É na esquadra 751 da
base aérea do Montijo que todos os dias, pilotos, salvadores recuperadores,
mecânicos de material aéreo, se esforçam para salvar vidas no mar. Muitos deles
abdicam da família, dos amigos, da sua cidade para se deslocarem a esta base aérea,
local onde o objetivo é trabalhar para que outros vivam. Hugo Filipe Lopes
Mota, 24 anos, deixou a Maia para trabalhar no Montijo como mecânico de
material aéreo. Já faz parte da Força Aérea Portuguesa desde Fevereiro de 2010
e vê nesta profissão um futuro risonho.
Posts de Pescada: O que o levou a ingressar
na Força Aérea Portuguesa? Quais foram as suas motivações?
Hugo Mota: O que me levou a
ingressar na FAP foi o facto de considerar ser um bom futuro na minha carreira
profissional, tanto no salário como na progressão e segurança da mesma. Esses
foram os principais factores, mas também porque sempre tive gosto pela aviação.
PP: Por que etapas teve que passar para conseguir ser aceite na FAP?
H.M: A primeira etapa foi
a fase de testes físicos, médicos e psicológicos, que, para os fazer teria que
ter mais de 18 anos e no mínimo ter o 11º ano de escolaridade. Passados esses
testes fui submetido a uma rigorosa serie de treinos físicos e mentais na
recruta, que durou cerca de 5 semanas. Completando a mesma estaria pronto a
assinar o contrato que duraria 4 anos. A seguinte etapa consistiu numa fase de
estudo durante um ano, relativo á especialidade que escolhi. Terminado esse ano
fui colocado na base operacional do Montijo, onde tive de escolher a esquadra
onde quereria trabalhar. Escolhi a esquadra 751, referente ao helicóptero de
resgate e salvamento, que tem por nome EH-101 Merlin. Neste momento trabalho
nessa mesma esquadra, à sensivelmente 1 ano.
PP: Quais as principais dificuldades que encontrou ao passar por essas
diferentes etapas?
H.M: Tive diversas dificuldades,
principalmente no início, pois tudo era diferente do que alguma vez imaginei.
Foi difícil ter constantemente pessoas a gritar e a obrigar-me a fazer coisas
que não queria fazer, como os exercícios físicos exigentes, os hábitos
militares e mesmo o estilo de vida rígido. Passados vários meses já estava
“moldado” á vida militar, mas, quando pensei que tudo seria mais fácil foi
quando tive de ser colocado numa base militar a 350 km de casa, onde tudo era
novamente diferente, pois eu era novo e tive de me adaptar. Hoje já tudo parece
mais fácil, mas sei que ainda terei varias dificuldades pela frente.
PP: Mesmo depois de ser aceite, em algum momento pensou em desistir?
H.M: Sim, pensei. Foi difícil
passar por tudo, mas a minha vontade foi mais forte e com o apoio da minha
família e amigos consegui superar as dificuldades que me motivavam a desistir.
P: Quais as principais tarefas que desempenha?
H.M: Neste momento sou
mecânico de material aéreo. As minhas funções vão desde simples mudanças de
óleo ate grandes reparações de aeronaves. Ainda estou na fase de aprendizagem
em algumas funções mas estou qualificado a fazer praticamente tudo que seja
relacionado com manutenções e reparações.
PP: Porquê que escolheu ser mecânico de material aéreo?
H.M: Escolhi ser mecânico de
material aéreo porque sempre pensei que se entrasse para a FAP seria para
trabalhar directamente com aeronaves. Era isso ou ser piloto aviador, mas como
tenho problemas de visão não seria aceite nos rigorosos testes de piloto.
PP: Trabalha com helicópteros que fazem salvamentos. Como se sente ao
fazer parte deste tipo de trabalho com um propósito tão nobre?
H.M: Para mim é o maior
orgulho que posso ter, e foi a pensar nessa causa tão nobre que escolhi
trabalhar no EH-101. Sempre que salvamos alguém sinto que o meu trabalho é
importante. Sinto que sou útil ao país.
PP: O facto de trabalhar para a defesa do país e da comunidade em geral,
serve de alguma maneira de motivação a querer fazer mais e melhor?
H.M: Sim. Apesar do meu trabalho ser bastante importante e
útil, no futuro, gostaria de ser recuperador salvador, para estar directamente
ligado ao salvamento. Esse é o meu objectivo e, quando o cumprir, sentirei que
faço mais e melhor do que faço hoje.
PP: Qual o momento mais
gratificante e emotivo que viveu enquanto militar da força aérea?
H.M: O momento mais gratificante
e emotivo na minha vida militar foi quando executei o meu juramento de
bandeira, pois foi nesse momento que me tornei oficialmente militar. Nesse dia
senti que todo o esforço foi recompensado.
PP: Sente-se concretizado e vê a
Força aérea como um emprego de futuro, ou apenas vê isto como uma experiência
que lhe vai abrir portas para novos empregos?
H.M: Não, não me sinto
concretizado, ainda, porque de momento não estou nos quadros da força aérea, mas,
quando esse dia chegar, vou-me sentir, com toda a certeza. Em relação a futuro,
neste momento, apesar das dificuldades que o país ultrapassa, penso que
continua a ser um bom futuro e, se possível, continuarei a pertencer á força aérea.
por: Ana Mota
*Artigo escrito a abrigo do novo Acordo Ortográfico
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