O dia 1 de Novembro foi agitado na cidade de Coimbra.
O desfile das latas saiu à rua e com ele muita polémica e contestação. Desde o
próprio dia em que se concretizou até às habituais mensagens de ordem
estudantis, a crítica foi o objecto central da primeira festa dos estudantes
deste ano académico.
Nuno Crato, ministro da educação, foi a primeira cara
a abrir o desfile das latas. Erguida pelo presidente da Direcção Geral da
Associação Académica de Coimbra, Eduardo Melo, numa colher de pau, o rosto do
ministro encabeçou o cortejo, que começou cerca de duas horas depois das 15
horas previstas. Logo depois de Eduardo Melo, seguia-se uma faixa negra que
referia “864 milhões de cortes na Educação” e alguns estudantes
munidos de caixas de “esmola” ao pescoço.
Mais crítica e menos latas, os estudantes encheram as ruas da cidade de apelos,
queixas e sátiras. “Quem quer casar com a carochinha nesta sociedade que
se afunda na crise”, perguntava uma estudante. “Prisioneiras da crise” e “Pipi
das propinas altas” foram outros dos lemas. Os caloiros, que serviam de canal de mensagem aos doutores que os desfilavam,
albergaram as habituais cores do curso nas meias, no penico e na chupeta ao
mesmo tempo que mostravam palavras de ordem e protesto, até receberem o
baptismo no Mondego.
Paralelamente ao cortejo dos estudantes, o grupo
da Acampada desfilava também. Em silêncio, e em contraste com o desfile
vizinho, o grupo foi chamando a atenção a quem assistia nas bermas das ruas. Um
escravo feliz é o pior inimigo da liberdade” e “Da indignação à acção” foram
algumas das mensagens ostentadas. O grupo da Acampada não partiu da Praça
8 de Maio, ao contrário do que haviam divulgado, onde normalmente realizam as
assembleias populares. O grupo optou antes por seguir o cortejo, já muito
compacto, ao longo das ruas da Baixinha.
Mas o cortejo que tanto criticou também foi criticado.
O facto de ter sido marcado para um feriado e, para mais, de índole de luto,
gerou desagrado e foram muitos os cidadãos de Coimbra a apontar faltas de
respeito à organização da iniciativa. João Pereira, administrador da Festa das
Latas, foi já alvo de criticas mas não entende a relação entre as duas
realidades.
Desde a década de 50 que esta festa existe na cidade.
A Latada é feita no início do ano lectivo, para festejar a chegada dos
“caloiros” à universidade e, a par da queima das fitas, é vista como uma
oportunidade por excelência de crítica académica e social.
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