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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Quando o jornalismo e o professorado se complementam, a mescla pode vir a ser interessante


Amílcar Martins dos Santos, professor e jornalista, considera que a docência e o jornalismo se complementam.
Defende que nas lides da pedagogia os meios nunca se esgotam para atingir objetivos pré-definidos. E diz que a sua permanente atenção e sensibilidade pelos problemas regionais, ao compará-los para o domínio da opinião pública, tem contribuído para a sua resolução pelas entidades tutelares.
Aposentado do ensino há 18 anos, Amílcar Santos fala das escolas do Magistério Primário de Viseu e de Coimbra, do seu exame de Estado, da dificuldade em fazer chegar as peças jornalísticas às redações dos jornais e do respeito pelos princípios éticos do jornalismo.


O que foi para si a Escola do Magistério Primário de Viseu, hoje Escola Superior de Educação?

Uma escola de qualidade onde obtive a melhor formação para a atividade docente. Foi aí que fiz o meu Exame de Estado. Na sua componente prática dei uma aula sobre “O aparelho circulatório, seus órgãos e funções e cuidados higiénicos”, tema que me havia sido atribuído por sorteio.
Levei para a sala de aula um mapa do corpo humano, uma reprodução plástica do aparelho circulatório, gravuras diversas e um coração de porco que havia comprado na véspera num talho do Mercado 2 de Maio, ainda hoje local emblemático da cidade de Viseu.
Terminados os Exames de Estado, o jornal “Ação Educativa”, órgão de comunicação em que se publicava na Escola, dava honras de primeira página a um jocoso artigo em que se apelava à aquisição de um frigorífico para conservar o material didático. Achei imensa piada e a partir daí comecei a olhar os jornais de outra forma.

E a Escola do Magistério Primário de Coimbra?
  
Frequentei aí um curso de formação de monitores de ações regionais. Situada em local praticamente isolado está hoje rodeada de edificações várias e cheia de alunos que trocaram as batas brancas pelas capas negras. Guardo delas gratas recordações.

Falou-me das dificuldades sentidas no exercício das funções de jornalista.
 
Imagine-se na aldeia sem telefone, sem computador, sem internet e sem máquina fotográfica digital. A ter que tomar notas, dactilografar as peças, metê-las num envelope e dirigir-se a uma Estação de Correios para as expedir para as redações…

Tem visto reconhecido o seu empenho jornalístico?

Alguns responsáveis têm tido a oportunidade de o enaltecer, através de notas informativas, o que me agrada completamente.

Alguma vez se preocupou com o estilo redatorial?

Naturalmente. Sempre preguei pela fácil leitura e absorção pelos leitores, de todos os escalões etários e estratos sociais.

Dos trabalhos que vem publicando ao longo dos tempos, algum lhe merece destaque especial?

Atribuo a mesma importância a cada um deles, no entanto poderei apontar dois que acabaram por dar origem a reportagens televisivas.
Refiro-me a um sobre a pedra insculturada do Arestal, atribuída aos Celtas e integrada na chamada arte rupestre do noroeste peninsular, e a um outro que versava o caso da oferta de um relógio à vila de Sever do Vouga e que nunca chegou a ser instalado.

Alguma vez se viu envolvido em algum problema decorrente da sua atividade jornalística?

Não. Tenho absoluto respeito pelos princípios éticos e responsabilidades cometidas aos jornalistas. Relato factos.

Afinal a que jornais esteve ligado?

Colaborei com vários títulos da imprensa diária e regional. Poderei destacar o Jornal de Notícias, Diário de Aveiro, Soberania do Povo, Terras do Vouga, Beira Vouga e o Correio de Sever do Vouga, entretanto desaparecido das bancas.

Quanto tempo conta de colaboração com a imprensa diária e regional?

Não sei precisar. Acompanham-me um cartão da Direção Geral da Comunicação Social e um outro do Jornal de Notícias, que apontam as datas de emissão de, 20 de Julho de 1990 e 25 de Janeiro de 1991, respetivamente. Mas, no início da década de 70 do século passado já estava ligado aos jornais.

Aposentou-se do ensino. Alguma vez pensou em abandonar também o jornalismo?

Embora me dedique a outras atividades, ainda não arrumei completamente o bloco de notas e a esferográfica.


Raquel Santos (20140115)
Grupo 10

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