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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

As Latas voltam a sair à rua


Cortejo da Latada 2011

Bem-vindo caloiro! Celebra-se o início do ano lectivo, e como habitual, na cidade dos estudantes, a Latada surge. Exuberante aos olhos daqueles que a sentem pela primeira vez, não desaponta. Fortalece os laços  já criados com os “Doutores”. Consagrada como uma das maiores festas académicas, a nível nacional, teve a sua origem, por volta, do século XIX.

Também conhecida como a Imposição das Insígnias, a emblemática cidade de Coimbra, reúne nesta altura, características específicas que lhe conferem um valor simbólico marcando muitas vivências. A festa alegórica adquire um conjunto de experiências inacreditáveis. A tradição cumpre-se, mais uma vez. A serenata fez despertar emoções, sentimentos profundos. Para uns é o princípio de uma nova época, que lhes trará certamente muita felicidade. Para outros é o despedir com saudade daquilo que passou, mas que para sempre ficará na memória. Não será com certeza fácil esquecer as amizades feitas, os jantares de curso, as saídas há noite ( terminando muitas delas em momentos inéditos), a convivência afectiva com a cidade. Alguns pedirão para voltar no tempo, como por magia. Outros seguirão o seu percurso, sem olhar para trás. Contudo, Coimbra voltará a encher-se de estudantes, oriundos de todo o país, ano após ano.

Quinta-Feira trouxe o Sarau Académico e, consequentemente as noites no parque da canção. A sua duração ronda,aproximadamente uma semana, e é a loucura total. Vários são os concertos ali realizados, que levam milhares de jovens ao rubro. Entre bebedeiras, gritos de euforia, gestos poucos ortodoxos, a comunidade estudantil vibra ao som do espectáculo. Foi assim, no passado sábado com a actuação do grupo Scissor Sisters. A banda satisfez com alegria o público já entretido de copo na mão. Muitos são os estudantes que não regressam a casa nesse extraordinário fim de semana. Seja pela opção de ir a todos os espectáculos ou por viver com intensidade toda esta festança, a verdade é que a cidade parece outra!

Contudo, o culminar de todo este “arraial” ainda não chegou. Terça-feira realizar-se-á  o cortejo.
Coimbra dos doutores, Coimbra dos amores, vestir-se-á com determinadas indumentárias. A população residente, bem como os familiares dos caloiros, verão o trabalho realizado pelos padrinhos/madrinhas. Com saída nos arcos,  o desfile é uma sátira da realidade em que se encontra o país. Não deixando escapatória ao ridículo, o caloiro leva consigo uma chupeta, um penico, associado as cores da sua faculdade/instituto. Está  a chegar a hora do Baptismo. Porém, antes de o grande momento ocorrer, a “ Besta” é obrigada a comer o nabo.

O Baptismo cria definitivamente uma relação entre o caloiro e o doutor acolhidos pela cidade. As águas gélidas do Mondego “abençoam” o estudante. Instante místico, envolto em palavras que soam como poesia. Recebem de Coimbra o melhor, e é a melhor lembrança que levarão para a vida!

Como estudante de Coimbra, reconheço a importância que cada ocasião tem. Cada momento transmite algo de especial. Um toque peculiar. Parece que foi ontem, era então caloira. O cortejo era algo totalmente novo e inesperado. Foi algo espantoso! Terça- Feira serei eu, a “ doutora” que baptizará a afilhada nas águas do Mondego!

por: Márcia Alves

O artigo não está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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