Páginas

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Festa das Latas em Coimbra com edição mais curta

Com menos dois dias de festa, o cortejo alterado para domingo e com tolerância de aulas na quinta e na sexta-feira, chegou ao fim mais uma festa das latas de Coimbra. O tradicional cortejo saiu à rua domingo (19) e desta vez, o principal alvo das críticas foi o país que tem deixado os jovens com poucas perspectivas para o futuro. Queixam-se que o “Ensino está num estado terminal” e os alvos da maior parte das críticas foram o Ministro da Educação Nuno Crato e o Primeiro Ministro Pedro Paços Coelho.
Leonor Gonçalves, estudante de Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra fala-nos da sua perspectiva enquanto caloira na “cidade dos estudantes”.







Com as restrições financeiras que houve este ano à festa pensas que a Associação Académica contornou bem as entraves ao reduzir a festa?
– Acredito que tenha sido uma decisão ponderada por parte da AAC e, certamente, a menos lesante para todos os estudantes. Tendo em conta que, como é do conhecimento geral, e por comparação, a Festa das Latas tem vindo a causar mais prejuízo ao bolso da AAC do que a Queima das Fitas, a redução destes dois dias poderá ser uma estratégia para reequilibrar o budget da AAC a fim de apostar numa Queima de maior qualidade. No entanto, a Festa cumpriu, ainda que com menos dois dias do que o habitual, o seu propósito principal – a integração calorosa dos caloiros.

O início da festa ficou marcado pela serenata à chuva e pelo atraso na abertura das portas do recinto, o que levou ao protesto de vários estudantes
que viram os artistas actuar mais tarde que o agendando. O que achaste dos estudantes terem que esperar, nestas condições, pela abertura das portas?
– A chuva não poderia, naturalmente, ser interrompida por ordem humana, mas não foi ela que demoveu as centenas de estudantes que aguardaram pela abertura do recinto. Quanto à espera no exterior e ao atraso dos concertos foi, para mim, uma grande falha da organização, que manchou o começo da Festa das Latas.

Os estudantes estão fartos de ouvir falar em cortes, e não são os que vêm pela mão da praxe. O que pensas destes cortes e da praxe?
– Quer concordemos, quer não, os cortes existem porque têm que existir e ninguém pode ignorar a actual conjuntura económica do país. Facto é que, muitas vezes, atingem aqueles que mais precisam e merecem ajuda. Isso sim, aflige-me! A praxe, quando é concretizada no verdadeiro sentido da palavra, pode ser uma das experiências mais enriquecedoras da vida de um jovem. Vivem-se momentos de partilha, de camaradagem e criam-se laços de respeito e amizade com aqueles de quem seremos colegas durante, pelos menos, os próximos três anos da nossa vida. Muitas vezes, na primeira instância, fazemos coisas contrariados, mas a praxe é curativa: o que nos recusamos a fazer num dia, fazemos a sorrir na próxima oportunidade.



Chamam-nos “Geração de malas feitas...” que perspectivas tens para o futuro?
– Fui educada para ser uma cidadã do Mundo e ensinada a não me prender a nada nem a ninguém, por isso não me assusta ter que agarrar na mala e fazer-me à estrada! Se a bagagem intelectual for de qualidade, não existem entraves à realização pessoal e profissional. Gosto do que estudo, estudo porque gosto e sei que se não for em Portugal haverá, noutro qualquer canto do mundo, um lugar para mim na Comunicação.



O que achaste de o cortejo ser alterado da terça feira para o domingo?
- No meu ponto de vista, esta alteração é um desrespeito pela tradição de Coimbra. Todavia, o facto de o cortejo ser a um Domingo facilita a adesão de pais e familiares à Festa e isso, consequentemente, gera lucros consideráveis.

O país tem acolhido cada vez mais estudantes de outros países, presença que também se sente nos dias de festa. Achas que Coimbra é, sem dúvida, a cidade dos estudantes?
– Sem dúvida! Coimbra é, por excelência, a cidade da tradição académica e dos estudantes. A mística desta cidade é indiscritível e incomparável. Não será por acaso que, em momentos que nos merecem respeito, entoamos entre abraços “capa negra de saudade/ no momento da partida/segredos desta cidade/ levo comigo p’rá vida”. Tenho, e acredito que seja um sentimento extensível a todo o estudante de Coimbra, muito orgulho do calor humano que aqui se vive.
Os estudantes estrangeiros, sempre elegeram Coimbra. Porém, acredito que o facto da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia terem sido consideradas Património Mundial da Humanidade pela UNESCO aumente exponencialmente essa procura.





Bruno Tavares
2013568

Sem comentários:

Enviar um comentário