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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Desde a 1ª Latada para a última Festa das Latas

Com a chegada do Outono e dos novos caloiros, chega a Coimbra uma das mais emblemáticas e características festas académicas desta cidade, a Festa das Latas, tendo como objetivo integrar os estudantes que iniciam um novo capítulo na sua vida e dar a conhecer um pouco da tradição praxista e académica.

Um caloiro envergando um cartaz com carater satírico.
As origens da Latada remontam ao século XIX, sendo que inicialmente era realizada em Maio, quando os estudantes comemoravam euforicamente o término das aulas, utilizando latas e demais objetos ruidosos. As Latadas do Séc. XIX estavam ligadas também ao facto de nem todas as Faculdades terem o mesmo dia de ponto, o que levava os alunos já livres das atividades escolares pavonearem-se aos restantes, através de desfiles barulhentos que os não deixassem estudar ou dormir. As latas presas ao corpo servia-lhes como escudo pois enquanto tivessem em contato com algo metálico, estavam protegidos das praxes dos doutores.

É com as décadas de 50 e 60 que a agora então Festa das Latas ganha o formato que hoje é tão bem conhecido. 

Mas então, o que mudou?
- Em primeira instância, uma das mudanças mais significativas para quem vivenciou esta tradição há muitos anos atrás, está no nome. A Latada deixou de ser Latada e passou a ser conhecida como Festa das Latas.

Eram muitos os que aproveitavam o cortejo paramostrar o seu desagrado perante a conjuntura da época.   


- Atualmente existe um cortejo único gigantesco, algo que não sucedia no início desta tradição pois era um cortejo por dia para cada Faculdade. Se assim continuasse, dada a quantidade de Faculdades, Politécnicos e faculdades privadas que existem, teríamos Latadas até ao final do 1º semestre. 

- Com o magnetismo que a Latada ganhou ao longo dos anos, tornou-se mais parecida com uma festa comercial uma vez que conta com uma data de concertos, onde os estudantes bebem mais cerveja que água e onde o INEM, numa semana, tem mais trabalho que num mês inteiro.

- O dia do cortejo é agora também sinónimo de batismo. Chegados à margem do Mondego, os padrinhos usam os penicos transportados pelos caloiros durante o cortejo para os batizarem com a água do emblemático rio. Este é também um momento de profunda emoção onde se fazem desejos de prosperidade para o futuro.

Cortejo
- O nabo é também hoje um símbolo para afilhados e padrinhos. Ao contrário do que acontecia antigamente, são os caloiros que roubam o nabo nos mercados para oferecerem aos seus padrinhos desejando-lhes boa sorte. Posteriormente, estes colocam o nabo na pasta e são os caloiros que, durante o cortejo, o vão mordendo até que reste apenas o grelo para ser atirado ao Mondego. 

Eu sou da opinião que é esta adaptação às novas realidades que tem mantido a praxe viva já que é uma 
forma da tradição ser vivenciada pelos novos estudantes. Nada se mantém inalterado e isso passa também pela praxe coimbrã pois com o passar do tempo novos costumes se irão criar, nunca desrespeitando os valores há muito criados porque é graças a eles que hoje temos tradição para honrar.


por: Patrícia Gouveia

O artigo está escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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