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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Igreja Católica VS Sexo


É do conhecimento geral que a Igreja Católica encara a sexualidade e todos os seus contornos como um tabu. Aliás, por encarar o sexo como uma dádiva divina, o catolicismo condena actos como a masturbação e a pornografia, considera imoral a inseminação artificial assim como qualquer forma de planeamento familiar que não passe por castidade e controlo da natalidade através de métodos naturais.

Apesar de não existir nenhuma doutrina vigente no que diz respeito a temas como a contracepção, a Igreja Católica faz-nos chegar princípios conservadores através do seu expoente máximo: o Papa. De facto, a proibição total dos métodos contraceptivos artificiais remonta a 1930 pelo Papa Pio XI, manteve-se até 1968, altura da publicação da encíclica Humanae Vitae pelo Papa Paulo VI e constitui a política actual da igreja originando esta batalha entre o ideal utópico da igreja e a realidade mundana.

Sendo o sexo encarado como a concepção original do pecado e até uma luxúria vergonhosa o sumo pontífice apregoa que este deve limitar-se à procriação da espécie e nunca pelo prazer. Então e vamos procriar sempre que praticamos sexo, desde que iniciamos a nossa vida sexual, pergunto eu? Simples, segundo a igreja a vida sexual só deve iniciar-se após o casamento, uma vez que é apenas neste momento que Deus concede aos casais o poder da vida. A partir daí, se não quiserem ter um “rancho” de filhos então tenham atenção mulheres, tornem-se peritas nos métodos naturais de controlo da natalidade. Sim, porque qualquer outro método contraceptivo é completamente banido. Mas se estes métodos naturais não previnem as doenças sexualmente transmissíveis, como preveni-las, pergunto eu novamente? Mais fácil ainda, basta seguir estes três conceitos: fidelidade no casamento, castidade e abstinência sexual. Afinal de contas, distribuir gratuitamente contraceptivos é incitar os jovens a práticas condenáveis e imorais.

Ridículo? Pré-histórico? Ou simplesmente afastado da realidade? Talvez fosse mais fácil optar por uma doutrina moderada e sensata de modo a adaptar-se minimamente à sociedade actual na qual se observa a propagação crescente de doenças sexualmente transmissíveis, nomeadamente o vírus VIH/Sida. A meu ver, já está na altura de a Igreja Católica reavaliar as suas convicções. As pessoas já não possuem a mesma educação e o mesmo conhecimento que existia em 1930, as mentalidades evoluíram e a educação sexual já é ensinada a crianças. A mudança está em marcha, e já são escassos os que seguem cegamente os ideais desta igreja que a cada dia que passa se torna cada vez mais absurda pela falta de consciência daquilo que exige aos seus fiéis.  

Crenças à parte, o ser humano e o seu bem-estar devem ser sobrepostos à irracionalidade. Lanço ainda o repto para se pensar sobre a seguinte questão: Se colocarmos este denominado pecado junto de crimes hediondos que retiram a vida humana, será que a Igreja continuaria a classificar o acto sexual como vergonhoso? 

Eduarda Barata, Redacção 2

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