“Basquetebol é a modalidade rainha “
Luís de Almeida,
nasceu em Moçambique, de 59 anos de idade, foi professor de educação
física e treinador de basquetebol.
Revela a sua paixão pelo basquetebol.
Andreia Tavares (AT):
Como nasceu essa paixão pelo basquetebol?
Luís de Almeida: A
minha paixão pelo basquetebol é inexplicável, acho que nasci com habilidade que
me empurrou para o basquetebol, embora eu já pratiquei outros tipos de desportos,
penso que não há uma explicação lógica para ter sido jogador de basquetebol,
mas entre todas as modalidades é a que me marcou mais.”Basquetebol para mim é a
modalidade rainha.”
Andreia Tavares: Para
si o que significa o basquete?
Luís de Almeida:
Significa convívio, alegria, companheirismo, colectivismo e prazer de praticar
o desporto.
A.T: Qual a maior
decepção que já teve no jogo?
L.A: Já tive mais
alegrias que decepções. Uma das maiores decepções foi ter perdido um campeonato
nacional em Moçambique no nosso próprio campo, uma equipa sénior perdeu contra
uma equipa masculino sénior de Angola. Na altura, Moçambique era muito mais
forte do que as equipas de Angola. Essa derrota me desiludiu muito
A.T: O basquete nunca
lhe prejudicou nos estudos ou no trabalho?
L.A: Não, penso
que quando as pessoas têm organização e gostam e querem mesmo fazer uma coisa
não prejudica em nada, desde que esteja dentro dos limites. Não prejudicou em
nada Primeiro porque as solicitações eram diferentes, as pessoas viviam no
desporto não havia meios de divertimento como há agora. O nosso divertimento
era o desporto, isso tornou um aspecto fundamental na minha vida.
A.T: Já trocou algo
ou alguém pelo basquetebol?
L.A: Trocava tudo
pelo basquete, nunca trocava um treino muito
menos um jogo por nada. Casei numa
sexta-feira e fui jogar basquete no dia seguinte (sábado).
A.T: Qual a reacção
da sua mulher perante tal atitude? Ela não ficava zangada?
L.A: Não até
porque conheci a minha mulher no desporto. Eu ia jogar ela ia ver jogos e
encontrávamo-nos no futebol, basquete, andebol. Ela nunca praticou desporto,
mas andou na patinagem, gostava do desporto. Aqui, ela não conseguiu adaptar se
porque nunca tinha saído de Moçambique. Teve de ficar as vezes sozinhas.
A.T: como foi a sua adaptação?
L.A: Foi um
bocado melhor por que já tinha vindo para Portugal aos 17e 19 anos jogar
académica de Coimbra. Fiquei quinze dias em Lisboa com os meus colegas para
jogar no Sporting. As coisas não se resolveram e eu resolvi vir para Coimbra
.Penso que nem agora estou 100% adaptado.
“O que sonhei para eles
é que sejam felizes “
AT: Os teus pais
sempre lhe apoiaram para seguires esse caminho ou queriam que tivesse estudado?
L.A: Meus pais
queriam fundamentalmente que eu tivesse estudado como é o sonho de todos os
pais, mas nunca me cortaram a minha tendência desportiva porque o meu pai era
director do clube e levava me sempre aos jogos. Todas as famílias dos atletas
em Moçambique iam ao campo ver jogos.
A.T: Seus filhos, quis que eles seguissem o seu caminho?
L.A: È evidente
que eu queria que eles fossem excelentes basquetebolistas, melhores do que eu ,
ou que praticassem outros desportos. “O
que sempre sonhei para eles é que sejam felizes, é o que todos os pais sonham
para os filhos.”
A.T: compare o
basquete da sua era com actual.
L.A: Não partilho
da mesma opinião do que os outros, para mim o basquetebol de antigamente era
mais bonito porque havia mais pessoas a assistir. Os campos estavam sempre cheios,
mas também porque era mais colectivo do que agora.
A.T: Sendo filho de
pais portugueses, nasceu em Moçambique com qual dos países te sentes mais
familiarizado?
L.A: Aos dois sem
duvida, não nego a minha raiz, nasci em Moçambique os meus familiares são todos
portugueses, mas confesso “a minha alma é africana.”
A.T: Além de jogador
de basquetebol exerceu outra profissão?
L.A: Na altura
não havia profissional de basquetebol, tive que fazer outras coisas, fui professor
de Educação físico durante 32 anos (trinta e dois anos), onde o basquete esteve
muito presente. Agora estou aposentado.
A.T: Tem ideia de quantos
cestos já fizeram?
L.A: Na altura
não havia estatística, sei que marquei muitos pontos por ter habilidade, lançava
muito bem, houve jogos em que marquei cinquenta e sessenta pontos.
A.T: Que jogador admira
muito, isto é, que tem como ídolo?
L.A: O meu ídolo
maior é o Michael Jordan, penso que é o preferido de todos os espectadores do jogo.
Mas para trilhar aquilo que é essência do jogo quem pode dar mais indicações
aos jovens é Larry Bird.
A.T: Qual a sua
opinião em relação ao basquetebol em Portugal?
L.A: O
basquetebol em Portugal ainda não é muito valorizado apesar de ter mais
acompanhamento dos meios de comunicação e mais jogos internacionais, o basquete
em Portugal decaiu muito nos últimos tempos. O desporto dominante é sem dúvida
o futebol. é mais valorizado .
A.T: Deixou de jogar
ou ainda continua a praticar o basquete
L.A: De vez em quando,
vou ao choupal brincar com a bola, também estou a treinar uma equipa sénior em pombal.
Em Coimbra há falta de interesse dos jovens.
A.T: Sente se uma
pessoa realizada?
L.A: Em certo
sentido sim, mas a ambição das pessoas leva-nos a não nos sentir completamente realizado.
Poderia ter atingido outro patamar.
Andreia Tavares
R2
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