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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Estudar do lado de lá



Estudante na UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), Rui Machado, aluno do curso de Educação Física e Desporto Escolar, decidiu concluir o seu segundo ano de licenciatura no estrangeiro. Realizou os programas Mobilidade Sócrates rumando ao Brasil (Universidade Federal da Paraíba) no primeiro semestre, e Erasmus na Roménia (Universitatea Babes Bolyai) no segundo semestre.


Cluj-Roménia
Posts de Pescada: Porque optou por fazer o segundo ano de licenciatura através destes programas?
Rui Machado: Optei por esta via, porque em conversa com outras pessoas que já realizaram um destes programas foi uma opção aconselhada. Esta experiência iria enriquecer-me a nível cultural, escolar e pessoal. Tinha como objetivo conseguir fazer algumas cadeiras que em Portugal se tornariam mais difíceis de fazer, e com estes programas iria mais facilidades e assim obter sucesso.

PP: Porque escolheu o Brasil e a Roménia?
RM: Escolhi o Brasil por causa do clima, da facilidade em termos da língua, das praias maravilhosas e paisagens. Pois nem tudo pode ser estudo, não descurando o estudo é importante conhecer outras culturas e divertirmo-nos. Em relação á Roménia foi porque, na minha opinião, fazer Erasmus na europa central não é tão proveitoso como na europa do leste, pois a cultura dos países da Europa central assemelha-se muito á de Portugal, enquanto na Europa do leste têm uma forma de estar/pensar um pouco diferente. E como decidi fazer Erasmus para interagir com novas culturas quanto mais diferente for melhor.

PP: Quais as dificuldades mais sentidas?
RM: São sentidas mais a nível da língua, comida, e a medida que o tempo passa começamos a sentir saudades do nosso país e dos nossos.

PP: Quais as vantagens destes programas?
RM: As vantagens são várias, como já referi, dão-nos a possibilidade de conhecer uma nova cultura, um novo país. Uma das vantagens mais relevantes prende-se não com a faculdade, mas com o nosso crescimento pessoal, a nossa maturação, obriga-nos a crescer, a ter mais responsabilidade, pois estamos a milhares de quilómetros das pessoas que nos resolviam todos os problemas. Em relação à faculdade ajuda pois aprendo novos métodos de ensino, aprendo diferentes unidades curriculares que em Portugal não iria aprender.

PP: Quais as principais diferenças que aponta no sistema escolar entre os dois países? Foi mais difícil estudar no Brasil ou na Roménia?
RM: No Brasil o nível de ensino não é tao elevado como na Roménia, não estando eu a querer dizer que no Brasil não haja qualidade de ensino, apenas há mais facilidade na minha opinião. Relativamente à avaliação em si, tive mais dificuldades na Roménia por causa da língua, na Roménia fui avaliado em inglês e no Brasil em português. Uma das maiores diferenças que eu notei foi que os professores na Roménia tem um estilo mais “militar” e rígido de interagir com os alunos enquanto os professores brasileiros são mais abertos à interacção com os alunos.

PP: E em comparação com Portugal? As tuas expectativas em realizar as cadeiras cumpriram-se?
RM: Em termos de abertura dos professores o Brasil é mais parecido com Portugal, em termos de avaliação a Roménia tem mais a ver com o nosso país. Quanto às cadeiras consegui fazer todas.

PP: Como são recebidos e vistos os alunos destes programas pela comunidade que os acolhe?
RM: Somos vistos como pessoas que vem de férias, que vêm com dinheiro para gastar, e que não vamos frequentar as aulas.
Rio de Janeiro - Brasil

PP: Como são recebidos pela instituição escolar?
RM: Este é um ponto que não é muito favorável. Pois há deficiências nesse aspecto, pelo menos nas faculdades por onde passei. Somos tratados como alunos que já conhecem a faculdade e a cidade. Não houve ninguém que nos levasse a conhecer a faculdade, para sabermos onde eram as diferentes salas de aula, etc.

PP: Contextualizando para a situação económica actual, achas que e difícil fazer este tipo de programas?
RM: Sim, infelizmente penso que sim. No caso do Brasil não tive bolsa nem apoios nenhuns, na Roménia recebi uma pequena bolsa, ajuda mas não chega a quase nada.

PP: Estás arrependido de ter optado por estes programas?
RM: Não. Conhecer e descobrir nunca fez mal a ninguém. Além disso fazer estes programas fez-me crescer. Foi uma experiência para vida e aconselho a toda a gente.

PP: Pensas repetir a experiência?
RM: De momento não, mas não sei o que o futuro me trará.

por: Maria Inês Machado

 *Artigo não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.
 


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