vez mais exigente e consumista, a televisão tornou-se a grande protagonista do consumo mediático. Muitos a encaram como uma janela aberta para o conhecimento, como uma espécie de ritual para gerações; Mais do que um objecto, a televisão ganhou espaço e lugar cativo na casa de milhares de pessoas.
A televisão foi uma das principais causadoras do declínio na venda de jornais e passou a ser cobiçada pelos grandes grupos empresariais. Com ela, mudou também a mente dos portugueses, influenciados e alienados por uma televisão cujo principal objectivo deixou de ser o de “dar a conhecer”. Os jornalistas, incluídos no pequeno sector da informação, dominado pela indústria dos Mass Media, vêm-se restringidos às regras e interesses dos proprietários dos órgãos de comunicação social.
Por um lado, é verdade que a televisão veio “retribalizar” a classe mais iletrada, através do som e da imagem; Renovou o audiovisual e investiu em produções próprias, como as telenovelas e reality shows, adoptou o cinema e programas de entretenimento. Contudo, por outro lado, estes novos formatos são encarados como um negócio pelos grandes grupos económicos. A questão onde me quero realmente focar é:  E o jornalismo em televisão? Enquanto anteriormente se praticava o jornalismo isento, pago, com responsabilidade cívica e social, como é exemplo dos jornais tradicionais, na televisão o jornalismo é apenas uma parte do imenso universo dos mass media. A informação passa a não ser tratada com o intuito de informar, mas sim de vender, de ter audiências e de, consequentemente, o canal ter mais lucro e ser reconhecido económica e comercialmente. Tendo isto, e pela concorrência gerada entre os diferentes canais televisivos, a informação produzida passou a ser indiferenciada e em série. Cópias idênticas e, muitas vezes, inspiradas na produção informativa dos jornais que, outrora, haviam perdido vendas, mas talvez nunca a qualidade dos seus conteúdos.
Apesar das mais-valias da televisão e do impacto na vida da sociedade, penso que a privatização das redacções e a comercialização dos conteúdos informativos, cada vez mais aligeirados e seguidores de tendências, estão a conduzir a uma desvalorização da informação e do conhecimento.
A própria deontologia e identidade do jornalista são postas em causa, muitas vezes, em prol do mercado televisivo. Como diria José Luís Garcia num livro de sua autoria: “Há bom jornalismo infiltrado na esfera mediática, contudo está rodeado e submergido por assuntos triviais e irrelevantes”.
Hoje em dia, e sabe-se lá porquê, a televisão perde o brilho para as plataformas digitais.


Por: Paula Cabaço
R2

1 comentário:

  1. por isso agora a televisão se chama a
    "caja loca" como dizem, e muito bem nuestros hermanos.

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