Já lá vai o tempo em que por esta altura os pais incitavam os
filhos a escreverem as suas cartas ao Pai Natal, fazendo-os acreditar que ele
traria tudo o que pedissem caso se tivessem portado bem durante todo o ano. Na
verdade, este era apenas um método para os pais saberem o que comprar para
agradar os miúdos através da velha fantasia do lendário distribuidor de
prendas, gorducho, de longas barbas brancas, vestido de vermelho que desce, supostamente, pela
chaminé.
Actualmente a perspicácia crescente das crianças faz com que
destruam o misticismo mágico do Pai Natal cada vez mais cedo. No entanto,
existe outro factor que tem alterado o rumo desta tradição: a Tecnologia.
Exactamente, essa tecnologia que é imposta cada vez mais cedo na vida das
crianças e até nas tradições.
A imagem do pacato São Nicolau no
momento em que, sentado numa cadeira de baloiço junto à lareira lia as cartas
que lhe enviávamos, preenchia os nossos imaginários. Nós, pessoas nascidas numa
era “não tecnológica”, vivíamos as tradições tal e qual como foram concebidas
há séculos atrás. No entanto, a tal imagem que nos preenchia o imaginário está
agora a ser convertida aos apelos da tecnologia substituindo as cartas escritas
por cartas virtuais.

No entanto, existem ainda iniciativas que valorizam a
dinamização da escrita e da leitura e dão importância à comunicação através de
uma carta. É o caso da iniciativa Cartas ao Pai Natal, criada em 1985 pelos CTT
que tem como finalidade responder a todas as crianças que enviem as suas cartas
ao Pai Natal. O envio da carta é totalmente gratuito, e na volta do correio as
crianças recebem a sua resposta do Pai Natal juntamente com uma pequena
lembrança.
Por outro lado, uma conhecida marca de electrodomésticos
faz-nos chegar através da rede social Facebook
uma visão tecnológica do que é escrever uma carta ao Pai Natal nos dias que
correm. Este simpático senhor de barbas brancas chega até nós, não num trenó
puxado por renas mas através de um vídeo interactivo em que somos ficticiamente
colocados numa conversa online com o próprio Pai Natal que nos disponibiliza
uma lista de artigos de modo a fazermos o nosso pedido não ao próprio mas sim a
alguém da lista de amigos que possuímos na referida rede social. Este novo método adapta-se a miúdos e graúdos e acaba por se afastar da tradição apelando apenas ao consumismo.
Felizmente ou não, o velhote omnipresente tem vindo a
adaptar-se às novas tecnologias atendendo aos pedidos das crianças que desde
cedo lidam facilmente com os novos substitutos do papel. Esperemos que a carta
de natal resista à modernidade e que, apesar de tudo não se deixe morrer uma
das mais clássicas tradições natalícias.
Eduarda Barata R2
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