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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Natal (in)consciente


Não é Natal, mas parece. Várias lojas e centros comerciais começam a apostar nos enfeites natalícios para chamar a atenção. Ainda vamos em Novembro, a um mês de Dezembro, é certo, mas em Novembro. Tanta luz a piscar, tantas árvores já montadas que parece que o Natal é já amanhã! Porque é que este marketing consumista leva-nos tão cedo a pensar na quadra natalícia onde há sim muita paz e amor, mas também muito materialismo e desperdício?

Há quem defenda que Natal sem presentes, não é Natal. Outros pelo contrário dizem que passar o Natal em família basta para fazer deste dia um dia feliz. Mas, quem estamos a enganar? Por mais “paz de espírito” que tenhamos, há sempre uma alegria especial em receber um presente. E há sempre um desejo enorme em dar também. Presentes para todos: pais, namorado/a, avôs, primos, tios, sem contar com os amigos e colegas de trabalho. E a expectativa de os receber? Principalmente as crianças, que não têm noção do quanto custa o tão desejado brinquedo que vê na televisão todos os dias.

E o Pai Natal? Esta personagem que devia propagar a mensagem tradicional de amor, alegria e paz, mudou de doutrina e desde meados de 1930 com os comerciais da Coca-Cola, que a mensagem mudou e o consumismo é o princípio defendido por ele, mas de forma muito, muito discreta.
Já para não falar da pessoa que supostamente dá a cara a este dia, pois sem o seu nascimento, este feriado, tão querido por muitos, não existiria.

“Promoção”, “saldos”, “peças únicas”, “quase esgotado”, são palavras que mais se ouvem nestes últimos meses do ano. E assim começa, a luta pelo presente perfeito, a necessidade de tornar algo substituível e não eterno, por algo insubstituível e único. É com isto que as ruas enchem-se, as lojas entopem-se.

Mas, pode ser este ano seja diferente (ou parecido com os anteriores e melhor que os seguintes) e o português não se deixe levar pela pechincha tão rapidamente como antes. Tendo em conta a conjuntura actual, os cortes de subsídios para fazer frente à tão famosa crise, entre muitas outras medidas e subidas de preços. Há que pensar numa forma menos dispendiosa de passar por este mês que se aproxima e que se encontra tão junto de outra data celebrativa que também nos leva a alguns gastos desnecessários com repercussões nesta nossa economia viciada e na natureza limitada.

Por isso, se vai oferecer algo, procure dar coisas úteis e não algo que desaparece passado pouco tempo. Há que procurar por algo ecológico também, pois o consumo de forma inconsciente ditou a nossa vida desde há muitas décadas e só agora, há meros anos para cá, vimos a repercussão dos nossos actos na natureza. Dê também preferência nos produtos made in Portugal. Pois se a economia está mal e se querem, mesmo assim, gastar tanto nesta fase do ano, então optem por produtos nacionais e não os que utilizam mão de obra barata, e muitas vezes infantil que se escondem por detrás do preço super barato. E pós o natal, recicle os papéis de presente, as caixas de brinquedos, os plásticos, tudo!

Este texto não foi para culpar a religião. Nem o Pai Natal que, caso não saibam, surgiu de uma figura bastante caridosa do século III pela mão do Santo Nicolau de Mira.
Não quero culpar ninguém a não ser eu própria. Tu também e todos os outros. Nós que fazemos desta época tudo, menos o que realmente deveria significar. E o consumismo surge disto e aproveita-se disso e faz com que cada montra, cada item de decoração, não seja colocado ao acaso. Tudo para nos chamar a atenção e fazermos entrar nestes paraísos do consumo sem razão.
Mas tu és livre, opta pelo correcto, gasta apenas o necessário, ou mesmo nada, mas sê racional e não te deixes levar pelo marketing que na maioria das vezes só engana e nos leva a este stress em encontrar o presente perfeito.

Vanessa Sofia. R2



(Video promocional da autoria da empresa Tekoha. Prova de que o marketing por vezes passa a mensagem correcta)



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