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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Para que Outros Vivam

É na esquadra 751 da base aérea do Montijo que todos os dias, pilotos, salvadores recuperadores, mecânicos de material aéreo, se esforçam para salvar vidas no mar. Muitos deles abdicam da família, dos amigos, da sua cidade para se deslocarem a esta base aérea, local onde o objetivo é trabalhar para que outros vivam. Hugo Filipe Lopes Mota, 24 anos, deixou a Maia para trabalhar no Montijo como mecânico de material aéreo. Já faz parte da Força Aérea Portuguesa desde Fevereiro de 2010 e vê nesta profissão um futuro risonho.

Posts de Pescada: O que o levou a ingressar na Força Aérea Portuguesa? Quais foram as suas motivações?
Hugo Mota: O que me levou a ingressar na FAP foi o facto de considerar ser um bom futuro na minha carreira profissional, tanto no salário como na progressão e segurança da mesma. Esses foram os principais factores, mas também porque sempre tive gosto pela aviação.

PP: Por que etapas teve que passar para conseguir ser aceite na FAP?
H.M: A primeira etapa foi a fase de testes físicos, médicos e psicológicos, que, para os fazer teria que ter mais de 18 anos e no mínimo ter o 11º ano de escolaridade. Passados esses testes fui submetido a uma rigorosa serie de treinos físicos e mentais na recruta, que durou cerca de 5 semanas. Completando a mesma estaria pronto a assinar o contrato que duraria 4 anos. A seguinte etapa consistiu numa fase de estudo durante um ano, relativo á especialidade que escolhi. Terminado esse ano fui colocado na base operacional do Montijo, onde tive de escolher a esquadra onde quereria trabalhar. Escolhi a esquadra 751, referente ao helicóptero de resgate e salvamento, que tem por nome EH-101 Merlin. Neste momento trabalho nessa mesma esquadra, à sensivelmente 1 ano.

PP: Quais as principais dificuldades que encontrou ao passar por essas diferentes etapas?
H.M: Tive diversas dificuldades, principalmente no início, pois tudo era diferente do que alguma vez imaginei. Foi difícil ter constantemente pessoas a gritar e a obrigar-me a fazer coisas que não queria fazer, como os exercícios físicos exigentes, os hábitos militares e mesmo o estilo de vida rígido. Passados vários meses já estava “moldado” á vida militar, mas, quando pensei que tudo seria mais fácil foi quando tive de ser colocado numa base militar a 350 km de casa, onde tudo era novamente diferente, pois eu era novo e tive de me adaptar. Hoje já tudo parece mais fácil, mas sei que ainda terei varias dificuldades pela frente.

PP: Mesmo depois de ser aceite, em algum momento pensou em desistir?
H.M: Sim, pensei. Foi difícil passar por tudo, mas a minha vontade foi mais forte e com o apoio da minha família e amigos consegui superar as dificuldades que me motivavam a desistir.

P: Quais as principais tarefas que desempenha?
H.M: Neste momento sou mecânico de material aéreo. As minhas funções vão desde simples mudanças de óleo ate grandes reparações de aeronaves. Ainda estou na fase de aprendizagem em algumas funções mas estou qualificado a fazer praticamente tudo que seja relacionado com manutenções e reparações.

PP: Porquê que escolheu ser mecânico de material aéreo?
H.M: Escolhi ser mecânico de material aéreo porque sempre pensei que se entrasse para a FAP seria para trabalhar directamente com aeronaves. Era isso ou ser piloto aviador, mas como tenho problemas de visão não seria aceite nos rigorosos testes de piloto.

PP: Trabalha com helicópteros que fazem salvamentos. Como se sente ao fazer parte deste tipo de trabalho com um propósito tão nobre?
H.M: Para mim é o maior orgulho que posso ter, e foi a pensar nessa causa tão nobre que escolhi trabalhar no EH-101. Sempre que salvamos alguém sinto que o meu trabalho é importante. Sinto que sou útil ao país.

PP: O facto de trabalhar para a defesa do país e da comunidade em geral, serve de alguma maneira de motivação a querer fazer mais e melhor?
H.M: Sim. Apesar do meu trabalho ser bastante importante e útil, no futuro, gostaria de ser recuperador salvador, para estar directamente ligado ao salvamento. Esse é o meu objectivo e, quando o cumprir, sentirei que faço mais e melhor do que faço hoje.

PP: Qual o momento mais gratificante e emotivo que viveu enquanto militar da força aérea?
H.M: O momento mais gratificante e emotivo na minha vida militar foi quando executei o meu juramento de bandeira, pois foi nesse momento que me tornei oficialmente militar. Nesse dia senti que todo o esforço foi recompensado.

PP: Sente-se concretizado e vê a Força aérea como um emprego de futuro, ou apenas vê isto como uma experiência que lhe vai abrir portas para novos empregos?  
H.M: Não, não me sinto concretizado, ainda, porque de momento não estou nos quadros da força aérea, mas, quando esse dia chegar, vou-me sentir, com toda a certeza. Em relação a futuro, neste momento, apesar das dificuldades que o país ultrapassa, penso que continua a ser um bom futuro e, se possível, continuarei a pertencer á força aérea.


por: Ana Mota
*Artigo escrito a abrigo do novo Acordo Ortográfico

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