A emancipação do Fado de Coimbra (Canção de Coimbra) remonta para a metade do século XIX. Nasceu na cidade dos estudantes, nomeadamente na Universidade de Coimbra. Naquela época era a única universidade existente em Portugal, deste modo, os estudantes de todas as partes do país levavam as suas guitarras, no intuito de se reunirem e celebrarem as tradições académicas com as suas cantigas.
Fig. 1- Guitarra de Coimbra |
As saudades e o romance davam origem a diversas canções que se ouviam à noite pelas praças ou ruas da cidade. Os temas cantados eram essencialmente românticos e dirigidos às suas amadas em serenatas musicais. O acompanhamento musical era e continua a ser feito pela viola (guitarra clássica) e pela guitarra portuguesa que originou a típica guitarra de Coimbra. O fado de Coimbra é exclusivamente cantado por homens, isto é, estudantes ou antigos estudantes e cantores que usam o traje académico: calças e batina preta cobertas por uma capa negra.
Nesta variante do Fado/Canção de Coimbra destacam-se compositores e intérpretes da geração de ouro como Augusto Hilário, António Menano, Edmundo Bettencourt e o guitarrista António Paredes. O Fado Hilário, Saudades de Coimbra ("Do Choupal até à Lapa"), Balada da Despedida do 6º Ano Médico de 1958 ("Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida", os primeiros versos, são mais conhecidos do que o título), O meu menino é d’oiro, Samaritana são alguns dos mais conhecidos fados de Coimbra.
Actualmente, a Canção de Coimbra é apresentada por estudantes em salas de espectáculos, adquirindo novas sonoridades quer a nível vocal, quer a nível instrumental.
No seguimento desta reportagem, entrevistei José Miranda, um dos membros que pertence a um grupo de fado, designado por FADVOCAL, a fim de conhecer os seus objectivos. Este grupo faz parte da Associação cultural, sem fins lucrativos, designada ADVOCAL (Associação Artística do Distrito Judicial de Coimbra), da qual está também relacionada com o Coro Misto de Advogados do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados.O fadista, José Miranda afirma que, ''após de me reformar na área de advocacia, decidi arriscar o caminho das cantorias. No entanto, o fado para mim, é apenas um passatempo''. Acrescenta ainda que, ''observo muitos estudantes com a inciativa de participar em grupos de fado, como as tunas académicas. É algo enriquecedor para cultura e alma''
O FADVOCAL é composto maioritariamente por Advogados inscritos pelo Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados. Teve o seu primeiro ensaio no dia 17 de Fevereiro de 2005 e fez a sua apresentação pública no dia 30 de Abril de 2005 no Palácio de São Marcos, na sexta Reunião do Curso Jurídico de 1970/75.
O grupo é constituído por colegas advogados de José Miranda, o Amaro Jorge (viola), Aníbal Moreira (viola e Director Artístico), Carlos Jesus (guitarra de Coimbra), Felisberto Queirós (voz), José Castanheira (guitarra de Coimbra), José Neves (voz) e por fim, o José Miranda (voz).
O primeiro CD ‘’Velhas Margens, Novas Pontes’’ é composto por catorze temas originais escritos pelos membros do grupo e posteriormente, editado em Abril de 2009. O seu repertório inclui os inéditos por si criados e outros temas da música de Coimbra, bem como peças instrumentais.
A audição deste CD revela-nos um canto Coimbrão acompanhado pela parte instrumental original, quer nos arranjos, quer no acompanhamento de dois prestigiados instrumentistas, Carlos Jesus e Aníbal Moreira.
José Miranda revela que, ‘’o grupo tem como objectivo de inovar este estilo de música, o fado, dedicando-se exclusivamente às guitarradas e às Canções de Coimbra’’.
Em suma, este grupo produziu um disco interessante com uma sonoridade peculiar, algo diferente do que se conhece neste género musical, mas, ainda assim e como o título sugere, é claramente distinguido pela ‘’matriz coimbrã’’
Fig.2 - Grupo ADVOCAL |
Fig. 3 - Grupo ADVOCAL |
Mariana
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