Não ser Estudante na
Cidade dos Estudantes
Sandra Maria Gil Saraiva nasceu na Covilhã a vinte e três de Outubro de
1983. É natural da Benquerença, mas muito cedo saiu da sua terra Natal. O seu
segundo e terceiro ciclos foram concluidos no colégio da Cerdeira – Escola Regional
Dr. José Dinis da Fonseca – e posteriormente concluiu o seu secundário na
Escola Secundária Campos Melo, na Covilhã. Como se toda esta distânca não
bastasse, o seu primeiro ano de faculdade foi na Universidade da Beira
Interior, onde estudou Português/Inglês, apesar de sempre ter desejado estudar
Direito em Coimbra. No ano seguinte mudou a sua orientação profissional e
decidiu vir estudar Direito para a Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra. Terminou a sua licenciatura em Direito e concluiu à seis meses o seu
Mestrado na mesma faculdade, na área Jurídico- Forense, na vertente de Valores
Mobiliários e Direito das Sociedades. Actualmente é advogada em Coimbra e
explica-nos o seu ponto de vista perante toda a actividade estudantil que se
faz sentir nesta cidade.
Falamos de uma ex-estudante da Universidade de Coimbra porque Coimbra é
uma cidade constituída, em grande parte, por estudantes, mas não só. Sandra
Saraiva conhece as duas realidades – ser estudante e ser trabalhador numa
cidade de estudantes.
Enquanto foi estudante viveu bastante o espírito académico nos primeiros
dois anos. “Depois tive de começar a pensar em tirar o curso e saía
moderadamente – 1 vez por semana, quando saía”, conta-nos. Adianta também “nunca
praxei e trajei muitas vezes no meu primeiro e segundo anos. Vivia a festa, mas
não andava pelas ruas a jogar garrafas ao ar, nem a gritar de madrugada”. Nunca
foi muito de ir à latada, “ia mais à queima”. “Vi Alanis Morissette, um ano e o
Quim Barreiros alguns anos depois, em sete anos de faculdade. Era demasiada
gente e demasiada confusão e o cartaz justificava poucas vezes o dinheiro”.
Este ano não foi à latada porque trabalha e a disponibilidade não é muita. Em
Coimbra vive com dois estudantes, numa rua onde passam vários universitários
para ir para as festas, perto do Estádio Cidade de Coimbra e queixa-se do
barulho. “Coimbra é uma cidade de estudantes, mas não só. Não é agradável
perceber que os jovens não respeitam os trabalhadores quando andam a fazer
barulho nas ruas até de madrugada”. Confessa-nos que acha que a vida académica
“está cada vez mais exagerada, nem parece que estamos em crise”, isto porque as
festas “são todos os dias, não se percebe”, diz indignada. Pedimos-lhe que
classifique esta latada e a resposta é muito breve “muito barulho. Está pior do
que nunca!”. Conclui brincando com a siuação e acrescentando que provavelmente
Coimbra é uma excelente cidade enquanto se é estudante, depois “passamos a
validade” e não é tão fácil.
Mara Rodrigues
R1
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