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sábado, 17 de dezembro de 2011

Pai Natal Digital


Já lá vai o tempo em que por esta altura os pais incitavam os filhos a escreverem as suas cartas ao Pai Natal, fazendo-os acreditar que ele traria tudo o que pedissem caso se tivessem portado bem durante todo o ano. Na verdade, este era apenas um método para os pais saberem o que comprar para agradar os miúdos através da velha fantasia do lendário distribuidor de prendas, gorducho, de longas barbas brancas, vestido de vermelho que desce, supostamente, pela chaminé.

Actualmente a perspicácia crescente das crianças faz com que destruam o misticismo mágico do Pai Natal cada vez mais cedo. No entanto, existe outro factor que tem alterado o rumo desta tradição: a Tecnologia. Exactamente, essa tecnologia que é imposta cada vez mais cedo na vida das crianças e até nas tradições.

A imagem do pacato São Nicolau no momento em que, sentado numa cadeira de baloiço junto à lareira lia as cartas que lhe enviávamos, preenchia os nossos imaginários. Nós, pessoas nascidas numa era “não tecnológica”, vivíamos as tradições tal e qual como foram concebidas há séculos atrás. No entanto, a tal imagem que nos preenchia o imaginário está agora a ser convertida aos apelos da tecnologia substituindo as cartas escritas por cartas virtuais.

De facto, uma simples pesquisa na Internet permite-nos descobrir variadas formas de fazer chegar os desejos das crianças ao Pai Natal, supondo que a imagem que preenche agora o imaginário destas crianças será a de um Pai Natal moderno sentado frente a um ecrã de computador.

No entanto, existem ainda iniciativas que valorizam a dinamização da escrita e da leitura e dão importância à comunicação através de uma carta. É o caso da iniciativa Cartas ao Pai Natal, criada em 1985 pelos CTT que tem como finalidade responder a todas as crianças que enviem as suas cartas ao Pai Natal. O envio da carta é totalmente gratuito, e na volta do correio as crianças recebem a sua resposta do Pai Natal juntamente com uma pequena lembrança.

Por outro lado, uma conhecida marca de electrodomésticos faz-nos chegar através da rede social Facebook uma visão tecnológica do que é escrever uma carta ao Pai Natal nos dias que correm. Este simpático senhor de barbas brancas chega até nós, não num trenó puxado por renas mas através de um vídeo interactivo em que somos ficticiamente colocados numa conversa online com o próprio Pai Natal que nos disponibiliza uma lista de artigos de modo a fazermos o nosso pedido não ao próprio mas sim a alguém da lista de amigos que possuímos na referida rede social. Este novo método adapta-se a miúdos e graúdos e acaba por se afastar da tradição apelando apenas ao consumismo.

Felizmente ou não, o velhote omnipresente tem vindo a adaptar-se às novas tecnologias atendendo aos pedidos das crianças que desde cedo lidam facilmente com os novos substitutos do papel. Esperemos que a carta de natal resista à modernidade e que, apesar de tudo não se deixe morrer uma das mais clássicas tradições natalícias.

Eduarda Barata R2

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