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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Arriscar em tempo de crise

António Ferreira
António Ferreira, 44 anos, mecânico de automóveis. Ficou desempregado em outubro de 2011. A empresa Autogeiza, em Cacia foi mais uma das que encerrou por escassez de clientes. A crise continua a fechar portas.
No início de 2012 o desemprego era ainda uma realidade na sua vida. Foi então que, ao perceber que a situação tendia a não melhorar, pensou em criar o seu próprio negócio. Fundou uma sociedade com o seu colega da empresa que havia falido. Puseram “mãos à obra” e em março deste ano o projeto tornou-se real, estava a inaugurar-se a oficina “TopService”. “No início não é fácil porque temos de fazer o projeto, tratar da burocracia, fazer um grande investimento…”, confessa António Ferreira. Nos tempos que correm é de louvar a coragem para embarcar numa aventura destas. “A crise, mais especificamente o desemprego, levou-me a concretizar um desejo que tinha há algum tempo. A estabilidade que o emprego na Autogeiza me oferecia ainda não o havia permitido”, revela António. Várias têm sido as notícias sobre a crise no setor automóvel. A mecânica de automóveis é uma profissão que, como a maioria de todas as outras, atravessa uma fase muito complicada mas “ficar desempregado na minha situação, com família, duas filhas estudantes, não podia ser opção”. Em Águeda, onde exerce a sua atividade, a concorrência ainda não é muito notável. Ainda assim, as pessoas cortam nos gastos ao máximo e se puderem poupar na reparação do seu automóvel fá-lo-ão sem hesitar. Quanto mais se puder adiar esta despesa, melhor! Por estes motivos, ele e o sócio apostam na versatilidade de serviços. “Fazemos todo o tipo de manutenção e reparação automóvel”.
Atualmente é o salário mínimo que entra mensalmente na sua conta bancária, menos que há pouco mais de um ano, porém as despesas aumentam a olhos vistos. “Com as despesas normais de uma família e duas filhas a estudar, têm de ser feitos alguns sacrifícios para o dinheiro chegar ao final do mês”, desabafa.
Infelizmente esta é a realidade de muitos portugueses. Atualmente o salário mínimo está abaixo dos 500€ e em algumas famílias o rendimento mensal não chega aos 1000€. Grande parte delas têm filhos e as despesas multiplicam-se. Os gastos aumentam todos os dias e os salários permanecem no mesmo valor. Pagar mais despesas com o mesmo salário é o desafio diário de todos, ou grande parte dos portugueses. Crise é a palavra que está presente em todas as conversas, todos os dias, em todos os locais. O desemprego atinge cada vez mais portugueses. Que a coragem de quem arrisca nesta época tão difícil seja capaz de fazer frente a estas contrariedades.

por: Fabiana Ferreira
*Artigo escrito a abrigo do novo Acordo Ortográfico 

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