Entre a beleza e a imponência dos montes, é em pleno parque natural do douro internacional que se encontra uma localidade cheia de história, ou não falasse eu, naquela que é considerada a vila mais manuelina de Portugal.
Visite, descubra e apaixone-se...
É
pelo manuelino, ou melhor, pelos monumentos do estilo arquitectónico manuelino
que aconselho a começar a visita.
Entre
as ruas que me conduzem até à zona histórica vislumbra-se arte no seu estado
mais puro. Janelas trabalhadas, beirais dos telhados e até as portas de algumas
casas têm o seu apontamento manuelino.
Assim
que chego à zona histórica, salta à vista uma praça onde a Igreja Matriz e a
Torre do Galo ou do Relógio (única que resistiu à queda do castelo outrora ali
existente), se distinguem de tudo o resto pela sua arquitectura e altivez. O
interior da Igreja faz lembrar o Mosteiro dos Jerónimos mas em ponto pequeno. O
já velhinho mas famoso freixo que deu nome a esta localidade também está lá e
até tem uma espada à cinta. Merece ser visto.
Decidi
subir uma vez mais ao cabeçinho, o monte onde está situado o Santuário de Nª. Sra.
dos Montes Ermos (considerada a padroeira dos freixenistas). Ao longo do
caminho, uma ponte românica, uma fonte, e a paisagem envolvente, roubaram
alguns minutos da minha atenção.
Deslumbrante!
É a palavra que me ocorre para descrever aquilo que a minha vista alcança, lá,
bem no cimo do monte. Imagem digna de ser registada na máquina fotográfica e
acima de tudo na nossa memória. Avista-se a vila, o rio Douro, que por estas
paragens serve de fronteira entre Portugal e Espanha, o miradouro Penedo Durão
e até terras de “nuestros hermanos”. As paisagens que os miradouros nos
oferecem são de tal forma robustas que mais parecem telas pintadas por um
grande pintor.
Um
passeio de barco pelo douro é uma das muitas atracções que Freixo de Espada à Cintatem para nos brindar. Rio acima, num ambiente onde reina o silêncio, a
calma e a paz, aprecia-se a fauna e a flora, e com um pouco de sorte, ainda
observamos a cegonha negra no seu ninho. Nas encostas do douro, a paisagem
verde, as cascatas, os pomares, e até um pinheiro solitário, tudo concorre para
tornar este espaço num autêntico paraíso.
Há
ainda o artesanato local, que consiste em trabalhar a seda, gesto quase único
em todo o país. Desde a criação do bicho-da-seda, até à extracção, tratamento e
aplicação da mesma, tudo é feito através de processos ancestrais e artesanais.
Ricos e admiráveis trabalhos em seda podem ser vistos e até adquiridos na Associação para o Estudo,
Defesa e Promoção do Artesanato de Freixo de Espada á Cinta (ADEPA).
Caso para dizer que
aqui o bicho ainda faz trabalhar o tear.
Comer e dormir…
A gastronomia é um dos pontos fortes da região, ou não fosse
esta, uma terra que vive essencialmente da agricultura.
Sopas de espargos, sopas de tomate, enchidos, doces feitos à
base de amêndoa, como os CD’S ou os beijinhos de preta, e o bom vinho da
região, o Montes Ermos, ganhador de prémios a nível nacional e internacional, fazem
parte da ementa cá da terra.
Para terminar o dia em beleza na localidade do grande poeta
Guerra Junqueiro, temos à nossa disposição as moradias da congida (junto ao rio
douro) ou as típicas habitações de turismo rural, nascidas da reconstrução de
casas devolutas, que hoje se enquadram muito bem na paisagem que as envolve.
Se isto não é o paraíso, o que é?
Artigo de opinião por: Tiago Rentes.R2
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