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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

“Acredito no ativismo social, acredito que qualquer cidadão pode ajudar na resolução dos problemas da sociedade.”

No passado dia 23 de Outubro, realizou-se no Centro Cultural da Penha em Coimbra, a apresentação de um projeto de voluntariado, “Dá Tempo”.
No final da palestra estivemos à conversa com uma das coordenadoras do voluntariado, Rosário de Almeida e Sousa.
Licenciada em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, é hoje presidente de uma ONGD (Organização Não Governamental para o Desenvolvimento), “Atlas People Like Us”.
Posts de Pescada: Em que consiste e qual o objetivo do projeto “Dá Tempo”?
Rosário Almeida e Sousa: “Dá Tempo” é um projeto de voluntariado, com jovens universitários que prestam apoio a idosos. Estes sofrem muitas vezes de problemas de solidão ou constrangimentos em relação à família. Tentamos dar uma nova perspectiva em relação ao mundo destes idosos.
Muitos deles necessitam apenas de alguém que lhes vá comprar os medicamentos, ou de recordar outros tempos, ou então de alguma ajuda na limpeza da sua casa. Não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar pequenas coisas na vida destas pessoas. É uma atuação pública, claramente um ativismo social em prole de ajudar a resolver um problema  grave da nossa sociedade.
 

Rosério Almeida e Sousa a dirigir uma palestra sobre o voluntariado
PP: Há quanto tempo existe?
RAS: O projeto com este formato e estas regras iniciou-se apenas este ano, mas em anos anteriores já houve algumas experiências. Essas não tinham o mesmo rigor e tinham uma dimensão menor.
Agora com alguns dos acordos com outras instituições, em principal com a ONG “Atlas”, que o projeto angariou, ganhou mais regras e um carácter mais rigoroso e profissional.
PP: Como funciona o projeto apresentado?
RAS: Neste voluntariado são organizados dois tipos de visitas, as de apoio domiciliário e as visitas a lares. Sendo que o apoio domiciliário é o ponto mais forte do projeto. Organizam-se os voluntários em grupos de dois elementos, que se comprometem a pelo menos uma visita por mês ao idoso.
As visitas são previamente agendadas com os jovens de acordo com a sua disponibilidade, assim esta não é condicionada. O próprio estabelece o melhor horário para as visitas. Estas medidas são já tomadas de modo a acrescer uma maior responsabilidade ao voluntário, visto que este se compromete a realizar a visita a uma determinada hora e dia escolhida por si.
Quanto às visitas a lares são executadas de uma outra maneira. No momento em que nós (coordenação) conseguimos algum acordo com um lar, junta-se um grupo de 4 a 5 elementos de voluntários e, juntamente com uma das coordenadoras, tentam proporcionar uma tarde diferente  aos idosos destes lares.
Posts de Pescada: Porque surgiu a ideia de concretizar esta palestra?
RAS: A ação de voluntariado “Dá Tempo” pertence a um centro universitário, que tem como principal função/intuito tornar os universitários que o frequentam cidadãos de corpo inteiro. Já houve vários outros voluntariados em anos anteriores, por exemplo em Cabo Verde ou na Croácia e existe sempre previamente uma formação. O grande objetivo é que os voluntários conheçam melhor o projeto em que vão trabalhar e percebam que o projeto melhora a eles próprios ,enquanto outras pessoas melhorarem.
Logo fazia total sentido que para este projeto existisse igualmente uma sessão de esclarecimentos e uma formação inicial. Não queremos que o voluntariado seja algo superficial , que se começa e rapidamente se desiste, porque passou o entusiasmo. Portanto é de extrema importância a passagem da ideia da diferença que esta visita mensal ao idoso pode vir a ter no futuro.
Posts de Pescada: Para quem se dirigia e com que intuito?
RAS: A palestra foi fundamentalmente direcionada para os estudantes universitários, mas estiveram também presentes pessoas interessadas no projeto sem qualquer ligação ao mundo académico. Acredito que qualquer cidadão pode ajudar na resolução dos problemas da sociedade.
Posts de Pescada: Quais foram as estratégias utilizadas para chamar mais gente ao projeto?
RAS: Nesta “campanha” não usamos todas as técnicas que estão ao nosso dispor. Uma jovem universitária de design, que frequenta o centro, elaborou o cartaz. Este foi exposto pelas várias faculdades da Universidade de Coimbra e escolas do Instituto Politécnico de Coimbra, nos locais de maior afluência por parte dos alunos das instituições.
Também se promoveu o evento através da rede social facebook, no grupo do Centro Cultural da Penha.
Cartaz de apresentação da palestra
 
Posts de Pescada: Quais foram as reações sentidas por parte do público?
RAS: Penso que a receção por parte do público foi muito favorável, conseguimos ter uma sessão muito dinâmica. Foram várias as atividades propostas, desde um “brainstorming” sobre o que é o voluntariado, passando por um jogo em que cada elemento presente na sessão representava uma personagem diferente da sua na sociedade e o que faria na pele dessa pessoa, até à demonstração de casos práticos de situações que possam ocorrer durante as visitas ao domicílio.
Em tudo o público foi muito recetivo. Mas considero que se tivéssemos um maior número de afluência teria sido ainda mais fácil a interação entre a audiência.
Posts de Pescada: Qual o balanço final por parte da coordenação no final da palestra?
RAS: Concluímos que o horário não foi o melhor, soubemos de várias pessoas interessadas que não conseguiram comparecer, por isso será possível que exista uma repetição da palestra ou esses elementos serão informados individualmente do que se trata o projeto “Dá Tempo”.
À parte deste problema, a sessão propriamente dita e as duas formadoras tornaram a palestra numa conversa bastante agradável, o que fez com que as pessoas tivessem um bom momento de reflexão. Pareceu-nos uma reunião bastante frutuosa, mas só no futuro, vendo as pessoas no terreno, a trabalharem nas suas visitas mensais, poderemos tirar conclusões. Dentro de seis meses será realizada certamente uma reunião entre as coordenadoras e nessa altura sim teremos acesso a resultados mais concretos.

                                                                                                                                             por: Joana Correia

*Artigo escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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