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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Profissões em vias de extinção



Maria Lurdes Fonseca é costureira há 23 anos, na cidade de Estarreja. Apesar de ter notado grandes modificações na sua profissão, ao longo dos anos, Lurdes garante gostar do seu trabalho “sei que esta profissão já não é o que era. Houve muitas mudanças. Porém, adoro ser costureira e não trocava este trabalho por nada. ”

Costureira Maria Lurdes Fonseca

Atualmente existem inúmeras profissões em vias de extinção, causadas por vários motivos e com consequências prejudiciais para a sociedade. Permanecem, também, as profissões adaptadas, que sofreram muitas mudanças ao longo dos anos. A profissão de costureira é uma delas.


Maria Lurdes é costureira desde dos seus 26 anos de idade. Escolheu esta profissão pelo enorme entusiasmo que sente ao cortar, coser, alinhavar o vestuário. “Aprecio imenso a textura dos tecidos. Sinto uma enorme alegria e vontade de fazer roupas”, diz.


Lurdes era responsável por um vasto conjunto de funções. Era uma costureira emblemática, com imensos clientes. “uns clientes chamavam os outros. Eram dias e dias seguidos a trabalhar, para conseguir satisfazer as necessidades dos meus clientes. Gostavam do meu trabalho. revela Lurdes, com ar nostálgico.


Porém, com o passar dos anos, e sobretudo após a Revolução de 25 de Abril de 1974, o caso mudou de figura. As costureiras passaram a ter uma função diferente à que tinham até então.


Atualmente, Lurdes não faz mais que simples arranjos, devido sobretudo, ao maior poder de compra dos cidadãos, que preferem comprar roupas já feitas, em lojas, do que mandá-las fazer. Em qualquer loja, existe uma enorme variedade de vestuário ao dispor dos clientes, o que lhes desperta um maior interesse, devido, essencialmente, à poupança de tempo.



Profissões extintas

Aguadeiras
Ao longo dos anos, são várias as profissões que se têm extinguido, por imensas razões.

Nos anos passados, era comum ver-se as aguadeiras, a dar/vender água fresquinha na rua, os alfarrabistas, que vendiam livros de histórias, as lavadeiras, a lavar as roupas, os cauteleiros, a vender cautelas/lotarias na rua, ou até mesmo, o engraxador, que adorava engraxar os sapatos das pessoas que passavam.

Todas estas profissões, outrora, eram emblemáticas e bastante atrativas e recorridas. Hoje em dia, estes ofícios só são reconhecidos pelos mais velhos, que os relembram, com saudade.



Profissões adaptadas

Cauteleiro Joaquim Silva
Por outro lado, existem algumas profissões, cujas funções foram alteradas. Os profissionais, para manter a subsistência dos seus ofícios, tiveram que adaptar as suas funcionalidades à sociedade.


A costureira deixou de fazer roupas para fazer arranjos. O sapateiro, deixou de confecionar calçado adequado aos pés de cada cliente, para passar a fazer consertos nos mesmos.

           

Causas e consequências

As principais mudanças que se avistaram nas profissões foram, sobretudo, após a “Revolução dos Cravos” a 25 de Abril de 1974.


A vida profissional antes do 25 de Abril era muito diferente da atual. Era uma sociedade fechada, na qual valorizavam pouco o ensino e a formação dos cidadãos. Salazar enaltecia a agricultura, ao contrário da indústria, que era pouco elogiada e empregada.


Sapateiro Manuel Oliveira
A Revolução do 25 de Abril trouxe várias mudanças para a sociedade. Para além da liberdade de expressão e política, verificou-se, ainda, um grande surto industrial com a abertura de grandes empresas e superfícies comerciais que, associado ao maior poder económico, levou à desvalorização ou adaptação das profissões antigas.


Surgiram novos valores, como a independência, consumismo e culto do prazer, que se apoderaram da população e alteraram os seus hábitos de consumo.
Os jovens, atualmente, preferem tirar um curso académico para exercerem uma profissão com rendimento elevado. Neste sentido, não apostam nas profissões tradicionais por considerarem que não dão futuro. Por consequência, leva à extinção de certas profissões ou à sua adaptação.

por: Liliana Pastor

*Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico  

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