Título
Original: 50/50
Origem: EUA
Género: Comédia-Drama
Realização: Jonathan Levine
Argumento: Will Reiser
Elenco Principal: Joseph Gordon-Levitt, Seth
Rogen, Anna Kendrick, Bryce Dallas Howard, Philip Baker Hall, Matt Frewer
Se achávamos que The Bucket List (cuja tradução pode ser A Lista Para Quando Bater a
Bota) era um filme com um título a puxar para o inconveniente, que pensaremos
de 50/50 quando soubermos que o seu título poderia ter sido I’m With Cancer (Tenho Cancro) ou Live With It (Viver Com Isto)? Todavia,
não creio que seja algo com que a audiência se vá importar.
Embora seja baseado num guião
autobiográfico escrito por Will Reiser (um amigo de Seth Rogen - co-produtor do
filme - que, na realidade, lutou contra o mesmo tipo de cancro que a personagem
central do filme) a película é tanto um retrato sobre a luta de Adam Lerner
(Joseph Gordon-Levitt), como um filme sobre a forma como os amigos e familiares
de Adam respondem à sua doença. Este é, portanto, um filme, não um
documentário.
Apesar do tema pesado e dos prenúncios de humor negro ao
longo dos 100 minutos de filme, a história não ultrapassa a linha ténue que
separa a comédia do mau gosto. Pelo contrário, a frontalidade com que os
obstáculos que se interpõem ao longo da trama tornam o enredo hilariante,
sincero e audaz. Tudo isto vai fazer com que qualquer pessoa se odeie a si
mesma por pensar que vai odiar o filme (pelo seu tom demasiado cru e frontal).
No filme,
Joseph Gordon-Levitt dá a vida a Adam Lerner, um produtor de rádio para uma
estação local de Seattle que se depara, aos 27 anos, com um cancro,
possivelmente fatal, na coluna vertebral. Poderíamos debater a curiosidade fantástica, e um bocadinho bizarra, de o argumentista utilizar a “idade trágica dos 27” para
personagem principal, que se encontra às portas da morte, mas nada é mais
fantástico que ver Gordon-Levitt a rapar a própria cabeça na cena em que Adam
decide cortar seu cabelo (antes de começar a quimioterapia). Sabendo que esta foi
a primeira cena gravada pelo actor, percebemos que o resto das filmagens teria
ficado comprometida caso ele falhasse e, por isso, é de lhe louvar o incrível desempenho
e talento.
A trama é improvável, tal como as suas personagens. As sessões de quimioterapia com os companheiros, muito mais velhos que ele, Allan (Philip Baker Hall) e Mitch (Matt Frewer) têm uma pureza que muitos podem não entender. Tudo naquela relação seria verdadeiro, isto claro, se não fosse um filme.
A trama é improvável, tal como as suas personagens. As sessões de quimioterapia com os companheiros, muito mais velhos que ele, Allan (Philip Baker Hall) e Mitch (Matt Frewer) têm uma pureza que muitos podem não entender. Tudo naquela relação seria verdadeiro, isto claro, se não fosse um filme.
Anna Kendrick, que em 50/50 dá vida a Katherine
"Kathy" McCay, a psicóloga inexperiente de Lerner, suporta bem
o papel e revela-se uma actriz credível e cheia de potencial. Bryce Dallas
Howard executa outra personagem odiável (como já havia feito em The Help), a narcisista Rachael,
namorada de Adam.
A Seth Rogen coube, mais uma vez, o
papel de amigo rude e inconveniente. Nada lhe falta, parece oportunista e
desinteressado, odeia a namorada do melhor amigo e bebe bastante cerveja, mas, nos filmes, nem tudo é o que parece. Esta
personagem não é o que é, é o que esconde, e é esse o valor que lhe deve ser
reconhecido.
Gordon-Levitt e Rogen são uma equipa de sonho, mesmo quando o
sonho se transforma em pesadelo. Com Adam
a tentar preservar a sua saúde e a sua sanidade mental, o filme reflecte a
verdadeira natureza do ser humano da maneira mais improvável, mas mais bela de
contemplar. É claro que existem
alguns momentos extremamente comoventes porque, no fundo, ninguém quer,
realmente, ver Adam morrer.
50/50 é um filme livre de censura. Dá-nos
a oportunidade única de mergulhar numa situação infelizmente comum para muitos,
de forma respeitadora, comovente, mas, acima de tudo, realista.
Elisa David, R2
Fiquei com ainda mais vontade de ver este filme
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