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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Entrevista a treinador de basquetbol



Basquetebol é a modalidade rainha “
Luís de Almeida, nasceu em Moçambique, de 59 anos de idade, foi professor de educação física  e treinador de basquetebol. Revela a sua paixão pelo basquetebol.

Andreia Tavares (AT): Como nasceu essa paixão pelo basquetebol?

Luís de Almeida: A minha paixão pelo basquetebol é inexplicável, acho que nasci com habilidade que me empurrou para o basquetebol, embora eu já pratiquei outros tipos de desportos, penso que não há uma explicação lógica para ter sido jogador de basquetebol, mas entre todas as modalidades é a que me marcou mais.”Basquetebol para mim é a modalidade rainha.”

Andreia Tavares: Para si o que significa o basquete?

Luís de Almeida: Significa convívio, alegria, companheirismo, colectivismo e prazer de praticar o desporto.
A.T: Qual a maior decepção que já teve no jogo?

L.A: Já tive mais alegrias que decepções. Uma das maiores decepções foi ter perdido um campeonato nacional em Moçambique no nosso próprio campo, uma equipa sénior perdeu contra uma equipa masculino sénior de Angola. Na altura, Moçambique era muito mais forte do que as equipas de Angola. Essa derrota me desiludiu muito
A.T: O basquete nunca lhe prejudicou nos estudos ou no trabalho?

L.A: Não, penso que quando as pessoas têm organização e gostam e querem mesmo fazer uma coisa não prejudica em nada, desde que esteja dentro dos limites. Não prejudicou em nada Primeiro porque as solicitações eram diferentes, as pessoas viviam no desporto não havia meios de divertimento como há agora. O nosso divertimento era o desporto, isso tornou um aspecto fundamental na minha vida.

A.T: Já trocou algo ou alguém pelo basquetebol?

L.A: Trocava tudo pelo basquete, nunca trocava um treino muito menos um jogo por nada. Casei numa sexta-feira e fui jogar basquete no dia seguinte (sábado).

A.T: Qual a reacção da sua mulher perante tal atitude? Ela não ficava zangada?

L.A: Não até porque conheci a minha mulher no desporto. Eu ia jogar ela ia ver jogos e encontrávamo-nos no futebol, basquete, andebol. Ela nunca praticou desporto, mas andou na patinagem, gostava do desporto. Aqui, ela não conseguiu adaptar se porque nunca tinha saído de Moçambique. Teve de ficar as vezes sozinhas.

A.T: como foi a sua adaptação?

L.A: Foi um bocado melhor por que já tinha vindo para Portugal aos 17e 19 anos jogar académica de Coimbra. Fiquei quinze dias em Lisboa com os meus colegas para jogar no Sporting. As coisas não se resolveram e eu resolvi vir para Coimbra .Penso que nem agora estou 100% adaptado.
                            “O que sonhei para eles é que sejam felizes “

AT: Os teus pais sempre lhe apoiaram para seguires esse caminho ou queriam que tivesse estudado?

L.A: Meus pais queriam fundamentalmente que eu tivesse estudado como é o sonho de todos os pais, mas nunca me cortaram a minha tendência desportiva porque o meu pai era director do clube e levava me sempre aos jogos. Todas as famílias dos atletas em Moçambique iam ao campo ver jogos.

A.T:  Seus filhos, quis que eles seguissem o seu caminho?

L.A: È evidente que eu queria que eles fossem excelentes basquetebolistas, melhores do que eu , ou  que praticassem outros desportos. “O que sempre sonhei para eles é que sejam felizes, é o que todos os pais sonham para os filhos.”

A.T: compare o basquete da sua era com actual.

L.A: Não partilho da mesma opinião do que os outros, para mim o basquetebol de antigamente era mais bonito porque havia mais pessoas a assistir. Os campos estavam sempre cheios, mas também porque era mais colectivo do que agora.              

A.T: Sendo filho de pais portugueses, nasceu em Moçambique com qual dos países te sentes mais familiarizado?
L.A: Aos dois sem duvida, não nego a minha raiz, nasci em Moçambique os meus familiares são todos portugueses, mas confesso “a minha alma é africana.”

A.T: Além de jogador de basquetebol exerceu outra profissão?
L.A: Na altura não havia profissional de basquetebol, tive que fazer outras coisas, fui professor de Educação físico durante 32 anos (trinta e dois anos), onde o basquete esteve muito presente. Agora estou aposentado.

A.T: Tem ideia de quantos cestos já fizeram?

L.A: Na altura não havia estatística, sei que marquei muitos pontos por ter habilidade, lançava muito bem, houve jogos em que marquei cinquenta e sessenta pontos.

A.T: Que jogador admira muito, isto é, que tem como ídolo?

L.A: O meu ídolo maior é o Michael Jordan, penso que é o preferido de todos os espectadores do jogo. Mas para trilhar aquilo que é essência do jogo quem pode dar mais indicações aos jovens é Larry Bird.

A.T: Qual a sua opinião em relação ao basquetebol em Portugal?

L.A: O basquetebol em Portugal ainda não é muito valorizado apesar de ter mais acompanhamento dos meios de comunicação e mais jogos internacionais, o basquete em Portugal decaiu muito nos últimos tempos. O desporto dominante é sem dúvida o futebol. é mais valorizado .

A.T: Deixou de jogar ou ainda continua a praticar o basquete

L.A: De vez em quando, vou ao choupal brincar com a bola, também estou a treinar uma equipa sénior em pombal. Em Coimbra há falta de interesse dos jovens.

A.T: Sente se uma pessoa realizada?

L.A: Em certo sentido sim, mas a ambição das pessoas leva-nos a não nos sentir completamente realizado. Poderia ter atingido outro patamar.


Andreia Tavares
R2

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