Estudante
na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), Rui Machado, aluno do
curso de Educação Física e Desporto Escolar, decidiu concluir o seu segundo ano
de licenciatura no estrangeiro. Realizou os programas Mobilidade Sócrates
rumando ao Brasil (Universidade Federal da Paraíba) no primeiro semestre, e
Erasmus na Roménia (Universitatea Babes Bolyai) no segundo semestre.
Cluj-Roménia |
Posts de Pescada: Porque optou por fazer o segundo ano
de licenciatura através destes programas?
Rui Machado: Optei por esta via, porque em
conversa com outras pessoas que já realizaram um destes programas foi uma opção
aconselhada. Esta experiência iria enriquecer-me a nível cultural, escolar e pessoal.
Tinha como objetivo conseguir fazer algumas cadeiras que em Portugal se
tornariam mais difíceis de fazer, e com estes programas iria mais facilidades e
assim obter sucesso.
PP: Porque escolheu o Brasil e a Roménia?
RM: Escolhi o Brasil por causa do clima, da
facilidade em termos da língua, das praias maravilhosas e paisagens. Pois nem
tudo pode ser estudo, não descurando o estudo é importante conhecer outras
culturas e divertirmo-nos. Em relação á Roménia foi porque, na minha opinião, fazer
Erasmus na europa central não é tão proveitoso como na europa do leste, pois a
cultura dos países da Europa central assemelha-se muito á de Portugal, enquanto
na Europa do leste têm uma forma de estar/pensar um pouco diferente. E como
decidi fazer Erasmus para interagir com novas culturas quanto mais diferente
for melhor.
PP: Quais as dificuldades mais sentidas?
RM: São sentidas mais a nível da língua, comida, e a
medida que o tempo passa começamos a sentir saudades do nosso país e dos
nossos.
PP: Quais as vantagens destes programas?
RM: As vantagens são várias, como já referi, dão-nos a
possibilidade de conhecer uma nova cultura, um novo país. Uma das vantagens
mais relevantes prende-se não com a faculdade, mas com o nosso crescimento
pessoal, a nossa maturação, obriga-nos a crescer, a ter mais responsabilidade,
pois estamos a milhares de quilómetros das pessoas que nos resolviam todos os
problemas. Em relação à faculdade ajuda pois aprendo novos métodos de ensino,
aprendo diferentes unidades curriculares que em Portugal não iria aprender.
PP: Quais as principais diferenças que aponta no sistema
escolar entre os dois países? Foi mais difícil estudar no Brasil ou na Roménia?
RM: No Brasil o nível de ensino não é tao elevado como na
Roménia, não estando eu a querer dizer que no Brasil não haja qualidade de
ensino, apenas há mais facilidade na minha opinião. Relativamente à avaliação
em si, tive mais dificuldades na Roménia por causa da língua, na Roménia fui
avaliado em inglês e no Brasil em português. Uma das maiores diferenças que eu
notei foi que os professores na Roménia tem um estilo mais “militar” e rígido de
interagir com os alunos enquanto os professores brasileiros são mais abertos à
interacção com os alunos.
PP: E em comparação com Portugal? As tuas
expectativas em realizar as cadeiras cumpriram-se?
RM: Em termos de abertura dos professores
o Brasil é mais parecido com Portugal, em termos de avaliação a Roménia tem
mais a ver com o nosso país. Quanto às cadeiras consegui fazer todas.
PP: Como são recebidos e vistos os alunos destes
programas pela comunidade que os acolhe?
RM: Somos vistos como pessoas que vem de férias, que vêm
com dinheiro para gastar, e que não vamos frequentar as aulas.
Rio de Janeiro - Brasil |
PP: Como são recebidos pela instituição escolar?
RM: Este é um ponto que não é muito favorável. Pois há
deficiências nesse aspecto, pelo menos nas faculdades por onde passei. Somos
tratados como alunos que já conhecem a faculdade e a cidade. Não houve ninguém
que nos levasse a conhecer a faculdade, para sabermos onde eram as diferentes
salas de aula, etc.
PP: Contextualizando para a situação económica actual, achas
que e difícil fazer este tipo de programas?
RM: Sim, infelizmente penso que sim. No caso do Brasil
não tive bolsa nem apoios nenhuns, na Roménia recebi uma pequena bolsa, ajuda
mas não chega a quase nada.
PP: Estás arrependido de ter optado por estes programas?
RM: Não. Conhecer e descobrir nunca fez mal a ninguém.
Além disso fazer estes programas fez-me crescer. Foi uma experiência para vida
e aconselho a toda a gente.
PP: Pensas repetir a experiência?
RM: De momento não, mas não sei o que o futuro me trará.
por: Maria Inês Machado
*Artigo não está escrito ao
abrigo do novo acordo ortográfico.
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