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sábado, 15 de outubro de 2011

Entrevista a Marcos Pinto, jornalista do TVI24

"É preciso ter talento, muito talento. É preciso saber marcar a diferença. Hoje em dia não se deve trabalhar em televisão "por dá cá aquela palha”."
(clique aqui para ver a entrevista em formato multimedia)
Por Tiago Rentes.R2
Marcos Pinto é jornalista, locutor, professor e autor de livros. 
É licenciado em Comunicação Social pelo  Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa.
Em 2002 trabalhava no semanário Tal e Qual, passou pela rádio e actualmente está no TVI24.
Contado na primeira pessoa, vamos saber como se deu a sua ascensão à televisão, como foram os primeiros passos e o nervosismo do primeiro directo, o ambiente que se vive e a rotina de um jornalista de TV.

Posts de Pescada: Quais eram as suas ambições enquanto estudante de Comunicação Social?

Marcos Pinto: A minha ambição, o meu sonho, foi sempre fazer rádio, e consegui.
Eu pensava mais na rádio do que propriamente no curso de Comunicação Social, mas sabia que era o curso ideal para mim, para obviamente apreender as técnicas de comunicação para depois se chegasse à rádio pudesse fazer um bom trabalho, era essa a grande ambição, fazer rádio.
Na altura, quando cheguei a Lisboa em 1997, estava longe de imaginar de facto que conseguiria cumprir o sonho, e quando esse dia chegou foi muito bom mas então a ambição enquanto estudante, era fazer rádio e a prova disso é que passei muitas horas a fazer rádio no ISCSP-UTL , a minha faculdade, e foi muito divertido, e a paixão então foi ganhando uma maior dimensão.

PP: Quando e onde começou a construir a sua carreira profissional?

MP: Bem, eu no meu caso levo dez anos de trabalho em comunicação, e acho que é muito cedo ainda para falar em carreira mas foi um primeiro estágio.
Eu acabei o curso em Dezembro de 2001 e tive a sorte de em Fevereiro de 2002 fazer o primeiro estágio. Foi no semanário Tal e Qual, um semanário histórico em Portugal, que já não existe, e não foi nada mau porque fiz um estágio e recebi logo 400 euros, nada mau, comparado com o que hoje se vê. Depois do estágio viria durante algum tempo a colaborar com várias reportagens para o Tal e Qual.

PP: Autor de livros fez rádio, escreveu para revistas de televisão é jornalista, pivô, locutor, professor… em qual destas áreas se sente totalmente preenchido? Porquê?

MP: Bem, é curiosa esta tua questão, porque preenchido, em várias, totalmente preenchido encontro aqui duas, talvez como locutor de rádio e como pivô na televisão.
Isto porque, há aqui um elo de ligação entre ser locutor e ser pivô, que é o directo. É aquela expectativa de estarmos sem rede, de estarmos a comunicar minuto a minuto, muitas vezes só com algumas directrizes para nos enquadraré, isso é de facto o que me preenche.

PP: Quando e como chegou a oportunidade de fazer televisão?

MP: Foi em Fevereiro de 2009, o meu primeiro dia na TVI, é o dia do arranque do TVI24, 26 de Fevereiro de 2009. Na altura tinha saído do RCP- Rádio Clube Português e surgiu então a oportunidade de fazer televisão. Foi um convite do director de informação, na altura era o João Maia Abreu, e pronto, é na TVI onde estou e onde gosto muito de estar.

PP: O que fez e como correu o seu primeiro dia de trabalho em televisão?

MP: Foi no primeiro dia do TVI24, no jornal da manhã, e fui a voz do trânsito, das 06:00h às 10:00h da manhã. Lembro-me que acordei às três e meia da manhã, aliás lembro-me que não dormi nessa noite com a expectativa e a ansiedade de fazer parte de um novo projecto, e também com o receio de adormecer. Adormecer no primeiro dia era muito chato.

PP: Custou familiarizar-se com toda a azáfama que se vive na televisão?

MP: Sim. Porque são mais pessoas, há muita gente a trabalhar no mundo da televisão, eu vinha na altura de trabalhar no RCP. São mais pessoas,  é outra dinâmica e não posso mentir, confesso que no inicio me fez alguma confusão mas a adaptação depois á televisão foi muito rápida.

PP: O que mais o fascina no mundo da “caixinha mágica"?

MP: A televisão fascina por aquilo que nos dá, aquilo que nos dá de forma ilimitada.
Por exemplo, no mundo da informação é fantástico receber-mos um take, receber-mos uma notícia de última hora e reagirmos, e toda aquela ansiedade e aquela rapidez que é necessária em televisão para reagir a uma notícia, acho que é isso que mais me fascina na televisão e na informação.

PP: O que sentiu quando fez o primeiro directo em televisão?

MP: Muito nervosismo, muito muito , e nervosismo, acho que já disse nervosismo vezes suficientes. O directo em televisão é o que há de melhor, é aquilo em que a escola da rádio pode fazer toda a diferença na televisão. Estava muito nervoso e ansioso, mas foi engraçado.

PP: A difusão de notícias sempre fez parte do seu quotidiano a partir do momento em que começou a trabalhar?

MP: Sim. Podemos dizer que sim. Porque mesmo no RCP, mesmo na parte da animação há sempre qualquer notícia, e temos que olhar aqui para a notícia no sentido mais lato e portanto, sim, podemos dizer que sim.

PP: A maior parte das pessoas pensa que os jornalistas - pivôs ou apresentadores chegam ao estúdio e começam a “debitar” toda a informação que lhe é cedida previamente e no fim acabou o dia de trabalho. Isso não acontece.
Como é a sua rotina num dia de trabalho normal em televisão, enquanto jornalista?

MP: Não de facto não acontece. E tu afirmas aqui muito bem, não, isso não acontece.
Não é debitar, aliás o telespectador não é estúpido, não é parvo, sabe perfeitamente quando é que há um pivô que é absolutamente mecânico, que está ali a debitar informação, e qual é aquele pivô jornalista que tem um estilo, que tem um cunho próprio e que levou então esse cunho para a apresentação da notícia.
A rotina começa muito antes do noticiário obviamente, é preciso a caminho do trabalho ouvir a rádio para saber o que é que está a acontecer nessa manhã, depois chegar à redacção e ler os jornais, e depois logo encontrar um outro enquadramento, ou seja contar a mesma notícia mas para não sermos iguais aos outros, encontrar-mos aqui um ângulo de abordagem diferente, e portanto é isso que acontece.

PP: Actualmente está na TVI24, o que lhe dá mais gosto fazer, ser pivô de informação? Preparar o programa ou o noticiário do dia seguinte? Ou apresentar um programa mais descontraído como era o Perfil?

MP: O perfil foi uma curta experiência, mas muito enriquecedora.
Eu não gosto de falar muito no passado, gosto mais de olhar para o presente e para o futuro mas não posso esconder que o perfil foi uma bela escola, e mesmo num curto espaço de tempo aprendi por lá muita coisa que hoje em dia é uma mais-valia também na área da informação.
Eu gosto de estar na TVI, gosto de fazer informação, gosto essencialmente do trabalho que faço, gosto de estar em estúdio mas também gosto de estar na rua em directo e também gosto da reportagem.
Posso dizer que sou um felizardo, porque gosto imenso daquilo que faço.

PP: Na televisão o número de jornalistas – pivô é bastante restrito. Visto que faz parte desse grupo, isso é de alguma forma um privilégio para si?

MP: Se isso é um privilégio? Não vejo a coisa como tal, eu acho que ser pivô é apenas uma parte do que é ser jornalista. Há outras funções tão meritórias como ser pivô. Não vejo como um privilégio mas sim como uma coisa que gosto imenso de fazer, que é estar em estúdio e imprimir um cunho pessoal às notícias e à informação.

PP: Na sua opinião, o que acha imprescindível para se vingar no mundo da televisão?

MP: É preciso ter talento, muito talento. É preciso saber marcar a diferença. Hoje em dia não se deve trabalhar em televisão por “dá cá aquela palha”.
Deve-se mesmo ter noção da realidade televisiva, olhar e tentar perceber o que é que se pode fazer diferente. É preciso talento e muita capacidade de trabalho e esforço.

PP: Para terminar, que conselho deixaria aos futuros profissionais da imprensa, rádio ou televisão, aos estudantes de comunicação social que estão agora a terminar a sua licenciatura e que vão começar a estagiar?

MP: Tenho de ser realista, o nosso meio não está nada fácil, também não deixem de alimentar o sonho mas tentem perceber de facto, se podem chegar ao mercado de trabalho com uma ideia com uma outra forma de trabalhar, porque só assim, é que podem chamar à atenção dos superiores, e só assim, é que podem continuar a imaginar e a sonhar com a ideia de trabalhar em televisão, na rádio ou em jornais.
Hoje em dia, o mercado não tem espaço para pessoas que pensam: ou sou jornalista ou posso ser outra coisa qualquer, não, só mesmo para os apaixonados da profissão com grande capacidade de esforço e sacrifício mas que sejam muito talentosos.

1 comentário:

  1. Título adequado e com impacto: 5 - O título é simples, directo e objectivo, prendendo logo a atenção do leitor pela figura em questão que foi entrevistada.

    Organização e estrutura da notícia: 4 - Uma ou duas questões levantam demasiados pontos a serem respondidos de uma vez e poderiam fazer maior sentido numa ordem diferente, mas, no geral, a entrevista encontra-se bem estruturada.

    Estilo jornalístico: 5

    Uso apropriado das fontes: 5

    Ortografia e gramática: 3 - Pequenas falhas estruturais.

    Pertinência/originalidade: 5

    Tiago Mota
    Redacção 1

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