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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Texto de opinião: Tristezas não pagam dívidas!


Somos um povo saudosista, choramos pelos tempos de alguma glória, quando a economia estava bem de saúde e a classe média era uma maioria. Ignoramos o presente e quanto ao futuro, “um dia de cada vez”.
Existe uma crise mundial, não há como ignorar e é chato.

Mandam-nos apertar o cinto e o cinto continua largo para muitos e já não tem buracos para a fivela de muitos outros. Mas as mentalidades não mudam e a vida continua a ser levada segundo o lema “carpe diem”, gasta-se hoje e amanhã logo se vê. O pé-de-meia que se fazia há umas décadas é cada vez mais raro, verdade seja que os salários são proporcionalmente cada vez menores em relação aos custos de vida, mas a mentalidade de “trabalhar para construir um futuro” parece ultrapassada aos olhos do mundo “fast” em que vivemos. Já nada é certo e já nada é “para toda a vida” e o amanhã é cada vez mais desconhecido apesar de tanto estudo e análise. A profissão que dantes era aprendida na infância e servia de sustento seguro e rotineiro para o resto da vida, com tendência para o aumento de lucro e não para a decadência do negócio, é hoje uma recordação bonita de uma vida moderada e recatada mas mais ou menos estável.

Portugal foi fortemente afectado pela tão badalada crise, assim como a Grécia e a Irlanda. A troika tem ajudado estes três países, em contrapartida, impõe medidas rígidas, mas os resultados são muito distintos nas três nações. A Grécia falhou as metas. A Irlanda uniu-se e está a sofrer junta, todos viram a sua vida transformada, os salários foram diminuídos drasticamente e o número de desempregados cresceu abruptamente. Em vez de se queixarem, de gritarem pelas ruas por direitos que ninguém lhes pode dar, juntaram-se e estão a lutar em conjunto pelos seus direitos e redobrando o seu dever, trabalhando todos com o mesmo objectivo: tirar o seu país do buraco em que o puseram.

E Portugal? O que nos reserva o futuro? Não somos certamente dos que nos unimos, seremos dos que falham as metas? O patriotismo é esquecido quando é mais preciso, fugimos e dizemos “salve-se quem puder”; somos conhecidos no estrangeiro como trabalhadores mas aqui encostamo-nos sempre que podemos, em vez de trabalharmos por o que é nosso; choramos sobre leite derramado em vez de limparmos o chão.

O sangue que nos corre nas veias dita o nosso futuro enquanto nação. E esse sangue, o que contém? O português que se encosta ou o que trabalha arduamente sem medo? Seremos o povinho saudosista ou daremos cartas como tantos outros portugueses que voaram e vingaram por este mundo fora?
Portugueses, tristezas não pagam dívidas!

                                                                                                                                           Catarina Rodrigues, R1
                                                                                                                                                               (tema livre)

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